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O ministro chefe da Casa Civil, Jaques Wagner, deu ontem mais um passo para, pelo menos, começar a recompor parte das forças governistas, com uma reunião de mais de duas horas, no gabinete da vice-presidência da República no Palácio do Planalto, com Michel Temer. Não se tem, ainda, informações sobre o que os dois acertaram, mas a partir da semana que vem o vice sai em peregrinação pelo país para conversar com prefeitos e lideranças municipais. Temer tenta formar sua própria base e ampliar a do PMDB que lhe é fiel. Essa peregrinação tanto pode ser pró como contra o governo.
A realidade é que o Palácio do Planalto começou a ficar preocupado com a expectativa que está sendo criada de que estaria sendo preparado um pacote para ajudar a deslanchar a economia o mais rápidamente possível. O próprio ministro da Casa Civil, que com suas andanças e entrevistas andou estimulando essa interpretação, começou a baixar a bola ontem, ao dizer, depois da conversa com Temer, que não há coelho na cartola do governo.
Só que tem muita gente esperando esses “coelhos”.
No evento mais importante do dia ontem na seara oficial, a reunião do ex-presidente Lula com a presidente Dilma Rousseff e alguns ministros este foi o tema central. Informa o colunista Merval Pereira, de “O Globo”, que a presença de Nelson Barbosa no encontro foi barrada por Lula.Dilma e Lula não se falavam pessoalmente desde dezembro e Lula aproveitou a passagem por Brasília, onde esteve para depor na investigação da Operação Zelotes sobre compra de Medida Provisória para beneficiar empresas, para aconselhar Dilma.
Segundo o vazou do encontro, Lula teria aconselhado a presidente de agir com presteza, fazendo mudanças nas políticas atuais, até março, quando o pedido de impeachment será julgado. Lula não compartilha a visão de parte dos assessores de Dilma, entre eles os ministros Wagner e Ricardo Berzoini, de que o pedido de impedimento já virou letra morta.
Não só Lula acha que não está sepultado como também entende que as forças governistas, nos partidos aliados, nas bases sociais e sindicais devem estar reagrupadas, prontas para uma batalha que se acredita pode ser dura e muito catimbada. Reagrupar essas forças dependerá da economia dar sinais de que parou de piorar e até começa a melhorar. O que significa, na visão de Lula e dos petistas, mudanças substanciais na política econômica. Foi isso que se cobrou de Dilma e Nelson Barbosa fora da mesa dessas conversas é sintomático.
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Enquanto Nelson Barbosa não põe as cartas reais na mesa, as especulações sobre medidas emergenciais para estimular a economia continuam correndo soltas. Segundo a coluna de Ilimar Franco, em “O Globo”, parte dos governistas já aceita o uso das reservas cambiais para estimular o crédito. Lula defende a medida, porém Nelson Barbosa ainda resistiria. Foi expediente usado por Cristina Kirchner e Nelson Maduro.
Outra idéia, segundo o “Valor Econômico”, é aproveitar os volumosos recursos transferidos para os bancos oficias e ao FGTS como pagamento das pedaladas fiscais para estimular a atividade econômica.
O empresário Jorge Gerdau, que já esteve muito próximo da presidente, inclusive aconselhando Dilma em questões de gestão, mas estava afastado do governo, com muitas críticas desde o ano passado, voltou a engrossar o coro dos que defendem que o ministro Nelson Barbosa pode dar um pouco mais de “prioridade” ao crescimento.
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O problema adicional é que o imponderável, que não estava nos cálculos da nova equipe econômica, entrou de repente no ar: a explicitação da fraqueza da economia chinesa, muito maior do que qualquer previsão feita até dez dias atrás. Vai afetar e muito o Brasil e até agora os ministros econômicos apenas observam, sem esboçar nenhuma defesa ou reação. Mas não há tempo para espera: a siderurgia, que já ia mal antes dessa crise, agora está simplesmente mergulhando.
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