Lucro dos bancos está em risco e ameaça pode custar US$ 140 bilhões, diz consultoria

McKinsey diz que os bancos correm um grande risco nos próximos anos com a chegada de uma "tempestade perfeita" e 3 pontos devem liderar a transformação do setor

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Um dos setores de melhor performance nos últimos anos, e que no Brasil tem tido resultados cada vez melhores mesmo com a crise que afetou o País, os bancos correm um grande risco para os próximos anos com a chegada de uma “tempestade perfeita”, com um impacto de US$ 140 bilhões. É o que aponta um relatório feito pela consultoria McKinsey.

De acordo com o documento, o enfraquecimento da economia global, o atraso na regulamentação e as mudanças promovidas pela digitalização vão colocar em risco o lucro do sistema bancário em todo o mundo pelos próximos três anos. A China é o país que mais corre risco, enquanto as instituições nos Estados Unidos e no Japão se mostram como as mais preparadas para enfrentarem estas adversidades.

Segundo a McKinsey, os bancos em países desenvolvidos serão os mais afetados por esta “tempestade perfeita”, com US$ 90 bilhões em risco – ou 25% do lucro do setor. Mas as nações em desenvolvimento também estão vulneráveis a esse cenário, com Brasil, China e Rússia tendo US$ 50 bilhões em risco, sendo US$ 47 bilhões apenas no gigante asiático.

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Segundo o relatório, um cenário de crescimento mais lento pode resultar em perdas de crédito adicionais de até US$ 250 bilhões na China. “Com uma rentabilidade de US$ 320 bilhões, contudo, os bancos chineses devem ser capazes de suportar esse cenário”, diz trecho do estudo.

Enquanto isso, a McKinsey aponta o mercado americano como o mais bem preparado para lidar com essas ameaças, sendo que a eleição de Donald Trump animou o setor no país, justamente pela perspectiva de uma regulação mais favorável aos bancos. Ao lado das instituições japonesas, os bancos americanos têm em risco entre US$ 1 bilhão e US$ 45 bilhões até 2020.

Mesmo com as ações de mitigação do risco, 8% do lucro dos bancos americanos estão ameaçados, ante 5% do Japão, enquanto Europa e Reino Unido têm US$ 31 bilhões em risco. Se o impacto da digitalização for ainda mais profundo do que se espera, o lucro do setor pode cair de US$ 110 bilhões atualmente para US$ 50 bilhões em 2020, diz a consultoria.

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Evitando o pior
De acordo com a McKinsey, combater este cenário exigirá dos bancos uma “transformação fundamental”, adaptando-se a um ambiente macroeconômico de maior risco e potencial de crescimento limitado. A consultoria aponta ainda que a estagnação é um fator que torna ainda mais difícil para as instituições lidarem com o aperto da regulação pós-crise financeira.

“Os custos de controle aumentaram muito nos últimos anos – e novas regras de conduta devem elevar ainda mais os gastos com compliance. Além disso, a digitalização eleva a concorrência e reduz as margens de lucro”, explica a consultoria ressaltando que em países emergentes há bancos lidando bem com esse cenário, a exemplo do Brasil, com a oferta de serviços móveis inovadores aos clientes.

Em termos gerais, a McKinsey aponta que a transformação do setor deve ser centrada em três fatores: resiliência, reorientação e renovação. No primeiro ponto, a consultoria afirma que os bancos devem assegurar a viabilidade em curto prazo do seu negócio através de medidas táticas para restaurar as receitas, reduzir custos e melhorar a saúde do balanço.

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Mas este é como um sistema defensivo, o que leva à reorientação, que seria a ofensiva dos bancos. “Eles devem reorientar seus modelos de negócios para o cliente e para o novo ambiente digital, estabelecendo o banco como uma plataforma para dados e análises digitais e processos, e ligando agressivamente com fintechs, provedores de plataforma e outros bancos para compartilhar custos através de utilitários industriais”, afirma o estudo.

Por fim, as instituições precisam se renovar através de novas capacidades tecnológicas, bem como novas estruturas organizacionais. “Qualquer novo modelo de negócios que os bancos projetem provavelmente exigirá novas tecnologias e habilidades de dados, uma forma diferente de organização para suportar o ritmo frenético da inovação e visão compartilhada e valores em toda a organização para motivar, apoiar e permitir esta profunda transformação”, conclui a consultoria.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.