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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel ) aprovou na última terça-feira (14) o reajuste tarifário médio de 7% na tarifa de energia cobrada dos clientes da Light (LIGT3), “que tem implicações mistas para a empresa”, pontuou Itaú BBA, em relatório.
No curto prazo, o banco espera pressão sobre o fluxo de caixa da elétrica em função da devolução do Crédito de PIS/COFINS, conforme determinado A Aneel aprovou a devolução de aproximadamente R$ 1,776 bilhão, sendo R$ 716 milhões relativos à neutralidade do PIS/COFINS e R$ 1,060 bilhão referentes ao ressarcimento do crédito de PIS/COFINS.
“A Light não forneceu mais detalhes e a Aneel ainda não divulgou a nota técnica, dificultando a determinação de quanto do valor declarado é baseado no uso de crédito esperado para os próximos 12 meses e quanto se refere a créditos já utilizados pela empresa que devem ser devolvidos seus clientes”, explicam analistas. “Este último é particularmente relevante porque não resultaria em nenhuma compensação em termos de redução de impostos, o que pode ter um impacto negativo na geração fluxo de caixa da empresa”, completam.
No entanto, a médio prazo, analistas tem esperança de melhoria, uma vez que agência abriu consulta pública para discutir reajuste tarifário extraordinário, o que na avaliação do BBA foi uma surpresa positiva.
Durante o processo de revisão tarifária, a Light argumentou que alguns parâmetros regulatórios precisavam de uma revisão dada a diferença significativa entre os números relatados. O principal problema era em referência às perdas não técnicas, ou seja, roubos de energia, popularmente conhecidos como “gatos”, que tiveram compensação muito baixa e não refletiram os desafios de operar a concessão no Rio de Janeiro.
A Light também explicou que a deterioração dos prejuízos deveu-se principalmente à redução do mercado de baixa tensão decorrente da fraca atividade econômica. Outro problema era a diferença entre os volumes faturados e medidos causada pelo faturamento de volumes anteriores de clientes irregulares, o que por sua vez afeta a metodologia de cálculo para perdas não técnicas.
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Segundo relatório, uma potencial melhora dos parâmetros regulatórios em função da proposta de revisão tarifária extraordinária, podem aumentar a lucratividade da Light. Analistas também acreditam que a revisão tarifária extraordinária também pode facilitar as negociações com a Aneel e Ministério de Minas e Energia para uma renovação antecipada da concessão de distribuição de energia sob termos mais favoráveis, que eles veem como a solução mais provável para os problemas de liquidez da Light.
Por fim, o processo de reajuste tarifário da Enel Rio também foi discutido durante o encontro. A Enel argumentou para uma necessária revisão do nível de perdas de energia causadas pela desafiadora concessão na área e levantou a questão das diferenças significativas entre os volumes faturados e medidos.
A Light divulga seus resultados do quarto trimestre no próximo dia 28, em um cenário de forte queda para as ações da companhia, em meio a temores de risco de crédito para a companhia de energia. Recentemente, o UBS BB rebaixou a recomendação das ações da companhia para neutro, justamente por ver a empresa em um cenário de endividamento desafiador, com incerteza quanto ao cumprimento de suas obrigações de dívida ao longo do próximos três anos.
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“Esperamos que a Light devolva sua concessão de distribuição ao poder concedente em 2026, pois não prevemos alteração no contrato sem licitação”, avaliam os analistas.
O desafio estrutural das distribuidoras permanece, apontam. “Esperamos que as perdas não técnicas permaneçam altas impulsionadas pelo desafio estrutural na concessão do Rio de Janeiro, uma vez que parte significativa dos clientes está localizada em áreas com altos índices de criminalidade, impondo riscos para as equipes técnicas realizarem as manutenções. Nós não acreditamos que a Light possa reduzir suas perdas não técnicas sem o suporte do governo, pois muitas tentativas foram feitas e o problema persiste”, avaliam.
Os analistas também não acham que a geração de caixa da Light será suficiente para reduzir toda a sua dívida até o fim da concessão de distribuição em 2026. “Acreditamos que o segmento de distribuição da Light seguirá reportando lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) abaixo do regulatório, impulsionado por perdas não técnicas acima do nível regulatório, além de seu custo e grande dívida, que exigirá financiamento extra para pagar as obrigações em 2025”, avaliam. O banco tem preço-alvo de R$ 3 para os ativos, o que corresponde a um potencial de alta de 22,45% em relação ao fechamento da véspera.