Lojas Renner (LREN3) não tem planos específicos de comprar concorrentes e vê possível melhora do mercado em 2023

Varejista vê pressões inflacionárias como menores, com o consumidor retomando sua capacidade de compra, conforme aponta CFO

Vitor Azevedo

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A Lojas Renner (LREN3) continuará, em 2023, a investir em melhorar sua operação e a expandir seu negócio de forma orgânica – sem, exatamente, fazer novas aquisições. É o que diz o diretor financeiro (CFO) da companhia Daniel dos Santos ao InfoMoney, em entrevista após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2022.

Recentemente, circularam notícias de que a varejista de moda estaria interessada em comprar a C&A (CEAB3), sua concorrente direta, o que foi negado posteriormente pela companhia.

“Quando colocamos prioridades para 2023, seguimos com nosso plano de expansão de lojas, sendo que em 2022 foram abertas 40 unidades, o que pretendemos repetir em 2023. Investimos R$ 1 bilhão no ano passado e a meta é a mesma para este. Alguns boatos surgiram, porque há alguns players do varejo de moda buscando algum tipo de transação, mas nossa prioridade continua sendo expansão e ganho de produtividade. Eu diria que não temos nenhum plano específico de M&A [fusões e aquisições]”, declara dos Santos.

O diretor destacou que os esforços vêm mostrando resultado. A Lojas Renner, ao longo de 2022, trouxe melhoras operacionais, segundo ele, com diluição de gastos. A margem bruta no acumulado do ano passado ficou em 55,3%, ante 54,2% em 2021. No quarto trimestre, a margem foi de 55,7%, ante 55% no mesmo período do ano imediatamente anterior, apesar do leve recuo de 0,25% da receita líquida na mesma comparação, que foi a R$ 3,5 bilhões.

“O quarto trimestre de 2022 foi um período no qual a gente conseguiu crescer lucro líquido e margem bruta, mas houve um ponto importante quanto à receita que a base de comparação era muito alta. O quarto trimestre de 2021 foi muito forte. Além disso, há as variáveis de Copa e eleição, que tirou as pessoas dos centros comerciais e impactou o fluxo”, explica o executivo, sobre a queda de receita.

Além disso, ele menciona também o peso dos problemas macroeconômicos, com inflação alta e juros em patamares elevados, que afetam o poder de compra da população e a inadimplência.

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Cabe ressaltar que os resultados do quarto trimestre não foram bem recebidos pelo mercado, com números abaixo do esperado tanto do ponto de vista de varejo quanto de serviços financeiros, levando a uma forte queda das ações no início da sessão desta sexta-feira (17).

Olhando para frente, dos Santos acredita que o primeiro semestre de 2023 deva ter um pouco de carrego das variáveis econômicas. “Mas achamos que nós, com capacidade de execução de moda, conseguiremos crescer acima do mercado. Em 2023, vemos também as pressões inflacionárias como menores, com o consumidor retomando sua capacidade de compra, de renda, e melhorando no quesito inadimplência”, expõe.

A Lojas Renner, ainda de acordo com o CFO, tem uma posição privilegiada para surfar no mau momento econômico – que prejudica diversos dos seus concorrentes.

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A varejista de moda fechou 2022 com uma posição de caixa líquido de R$ 1 bilhão. Ao longo do último ano, a companhia deixou várias dívidas vencerem, sendo que seu endividamento bruto saiu de R$ 3,5 bilhões para R$ 2,4 bilhões.

“Em 2023, não temos grandes vencimentos de dívidas. Seguiremos com posição de caixa mais forte e distribuiremos parte do que geramos aos acionistas. Tivemos distribuição recorde em 2022. Nossa posição de capital de giro, em dias, segue muito parecida com aquilo que tínhamos em 2021. Não tivemos deterioração”, defende dos Santos.

“Isso nos dá espaço para continuar investindo. Eu diria que estou confiante, apesar das variáveis econômicas complicadas. Quando a recuperação macro vier, acreditamos que iremos nos beneficiar e aproveitar o máximo. Estamos capturando clientes”, pontua.