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A Localiza (RENT3) apareceu, de longe, como uma das principais surpresas negativas da temporada de resultados do segundo trimestre de 2024 (2T24), com as ações desabando 16,84% na sessão pós-balanço (na quarta-feira, 14) em meio a uma série de surpresas negativas. Com uma baixa de 2% na sessão seguinte, os ativos caíram 18,5% em apenas dois pregões.
Contudo, há quem não esteja tão pessimista com as ações e vejam essa forte queda como uma oportunidade de compra, caso do Goldman Sachs e Bank of America, que reiteraram recomendação de compra ou equivalente para os ativos. Com isso, as ações passaram nesta sexta-feira (16) por uma sessão de recuperação, com os papéis fechando com ganhos de 8,67%, a R$ 42,60, mas ainda assim encerrando a semana em queda de 12,79%.
O Goldman Sachs avalia que a recente queda no preço das ações da Localiza já precifica os resultados fracos do segundo trimestre (2T24), e com isso recomenda compra na fraqueza. O preço-alvo é de R$ 54,30, o que representa um potencial de valorização de 38,5% frente a cotação da última quinta-feira (15) de R$ 39,20.
Os analistas comentam que dados recentes apontam para alguma estabilização no ritmo de queda dos preços de carros usados, sinalizando uma proximidade do pico da depreciação. Eles também um momento positivo no 3T24 e 4T24 sob a orientação da administração para a depreciação e a expectativa de preços de aluguel positivos e efeitos sazonais favoráveis.
Além disso, o Goldman Sachs destaca a avaliação pouco exigente com Preço/Lucro de 11,3 vezes em 2025, contra uma média histórica de cerca de 20 vezes nos últimos 10 anos e uma média histórica ajustada ao custo de capital de 18 vezes.
Embora reconheça um crescimento razoável de volumes nos próximos anos (volumes de aluguel +6% em 2025E), o Goldman Sachs prevê que o spread (diferença) do ROIC (retorno sobre o capital investido em relação ao custo da dívida após impostos) atinja 5 pontos percentuais (p.p.) no próximo ano.
“Vemos a queda das ações da Localiza como uma oportunidade de compra aprimorada”, destacou também o Bank of America. O banco cortou a projeção de lucro por ação para 2025 em “apenas” 3% e ressalta que as ações estão negociadas a um P/L (preço sobre lucro) de 10,7 vezes para o ano que vem, em comparação com uma média de 19-20 vezes entre 2005-2024 e a estimativa do BofA de um P/L justo de 16-18 vezes. “Cortamos nosso lucro por ação para 2024 em 43% devido à depreciação da frota no 2T24. Nosso preço-alvo foi reduzido de R$ 71 para R$ 65, à medida que incorporamos uma piora na diferença de preço de venda/compras de carros (de -1% para -3%)”, avalia.
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No 2T24, a Localiza apresentou volumes desanimadores, tanto no segmento de RAC (aluguel de carros) quanto no de Frota, destaca o Goldman. No segmento de Frota, a Localiza entregou volumes com alta de 1% na base trimestral, o que a empresa atribuiu à sua estratégia de gestão de portfólio, focada em encerrar contratos não rentáveis, especialmente relacionados a veículos de uso severo (que têm menor visibilidade no valor de revenda), enquanto mencionaram que a originação de contratos continuou saudável durante o trimestre.
No segmento RAC, os volumes caíram 5% na comparação trimestral, alinhado principalmente com a sazonalidade, apesar da expectativa de crescimento acima da sazonalidade no 2T, uma vez que o 1T24 teve uma base de comparação fácil.
No lado dos preços, o banco reconhece que a Localiza entregou um forte desempenho em ambos os segmentos RAC e Frota.
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Já a normalização das margens de vendas de carros usados, implicando que o nível atual de depreciação esperado para os próximos trimestres, é calculado com a expectativa de que as margens no segmento de Seminovos voltem aos níveis normalizados (maior depreciação leva a uma maior margem nas vendas de carros usados).
Na mesma linha que o Goldman Sachs, o Bradesco BBI acredita que o pior pode ter passado. Isso porque a baixa contábil bilionária da frota pressupõe um spread (diferença) estável entre os preços de carros novos e usados, mas o banco espera que este último melhore gradualmente nos próximos meses com o maior desembolso para financiamentos de automóveis, enquanto os OEMs (fabricantes que montam e desenvolvem os equipamentos) têm espaço limitado para aumentar os preços dos carros novos.
Dessa forma, vê o impairment feito no 2T24 como sendo suficiente para o cenário atual de preços de automóveis no Brasil, reduzindo o risco de orientação de depreciação da Localiza.
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No curto prazo, a Localiza pode continuar a enfrentar pressão da aceleração da renovação da frota e dos custos de preparação associados, mas os preços de aluguel mais altos devem compensar esse impacto, levando a margens de aluguel de estáveis para melhores.
Perspectivas para o próximo trimestre
O Goldman Sachs projeta um crescimento de volumes de apenas 6% e 2% em RAC e frota, refletindo uma sazonalidade mais forte em RAC.
O banco disse continuar esperando fortes tendências de preços no próximo trimestre, com aumentos de 4 e 2% nas tarifas de aluguel de RAC e Frota, respectivamente (ligeiramente acima da sazonalidade), devido ao objetivo da empresa de melhorar os níveis de ROIC daqui em diante, mesmo que às custas de um crescimento mais lento.
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No segmento de venda de carros usados, o Goldman Sachs estima uma nova aceleração no número de veículos vendidos no trimestre (74 mil veículos, contra 69 mil no 2T).
Nesse contexto, analistas do Goldman Sachs esperam uma melhoria sequencial da margem EBITDA, devido à sazonalidade mais forte e à fraca base de comparação, já que o 2T24 foi impactado por eventos pontuais.
Já a margem Ebitda dos Seminovos deve permanecer em 2%, refletindo o comentário da administração de que as mudanças na depreciação da empresa e o impairment (baixa contábil) devem levar a um nível normalizado de margens daqui em diante.
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Enquanto isso, no nível de lucro líquido, o banco vê espaço para a Localiza entregar R$ 690 milhões.