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Em teleconferência de resultados nesta terça-feira (14), a diretoria do Magazine Luiza (MGLU3) destacou a implementação de ações para reduzir riscos de falhas nos balanços, após uma auditoria apontar erros contábeis que impactaram na redução de R$ 830 milhões no patrimônio líquido da empresa. Apesar da alta de 1,64% do Ibovespa, as ações do Magazine Luiza são uma das únicas quedas hoje, com -7,51%, a R$ 1,60, às 11h30 (horário de Brasília).
O CEO Frederico Trajano apontou que a apuração da denúncia anônima sobre problemas nos balanços foi realizada de forma “transparente, rigorosa e independente”. E, de acordo com o CFO Roberto Bellissimo, estão sendo tomadas medidas de governança e em sistemas para evitar que novos problemas como este encontrado nas bonificações voltem a ocorrer.
Entre as medidas citadas está o aprimoramento do sistema automatizado de gestão de verbas de fornecedores e mecanismos que permitam acompanhar o cumprimento das obrigações de desempenho de cada negociação. Outra medida é a melhoria dos mecanismos de governança que garantam a segregação das funções relacionadas à execução das etapas do processo de negociação e apropriação de bonificações.
Bellissimo destacou que não houve alteração no fluxo de caixa operacional da empresa, bem como nas posições de caixa e dívida. Segundo ele, os problemas encontrados afetaram somente as contas de bonificações do Magalu. Ele pontuou ainda que os “números foram exaustivamente revisados de 2022 a setembro de 2023” e que a empresa está “convicta de que os números reportados no 3T23 são “os números finais” e eles não serão alterados. “Os processos de auditoria do 3T23 foram bem revisados”, afirmou.
Aumento de capital descartado
Segundo fontes citadas pelo Valor Econômico, a companhia avaliaria chamar um aumento de capital privado de R$ 2 bilhões. Questionado sobre esta possibilidade, Roberto Bellissimo ressaltou que não comenta rumores e que eles “não têm relação com a companhia”. Segundo ele, não há necessidade ou discussão sobre aumento de capital agora.
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O CFO destacou que, do ponto de vista de liquidez, a empresa tem R$ 8 bilhões, o que garante solidez necessária para o momento. “Entramos em período de fluxo de caixa crescente e temos oportunidade de melhorar os giros dos estoques”, pontuou.
Margens e rentabilidade melhores
Ao comentar os números do balanço do 3T23, a diretoria celebrou os aumentos de margens, que refletem o direcionamento passado para as equipes desde o início do ano. Frederico Trajano destacou o foco em crescimento do marketplace, com aumento de rentabilidade, loja e online com foco em margem bruta para compensar os aumentos do Difal (diferença de alíquota de ICMS nas vendas interestaduais).
Uma das principais prioridades do Magalu é focar cada vez mais na diversificação do segmento 3P. “Quanto mais o 3P cresce, maior é a nossa rentabilidade e margem operacional”, destacou o CEO. “Além da evolução nas vendas e clientes, continuamos ampliando de forma significativa a rentabilidade do marketplace”, afirmou. As novas categorias já representam 86% dos itens vendidos do 3P, consequência da construção da base diversificada de sellers e de ofertas.
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Trajano ressaltou ainda que as lojas físicas exercem papel fundamental na operação multicanal do marketplace, sendo este um diferencial competitivo. “A loja é um ponto de apoio local para o nosso ecossistema. Faz parte de um posicionamento maior do nosso negócio”.
Perspectivas positivas
Ao fim do 3T23, a margem Ebitda ajustada de Magazine Luiza ficou em 5,7%, sendo a maior margem bruta dos últimos 6 anos. Em outubro de 2023, a companhia adiantou que a margem Ebitda subiu novamente para um patamar entre 6% e 7%, impulsionada pelo marketplace, que eleva o patamar de margem bruta, já que é o canal que mais cresce na companhia. “Acreditamos que vamos continuar observando essa melhora daqui pra frente”, afirmou Trajano.
Ele destacou que a decisão da empresa foi de, primeiramente, fazer repasses de preços e, depois, voltar a crescer. “Vamos começar a olhar isso daqui pra frente. Temos espaço de ganho de market share, mas sempre preservando esse patamar de margem bruta que conquistamos nesse trimestre”, disse. “Vamos mostrar alavancagem operacional nos próximos trimestres, é um foco muito grande da equipe”, afirmou o CEO.
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Trajano destacou ainda que está “muito animado” com o desempenho de vendas de lojas físicas da companhia em outubro e com os primeiros dias de novembro. “Estamos vendo um reaquecimento em lojas físicas”, disse. O foco da empresa é rentabilizar lojas físicas atuais e não tem plano de expansão de pontos no médio prazo.
Magazine Luiza tem estoques preparados para o 4T23
Questionado sobre os estoques da empresa diante da seca no Rio Amazonas, o CEO Frederico Trajano destacou que a empresa se preparou para este momento e há uma normalização de estoques. “Estamos confiantes para o 4T23” com eventos como Black Friday e Natal como os principais gatilhos para as vendas, afirmou.
Segundo ele, o Magalu termina o ano com estoques positivos “já antecipando problemas que sabíamos que iria acontecer por conta da seca no Rio Amazonas, que tem dificultado a logística dos fornecedores”. “Começamos outubro e novembro muito bem. Estamos animados, positivos, preciso lembrar que continuamos focados em trabalhar com margens brutas altas”, ressaltou.
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Sobre a adesão ao programa Remessa Conforme, o CEO destacou que é uma oportunidade de complementar o sortimento de Magazine Luiza. A empresa fez adesão ao programa por ter um arcabouço legal que dá confiança ao negócio. “É uma oportunidade que trazemos pra complementar nosso sortimento, trazer novos produtos. Atualmente nosso portfólio não é muito exposto a produtos de fora, o que faz disso uma oportunidade”, pontuou.