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A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizou nesta sexta-feira (30) o leilão de transmissão de energia com expectativa de R$ 15,7 bilhões em investimentos. O leilão ocorreu na sede da B3, em São Paulo.
Foram oferecidos nove lotes para a construção e a manutenção de 6.184 quilômetros de linhas de transmissão e de 400 mega-volt-ampéres (MVA) em capacidade de transformação de subestações. Os 33 empreendimentos, com prazo de conclusão de 36 a 66 meses, contemplarão os estados da Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e Sergipe. Os ativos foram divididos em nove lotes, com prazo de concessão de 30 anos.
Empresas de capital aberto que arremataram lotes, como ISA Cteep (TRPL4), Eletrobras (ELET3, ELET3) e Engie (EGIE3) registram altas de suas ações na sessão desta sexta à tarde. Os ativos TRPL4 e EGIE3 subiam cerca de 1%, enquanto ELET3 avançava 3%.
O leilão, ainda assim, surpreendeu ao ter seus dois maiores projetos vencidos por empresas menos tradicionais no setor, que desbancaram propostas oferecidas por grandes grupos do setor elétrico.
Maior projeto do certame, o lote 2 foi arrematado pela Rialma Administração e Participações com um desconto de 51% ante o valor máximo de receita permitida, acima do oferecido por sua rival na disputa viva a voz, a Engie Brasil Energia. A empresa, que atua nos segmentos de energia, agropecuária e mineração, se comprometeu a construir 1,6 mil quilômetros de linhas de transmissão entre Bahia e Minas Gerais, com R$ 4,35 bilhões em investimentos estimados.
Já o segundo maior empreendimento do leilão, o lote 1, foi arrematado pelo consórcio Gênesis, formado pelas empresas The Best Car Transporte de Cargas e Entec, com um deságio de 66,18%. A oferta ficou muito acima da apresentada por outros grandes grupos interessados no ativo, como Eletrobras, ISA Cteep e Neoenergia (NEOE3).
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Confira os resultados do leilão, por ordem de arremate:
Lote 8
O consórcio Gênesis arrematou o lote 8 do leilão de transmissão de energia, ao ofertar uma receita anual permitida (RAP) de R$ 19,54 milhões, o que representa um deságio de 55,35% ante o valor máximo estabelecido pelo regulador.
O grupo, formado por The Best Car Transporte de Cargas e Entec, disputou o ativo a viva voz com a Rialma Administração e Participações, já partindo de lances com deságios superiores a 51%.
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Na primeira fase da disputa, o projeto atraiu interesse de outros seis proponentes, como a Eletrobras (ELET3), Empresa Transmissora Agreste Potiguar (Etap) e Genco holding.
O lote 8, com investimento estimado de R$ 259,5 milhões, é composto pela Linha de Transmissão 230 kV Recife II – Bongi C1 e C2, em Pernambuco, com total de 38 quilômetros incluindo trechos aéreos e subterrâneos. “A construção visa a aumentar a confiabilidade no atendimento à região metropolitana de Recife. O prazo das obras é de 66 meses e é esperada a criação de 471 empregos diretos”, destacou a Aneel.
Lote 9
A ISA Cteep (TRPL4) arrematou o lote 9 do leilão de transmissão de energia, ao ofertar uma RAP de R$ 7,46 milhões, o que representa um deságio de 50,36% ante o valor máximo estabelecido pelo regulador.
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A transmissora disputou o ativo, o menor do leilão desta sexta, a viva voz com as empresas Eletrobras (ELET6) e Celgpar, já partindo de lances com deságios superiores a 47%.
Numa primeira fase, a disputa pelo lote contou com ofertas de seis outros proponentes, como o fundo XP Infra IV, Transmissora Agreste Potigar (Etap) e MPE Engenharia e Serviços.
O lote 9 envolve reforços em uma subestação em Minas Gerais, com 400 MVA de capacidade de transformação, com R$ 94,2 milhões em investimentos estimados.
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Lote 1
O consórcio Gênesis arrematou o lote 1 do leilão de transmissão de energia, um dos maiores ofertados, ao oferecer uma receita anual permitida (RAP) de R$ 174 milhões, o que representa um deságio de 66,18% ante o valor máximo estabelecido.
O grupo, formado pelas empresas The Best Car Transporte de Cargas e Entec, desbancou ofertas dadas por grandes companhias do setor elétrico, como Engie Brasil (EGIE3), Neoenergia (NEOE3) e Eletrobras.
A disputa pelo lote contou ao todo com 11 proponentes habilitados, entre eles a chinesa State Grid e as transmissoras ISA Cteep e Taesa (TAEE11).
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O lote 1 prevê a construção de 1,11 mil quilômetros de linhas de transmissão entre Bahia e Minas Gerais, com R$ 3,16 bilhões em investimentos estimados.
