Localiza (RENT3) seguirá reajustando preços de aluguel para recuperar retorno

Companhia também quer aceleração renovação da frota

Ana Paula Ribeiro

Localiza (Foto: Divulgação)
Localiza (Foto: Divulgação)

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A empresa de locação e gestão de frotas Localiza (RENT3) afirma que vai continuar reajustando os seus preços para conseguir melhorar os spreads entre retorno do capital investido (ROIC, na sigla em inglês) e custo da dívida. Rodrigo Tavares, diretor-financeiro da companhia, afirmou que o momento é de recomposição das tarifas.

“Os ajustes de tarifa seguem sendo feitos de forma gradativa para a recomposição do retorno medido pelo ROIC. Já fizemos isso ao longo de 2023 e esse movimento continua em 2024”, afirmou durante teleconferência dos resultados do quarto trimestre.

A companhia registrou um lucro líquido contábil de R$ 705,6 milhões no quarto trimestre, alta de 59,1% em relação a igual período de 2022. A diária média dos carros da Localiza ficou em R$ 120,54 em 2023, uma alta de 12,1%. Considerando apenas o quarto trimestre, a diária alcançou R$ 126,75, evolução de 9,6% na comparação com igual período de 2022. Já o ROIC passou de 15,8% em 2022 para 13,7%. No período, o custo da dívida quase não caiu e, com isso, a spread caiu de 6,7 pontos percentuais para 4,1 pontos percentuais.

A empresa perdeu rentabilidade após a fusão com a Unidas, em negócio formalizado em 2022. Em 2021, antes da operação, esse spread chegou a 13,3 pontos percentuais.

Em relação à novação da frota, a Localiza comprou 288.622 novos veículos ao longo de 2023 e vendeu 67.243. Com isso, a adição foi de 67.243. Esse movimento se acelerou no último trimestre do ano, quando foram adquiridos 107.532 carros zero e vendidos 56.514.

Isso contribuiu para que a idade média da frota caísse de 29 para 26 meses, mas ainda longe da média histórica, em torno de 16 meses.

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“Ainda não chegamos na metade do processo de rejuvenescimento da nossa frota”, disse. Por volta das 15h, os papéis da Localiza subiam 2,07%, cotados a R$ 53,37.

Carros elétricos

O processo da eletrificação da frota de veículos no Brasil deve ocorrer de forma gradual, com a predominância dos modelos híbridos, segundo Bruno Lasansky, presidente da Localiza. Para o executivo, a infraestrutura de abastecimento e concorrência farão com que o crescimento da frota de carros 100% elétricos seja mais lenta que o planejado.

“Devemos ver prevalecer os carros híbridos. A eletrificação vai ser mais concentrada nos grandes centros, mas até para isso tem um aspecto de infraestrutura muito relevante, do carregamento do veículo”, disse durante teleconferência.

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As novas regras fiscais para os veículos elétricos e híbridos – em que a alíquota chegará a 35% até 2026 – e os investimentos feitos por montadoras no Brasil são outros fatores que devem influenciar para, em um primeiro momento, a demanda ser maior por híbridos.

“Quando a alíquota (dos importados) chegar a 35%, vai ter uma concorrência predominantemente local, aí teremos um cenário de competitividade mais equalizado”, disse. Os emplacamentos de carros elétricos no ano passado somaram 93.927, alta de 91%, segundo dados da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos).

Potencial de valorização

O Bradesco BBI destacou a renovação da frota e a mudança contábil que fez a companhia incluir os custos da preparação de veículos para a venda no segmento de aluguel e gestão de frotas e não mais da área de seminovos.

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A recomendação para o papel é outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 84 até o final do ano, o que representa um potencial de valorização de R$ 84. O Itaú BBA também tem a mesma recomendação para o papel, mas com preço-alvo de R$ 80.

Os analistas destacaram os esforços da empresa frente a um cenário de veículos seminovos desafiador e a busca pela recuperação do ROIC. “A principal variável que determina o quanto a empresa irá acelerar é o spread em relação ao ROIC. Se a empresa conseguir atingir os níveis desejados, investirá e crescerá”, destacaram.

Já os analistas de JP Morgan lembram que a mudança contábil em relação aos custos de preparação dos veículos fez a margem do segmento de aluguel e gestão de frotas cair e a margem Ebitda de seminovos, subir. “Mas a frota anteriormente refletia um valor contábil inferior e relativamente menor taxas de depreciação, pois era usado um ajuste para converter o valor contábil dos veículos ao seu valor de mercado excluindo os custos e despesas de venda”, explicaram. O banco tem recomendação overweight para a Localiza, com preço-alvo de R$ 81 ao final do ano.