M.Dias Branco (MDIAS3) lidera quedas da bolsa após balanço sob pressão de inflação e fracos volumes

Surpresa negativa no balanço foi o mês de janeiro mais difícil do que o esperado, mas analistas projetam melhora nos próximos trimestres

André Cabette Fábio

M Dias Divulgação-min
M Dias Divulgação-min

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As ações da M.Dias Branco (MDIA3) lideram as quedas da bolsa nesta segunda-feira (16) após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, com queda, por volta das 14h51, de 7,97%, com os papéis cotados a R$ 22,53.

No primeiro trimestre, a M.Dias registrou lucro líquido de R$ 37,8 milhões, alta de 152% na comparação com o mesmo período de 2021.

Para o Itaú BBA, a M.Dias registrou um trimestre fraco, pressionado pela alta da inflação e pelos fracos volumes. Em relação ao Ebitda ajustado, este ficou 30% abaixo da projeção do BBA e 34% abaixo da previsão de consenso de mercado.

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Segundo o BBA, a surpresa negativa resultou principalmente de um janeiro mais difícil do que o esperado, que reduziu os volumes em 15% sequencialmente no 1T22.

Por outro lado, a M.Dias divulgou que os resultados foram muito melhores no final do trimestre (em relação a janeiro), aumentando o otimismo em relação aos próximos trimestres.

O BBA mantém classificação market perform para o papel, e preço-alvo de R$ 27.

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Em linha semelhante, o Bradesco BBI também avaliou que os resultados foram mais fracos do que o esperado, com os analistas esperando uma reação negativa das ações nos próximos dias, por conta do Ebitda 34% mais fraco que o consenso. Além disso, ressaltou o BBI, a ação teve um desempenho forte na última semana.

De toda forma, o BBI mantém classificação outperform e preço-alvo de R$ 40,00, pois acredita na baixa dos preços de commodities agrícolas e numa recuperação de margem.

Ademais, o BBI escreveu no relatório que a avaliação parece extremamente atraente, com a M.Dias sendo negociada a um P/L 2023 de 11x , abaixo da média histórica de 14x.

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M.Dias Branco prevê melhores volumes

A analistas, o vice-presidente de investimentos e controladoria da M.Dias Branco, Gustavo Lopes Theodozio, afirmou que a estratégia de precificação da companhia deve contribuir para manter as margens no nível de março, e que os volumes devem ter melhoras nos próximos meses.

Questionado sobre as margens em abril e maio, disse que vieram “bastante fortes”.

Fabio Cefaly, diretor de novos negócios e relações com investidores da M.Dias Branco, afirmou que o impacto em margem responde à relação entre preço e custo, e que a empresa está conseguindo abordar a questão melhor neste ano, com estoques de trigo, ajustes em tempos ideais e hedging.

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Theodozio ressaltou que a empresa tem custos fixos, que são diluídos em momentos de volumes mais elevados, beneficiando as margens. Ele ressaltou que os volumes vinham em ascensão até o quarto trimestre de 2021, quando sofreram maior pressão.

Inflação e volumes

Questionado sobre o impacto de preços sobre trigo e óleos vegetais, Gustavo Lopes Theodozio, vice-presidente de investimentos e controladoria da M.Dias Branco, disse que não vê nenhum “spike” (alta elevada), mas manutenção de preços altos por conta da Guerra da Ucrânia.

Ele comentou que a Índia barrou recentemente exportações por conta da inflação interna, mas disse não esperar nenhuma grande alta, em especial de óleo de palma. Ele afirmou que estoques e hedges vêm protegendo a M. Dias Branco da inflação.

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O executivo reconheceu que haverá um aumento dos custos ao longo do tempo para óleo de palma e trigo, seguindo a tendência do mercado global, mas “não da forma acentuada como a gente viu no passado”.

Conforme ela, a M.Dias tem muito estoque de trigo, e que a partir de maio e junho terá novas entradas, o que deverá elevar os preços lentamente até o segundo semestre.

Receitas

A receita líquida da M.Dias somou R$ 1,890 bilhão, um aumento de 26,8%, com um aumento das vendas de 5,4% em termos de volume, para 375,5 mil toneladas. O preço médio subiu 20,3%.

“Houve crescimento de receita líquida, volumes e preço médio nas duas regiões comerciais, Ataque (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e Defesa (Norte e Nordeste)”, afirmou a empresa em seu balanço.

Do total do volume, houve alta de 10,9% no montante de vendas de biscoitos, para 107,6 mil toneladas, enquanto de massas aumentou 7%, para 76,6 mil toneladas.

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André Cabette Fábio

Jornalista colaborador do InfoMoney