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A busca por uma maior rentabilidade tem sido o foco do Magazine Luiza (MGLU3) nos últimos trimestres, com a varejista dando mais um passo rumo a melhores margens no resultado do quarto trimestre de 2023 (4T23), divulgados na noite de segunda-feira (18). As ações reagiram bem aos números na abertura da sessão desta terça-feira (19), chegando a subir mais de 4%; contudo, logo viraram para queda, fechando em baixa de 6,19%, a R$ 1,97, em meio à manutenção da cautela do mercado com o case. Nem mesmo a fala do CEO de que o Magazine Luiza elevou vendas em dois dígitos no 1º bimestre foi capaz de levar a uma alta dos ativos na sessão.
A companhia divulgou seus números do período que foram considerados “sólidos” por analistas de mercado, mostrando uma receita ainda pressionada, mas melhorando a rentabilidade devido à maior penetração de serviços e à forte geração de caixa, destaca a equipe de análise da XP, formada por Danniela Eiger, Gustavo Senday e Larissa Sumer.
Os analistas destacam que o volume de vendas de mercadorias brutas (GMV) total ficou praticamente estável ano contra ano, uma vez que o desempenho do marketplace, ou 3P, (+9%) foi mais do que compensado pela fraqueza do 1P (estoque próprio) e do varejo físico (-8% e +3,5%, respectivamente), afetados pela difícil base de comparação com a Copa do Mundo. Consequentemente, as vendas líquidas consolidadas tiveram um decréscimo anual de 6%, devido às vendas de mercadorias (-8%), enquanto as receitas de serviços se mantiveram fortes (+17%).
A rentabilidade foi o principal destaque uma vez que a margem bruta subiu 2,50 pontos percentuais (p.p.) frente o 4T22, para 30,3%. Segundo a empresa, isso se deve à conclusão de repasse do difal, além de campanhas comerciais incluindo a da Black Friday. A data, no ano passado, foi a mais rentável da história da Magalu. A margem de produtos aumentou 1,1 p.p. no período, enquanto a receita de serviços contribuiu com 1,4 p.p. para a margem bruta total. A margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) ajustada aumentou 1,15 p.p, refletindo o aumento das despesas de vendas e a maior penetração de 3P, indo em termos ajustados para 7,2%, o maior resultado para o indicador em quatro anos.
O Goldman Sachs também ressalta que o Magalu reportou resultados do 4T23 que ficaram aquém no quesito vendas, mas que superaram as projeções em relação às margens. A receita líquida teve queda anual de 5,5% e fechou em R$ 10,549 bilhões, ficando 5% abaixo da projeção do Goldman e 3% abaixo do consenso Bloomberg, impactada negativamente pelo GMV online mais fraco. No entanto, à medida que a empresa continuou a concentrar-se na melhoria da rentabilidade, a margem Ebitda recorrente teve aumento, fazendo com que o Ebitda absoluto superasse as expectativas em 4%. “Isso foi impulsionado basicamente pela melhor margem bruta, ajudada pelo mix, mas também pelas melhores margens dos produtos”, apontam os analistas do banco.
No geral, os analistas do Goldman avaliaram, em relatório antes da abertura do mercado, esperar que os investidores reagissem positivamente aos resultados, concentrando-se nas melhores margens e na geração de caixa, bem como em qualquer potencial feedback positivo sobre as tendências de vendas acumuladas neste início de ano, uma vez que os consumidores ainda estão começando a se beneficiar de alavancagem menor e de taxas de juros mais baixas.
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Em teleconferência com o mercado na manhã desta terça-feira (19), neste sentido, o presidente-executivo, Frederico Trajano, afirmou que a rede de varejo registrou em janeiro e fevereiro crescimentos de vendas de dois dígitos sobre o mesmo período do ano passado. “Janeiro e fevereiro apresentaram crescimentos na linha de duplo dígito com grande potencial de melhoria para frente”, destacou Trajano.
O lucro líquido ajustado de R$ 102 milhões ficou acima da projeção da XP de R$ 23 milhões, por conta de melhores resultados operacionais e imposto menor, enquanto a companhia gerou R$ 751 milhões de caixa, principalmente em estoques.
O número também ficou acima da projeção da Genial Investimentos, que esperava um número positivo de R$ 13 milhões. “Claramente enxergamos uma evolução positiva da companhia ao longo dos últimos trimestres, mesmo diante de ventos contrários ao setor, que ainda passa por um cenário de alta competição, com Mercado Livre, Amazon e cross-borders ganhando espaço em volume de vendas, e o cenário para 1P continuamente desafiador – dado o endividamento da família elevado e menor apetite de concessão de crédito pelas financeiras”, avalia a casa.
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Os analistas da Genial ajustaram suas estimativas para Magalu para os próximos anos e, apesar de estarem mais pessimistas quanto ao crescimento de vendas 1P nos próximos dois anos – o qual deve acontecer de forma mais lenta do que esperava anteriormente –, entendem que a companhia tem mostrado um ótimo trabalho em relação à rentabilidade, trimestre após trimestre.
“Surfando junto ao crescimento de seu marketplace, a margem bruta deve dar o impulso necessário para que o lucro operacional ultrapasse os 7,0% em 2024 – algo que já se tornou rentabilidade no próprio 4T23. Junto ao arrefecimento de despesas financeiras, esse aumento deve ser suficiente para que Magalu volte a dar lucro na visão anual”, avalia a equipe, mantendo recomendação neutra para a ação, mas elevando o preço-alvo em doze meses de R$ 2,10 para R$ 2,60 para MGLU3, ou um potencial de alta (upside) de 24% frente o fechamento da véspera.
Apesar de entender que o Magalu é uma empresa de crescimento e que, por isso, ela pode negociar a múltiplos mais elevados, a Genial aponta não se sentir confortável em elevar a recomendação das ações para compra, levando em conta os múltiplos estimados de 67 vezes o preço sobre o lucro (P/L) esperado para 2024 e de 25 vezes o preço sobre lucro esperado para 2025. O Goldman e a XP também têm visão neutra para as ações, com preços-alvo respectivos de R$ 2,10 (upside de 14%) e de R$ 2,50 (upside de 19%) para os ativos.
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O Bradesco BBI também tem recomendação equivalente à neutra para os ativos, com preço-alvo maior, de R$ 3 (upside de 43%), ainda vendo um ambiente desafiador, mas projetando uma reação pós-balanço que seria “entre neutra e ligeiramente positiva” com a melhoria da lucratividade – este foi o primeiro trimestre com EBT (lucro antes de impostos) positivo após nove trimestres consecutivos no lado negativo. “A melhoria gradual do Ebitda combinada com uma taxa de juro em declínio deverá descomprimir gradualmente o EBT. Além disso, a Luizacred também voltou a ter resultados positivos, o que pode apoiar o crescimento das originações, apoiando também as vendas no varejo”, avaliou o banco.
Para o BBI, no futuro, os principais pontos a serem monitorados para o Magalu são (i) a geração de caixa sazonalmente mais fraca no 1T24 (o fato de não ter havido aumento nas contas de fornecedores no trimestre pode aliviar essa preocupação), (ii) como o impacto de um ciclo de crédito melhorado se traduzirá em vendas crescimento do Magalu e (iii) quando o crescimento das vendas no marketplace se traduzirá em uma expansão mais pronunciada da margem Ebitda.