Ações de varejistas e construtoras fecham em baixa com Lula minando “efeito Copom”

Votação unânime do Copom por manter Selic em 10,5% gerou ímpeto para ações, mas fala do presidente criticando o BC desanimou mercado

Felipe Moreira

Grupo Aste anunciou a inauguração de três lojas no Outlet Premium Imigrantes, novo shopping outlet do ABC Paulista: as marcas Reebok, Kipling e Original Penguin. Com mais de 50 anos de atuação no varejo, o Grupo faz a operação de marcas internacionais no Brasil, com mais de 4.000 pontos de vendas (Foto: Divulgação)
Grupo Aste anunciou a inauguração de três lojas no Outlet Premium Imigrantes, novo shopping outlet do ABC Paulista: as marcas Reebok, Kipling e Original Penguin. Com mais de 50 anos de atuação no varejo, o Grupo faz a operação de marcas internacionais no Brasil, com mais de 4.000 pontos de vendas (Foto: Divulgação)

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As ações de empresas do varejo, construção civil e educação tiveram um dia de forte volatilidade na Bolsa brasileira, após a decisão do Copom de manter, de forma unânime, os juros em 10,5% A sessão desta quinta-feira (20) começou positiva para os ativos desses setores o que, a princípio, seria contraintuitivo, uma vez que juros altos seriam ruins para o crédito e para a economia, consequentemente trazendo efeitos negativos para as companhias mais ligadas à economia doméstica.

Contudo, os papéis foram impulsionados pela manutenção uma vez que as taxas de juros futuros abriram em queda,  reagindo ao fato de todos os nove integrantes do Comitê de Política Monetária do BC terem votado no mesmo sentido. A unanimidade, na visão do mercado, reduziu os ruídos criados na reunião anterior, em maio, quando houve placar dividido de cinco a quatro pelo corte de 25 pontos-base.

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A divisão de maio deu força à ideia de que, com a saída de Campos Neto do BC no fim deste ano e a nomeação de um novo presidente, indicado por Lula, o Copom se tornará mais suscetível à influência política. A unanimidade de quarta-feira afastou em parte este temor.

Contudo, o humor do mercado virou ainda durante a manhã, depois que o presidente Lula criticou a manutenção dos juros pelo Copom.

Em entrevista à Rádio Verdinha, de Fortaleza (CE), o mandatário afirmou que a manutenção da taxa foi uma escolha por “investir no sistema financeiro” e “nos especuladores” e deve afetar negativamente a economia do País. Com isso, ainda que as taxas dos DIs tenham passado por forte ajuste de baixa nesta quinta-feira, em especial entre os contratos mais curtos, alguns contratos mais longos viraram para o positivo com as falas e afetaram o desempenho de diversos papéis da Bolsa.

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As ações das varejistas Magazine Luiza (MGLU3), GPA (PCAR3) e Lojas Renner (LREN3), que chegaram a disputar a lideranças dos ganhos do Ibovespa no início da sessão, passaram para o território negativo ou perderam ímpeto. MGLU3 fechou em queda de 3,70%, a R$ 10,67; PCAR3 teve ganhos modestos, de 1,69%, a R$ 3,00; e LREN3 teve perda de 0,95%, a R$ 12,51. Casas Bahia (BHIA3), fora do Ibovespa, fechou com ganhos, também por conta da aprovação pela Justiça do plano de recuperação extrajudicial da varejista. Contudo, os ganhos foram bem menos expressivos em relação às máximas do dia, fechando assim em alta de 1,40%, a R$ 5,78.

O setor de construção também virou para baixo, com Cyrela (CYRE3), Eztec (EZTC3) e MRV (MRVE3) com baixas de, respectivamente, 1,38% e 0,85% e 4,22%.

Os papéis das empresas de educação Cogna (COGN3) caíram 1,22%, cotados a R$ 1,62, enquanto a Yduqs (YDUQ3) teve baixa de 1,08%, a R$ 10,97.

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Mais cedo, Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos, apontou que a decisão unânime desse Copom de junho deveria contribuir para aliviar a pressão sobre os ativos.

Contudo, o especialista ponderou ao ressaltar que a questão da sucessão da presidência do Banco Central ainda vai continuar a alimentar as incertezas do mercado acerca da condução futura da política monetária daqui em diante. “A depender da escolha do presidente Lula para o comando da autoridade monetária, poderá se confirmar as suspeitas do mercado de uma política monetária mais leniente com a inflação de 2025 em diante, que se preocupe mais com o crescimento econômico do que com a estabilidade de preços”, reforçou.

(com Estadão Conteúdo)