SÃO PAULO — O lucro líquido recorrente do Itaú Unibanco (ITUB4) chegou aos R$ 3,912 bilhões no primeiro trimestre deste ano, uma queda de 43,1% sobre os R$ 6,877 bilhões registrados um ano antes.
No trimestre anterior, a cifra havia sido de R$ 7,296 bilhões, ou seja, a queda foi ainda maior na comparação trimestral, de 46,4%.
Com isso, o maior banco privado do país também viu diminuir seu retorno sobre patrimônio líquido médio anualizado (ROE), que ficou em 12,8% no final de março deste ano.
No primeiro trimestre de 2019, o indicador, que mede como os bancos investem os recursos de seus acionistas, era de 23,6% e, em dezembro, de 23,7%.
O Itaú comentou que seu balanço foi impactado negativamente pela pandemia de coronavírus, a qual ele chamou de “grave crise”.
“A partir da segunda quinzena de março, [o surto de Covid-19] alterou de maneira relevante o cenário macroeconômico e as perspectivas financeiras das pessoas e empresas, impactando assim o nosso custo do crédito”, disse.
O banco notou uma ligeira alta na taxa de inadimplência acima de 90 dias, que passou dos 3% no final de dezembro para 3,1% em março. Um ano antes, a taxa também era de 3%.
Diante do novo cenário, as provisões do banco para possíveis calotes (créditos de liquidação duvidosa) dispararam 147,2% na comparação anual e 69,2% na comparação trimestral, chegando aos R$ 10,398 bilhões nos três primeiros meses de 2020.
“Nosso modelo de provisionamento por perda esperada, em vigor desde 2010, reflete em nosso balanço todo o risco de perda das operações de crédito desde o início da concessão e é atualizado em função das condições macroeconômicas”, explicou o Itaú.
O custo de crédito do banco no primeiro trimestre de 2020 atingiu R$ 10,1 bilhões, um aumento de 73,6% quando comparado ao quarto trimestre de 2019. O produto bancário reduziu 8,3% no trimestre.
A margem financeira com clientes recuou 6% na comparação trimestral e 3,8% na comparação anual, para R$ 17,045 bilhões. O Itaú afirmou que isso ocorreu em função da menor receita com cheque especial por alteração regulatória vigente desde o início do ano e da redução da taxa básica de juros.
“A redução da margem com mercado está associada com o aumento da volatilidade na segunda quinzena de março. A redução nas receitas de serviços [-8,2% no trimestre] ocorreu em função da sazonalidade na receita de cartões, da menor atividade no mercado de capitais com impacto na receita de investment banking e das menores receitas com taxa de performance de fundos”, disse o banco.
Por outro lado, menores despesas de pessoal e com serviços de terceiros geraram redução de 7,3% nas despesas não decorrentes de juros em relação ao quarto trimestre de 2019. Na comparação anual, a queda foi de 0,8%.
Carteira de crédito
O maior banco privado do país terminou março com uma carteira de R$ 769,2 bilhões em empréstimos, um aumento de 8,9% sobre o trimestre anterior e de 18,9% sobre um ano antes.
“Em função da baixa visibilidade sobre a extensão e profundidade dos efeitos da crise atual trazida pela pandemia da Covid-19 na atividade econômica e social, as projeções para o ano de 2020 anteriormente divulgadas estão suspensas”, afirmou o Itaú.
“A administração entende ser prudente não divulgar novas projeções neste momento, até ser possível ter uma maior precisão sobre os impactos e extensão da situação atual em nossas operações”, completou.
Anteriormente, o Itaú estimava para 2020 um crescimento entre 8,5% e 11,5% da carteira de crédito, com expansão de até 3% da margem financeira com clientes.
Já para o custo de crédito, o banco estimava anteriormente uma cifra entre R$ 18,5 bilhões e R$ 22 bilhões em 2020, com despesas não recorrentes de juros no intervalo entre -2% e 1%.
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