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O JPMorgan reiterou recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para Lojas Renner (LREN3), cuja ação acumula queda de 13% em 2024 e 19% nos últimos 12 meses; a visão positiva ocorre apesar dos cortes substanciais de 20% nas expectativas de lucro por ação (EPS, na sigla em inglês) devido a um segundo semestre desafiador, consumo fraco persistente e mudanças na subvenção do imposto de renda. O banco também elevou preço-alvo de R$ 15,50 para R$ 17, ao incorporar um custo de capital mais baixo (13% versus 14% anteriormente). A recomendação anima as ações na sessão desta sexta-feira (23), com os ativos LREN3 em alta de 3,11%, a R$ 15,60.
O banco americano justifica a visão otimista com o papel devido a um equilíbrio risco-recompensa inclinado para o lado positivo, além de perspectivas de melhores tendências de lucratividade ao longo do ano.
No geral, analistas destacam que as vendas comparáveis no Brasil provavelmente estão superando as expectativas, indicando melhores tendências de lucratividade para este ano. A equipe de research do banco disse que os impactos das operações na Argentina, que, embora pequenas (menor que 2% das vendas), podem distorcer as cifras consolidadas da empresa. Dado o contexto de contabilidade hiperinflacionária, o SSS (vendas mesmas lojas) consolidado de 7,4% para 4T23 inclui um impacto negativo de 2 pontos percentuais (p.p.) ou 3 p.p. da Argentina, implicando que as operações brasileiras estão em território de dois dígitos, melhor do que o esperado pelo mercado.
Como as vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) têm sido um impulsionador chave das ações, e o Brasil é o núcleo (enquanto a Argentina é um ruído), o JPMorgan acredita que resultados de curto prazo com melhores tendências no Brasil podem ser um catalisador potencial para as ações. O banco também revisou suas estimativas para refletir melhor o impacto da Argentina e remover a subvenção fiscal do ICMS (embora ainda seja uma discussão em andamento). No geral, o banco reduziu estiamtiva de lucro por ação em 13% em 2024 e 12% no próximo ano.
Além disso, o JPMorgan destaca que a limitada precificação em meio à deflação de custos e ajustes de mix indica que o potencial crescimento positivo no Brasil deve ser impulsionado principalmente pelo volume.
Para os analistas, as recentes alterações no sortimento estão começando a dar frutos, enquanto os consumidores estão mais saudáveis, apesar de um ambiente de crédito ainda restritivo. Isso implica potencialmente em melhores tendências de vendas no início deste ano, especialmente com a operação mais eficiente da estrutura de distribuição e modelo. As melhores tendências de receita também se somam aos níveis mais baixos de despesas após as iniciativas de otimização corporativa da Renner. No entanto, discussões estruturais em torno do caso ainda persistem, e a entrega de resultados será crucial para evitar uma nova desvalorização na avaliação.
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Em termos de avaliação, ação da Lojas Renner negocia a 13 vezes/11 vezes Preço (P)/ Lucro (L) 2024 e 2025 em comparação com 20 vezes no passado recente, com um desconto de 25% em relação aos concorrentes globais, em contraste com um prêmio no passado. Embora o JPMorgan concorde que os níveis históricos não devem ser a referência de avaliação, o banco acredita que os atuais não refletem melhorias sequenciais nas tendências subjacentes.
Por fim, o banco comenta que a Lojas Renner tem sido conservadora em relação à contribuição financeira potencial da Realize, braço financeiro da companhia, no longo prazo, estimando cerca de 5% do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) consolidado. No entanto, acredita-se que pode haver um alívio na política de crédito em direção ao segundo semestre de 2024, o que provavelmente impulsionará melhores vendas.