Lote 2
A Rialma Administraçao e Participações arrematou o lote 2 do leilão de transmissão de energia, o maior do em volume de investimentos, ao ofertar uma RAP de R$ 347,8 milhões, o que representa um deságio de 51% ante o valor máximo estabelecido.
A empresa, que atua nos segmentos de energia, agropecuária e mineração, disputou o ativo a viva voz com a Engie Brasil Energia, partindo de lances com deságios superiores a 50%.
Na primeira etapa, a disputa pelo lote contou com ofertas de seis outros proponentes, como Alupar (ALUP11), Neoenergia (NEOE3), Eletrobras e um consórcio do BTG Pactual.
O lote 2 prevê a construção de 1,6 mil quilômetros de linhas de transmissão entre Bahia e Minas Gerais, com R$ 4,35 bilhões em investimentos estimados.
Lote 3
A Cymi arrematou nesta sexta-feira o lote 3 do leilão de transmissão de energia, desbancando a Eletrobras em viva voz ao ofertar uma receita anual permitida de R$ 70,88 milhões, um deságio de 52,13% ante o valor máximo estabelecido.
Há mais de 20 anos no Brasil, o grupo Cymi tem tradição em construção de linhas de transmissão de energia e subestações e também atua em outras áreas de infraestrutura, como saneamento.
Na primeira fase, a disputa pelo lote contou com ofertas de oito outros proponentes, como a estreante Auren (AURE3) e a Cemig (CMIG4).
O lote 3 prevê a construção de 349 quilômetros de linhas de transmissão em Minas Gerais, com mais de R$ 921 milhões em investimentos estimados.
Lote 4
O Lote 4 do leilão de transmissão de energia da Aneel foi arrematado pela Furnas Centrais Elétricas, da Eletrobras.
A proposta vencedora foi de receita de R$ 68,7 milhões, um deságio de 45,75% em relação ao valor máximo estabelecido de R$ 126,6 milhões.
O lote recebeu 10 lances válidos e posteriormente teve disputa a viva-voz entre a Celeo Redes Brasil S.A. e Furnas Centrais Elétricas S.A. Participam da fase viva-voz do leilão as proponentes com lances válidos para o lote em disputa cuja diferença no valor oferecido seja de até 5% em relação ao menor valor proposto na fase de lances.
O lote consiste em 303 km de linhas em Minas Gerais que vão expandir a transmissão com vistas a ampliar a contratação de energia eólica e solar.
O lote, com investimento estimado de R$ 786,6 milhões, é composto pela Linha de Transmissão 500 kV Janaúba 6 – Presidente Juscelino, com 303 km, em Minas Gerais. A construção da linha, previsto para conclusão em 60 meses, tem a estimativa de gerar 1.573 empregos diretos.
Lote 5
A Engie Brasil venceu o lote 5 do leilão de transmissão de energia, ao ofertar uma RAP de R$ 249,3 milhões, o que representa um deságio de 42,8% ante o valor máximo estabelecido.
A disputa pelo lote contou com ofertas de dez outros proponentes, como Eletrobras, Taesa e ISA Cteep.
O lote 5 prevê a construção de 1 mil quilômetros de linhas de transmissão entre Bahia, Minas Gerais e Espírito Santo, com R$ 2,67 bilhões em investimentos estimados.
Lote 6
A Celeo Redes Brasil arrematou o Lote 6 do leilão após disputa viva-voz com EDP (ENBR3) e Consórcio Engie Brasil. O lance vencedor foi de R$ 99,87 milhões de RAP, deságio de 48,23% em relação ao preço inicial ofertado, de R$ 192,9 milhões.
O lote 6 prevê 714 km de linhas entre Bahia e Sergipe, ampliando o sistema de transmissão entre os Estados. Ele é composto pela linha de transmissão 500 kV Xingó – Camaçari II.
O prazo das obras é de 60 meses e é esperada a criação de 2.406 empregos diretos. O investimento estimado é de R$ 1,2 bilhão.
Lote 7
A Isa Cteep levou o Lote 7, com um lance de R$ 218,879 milhões de RAP, representando um deságio de 41,8% em relação ao valor máximo de R$ 376,126 milhões permitido.
O Lote 7 prevê 1.044 km de linhas para interligar a transmissão entre os Estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Mais leilões no radar
O certame é o primeiro de três licitações que serão realizadas até 2024 visando reforçar a capacidade de escoamento de energia renovável gerada principalmente na região Nordeste para centros de carga do Sudeste e Sul.
O governo pretende realizar mais um leilão de transmissão neste ano. Previsto para dezembro (projeção anterior era de outubro), o certame será o maior da história, com cerca de R$ 20 bilhões em investimentos estimados.
Apesar do grande interesse do mercado em investir no segmento, o elevado volume de projetos que serão desenvolvidos ao mesmo tempo no país pode criar gargalos. A capacidade da indústria fornecedora de equipamentos tem sido apontada como um dos principais pontos de atenção para os empreendedores.
(com Reuters)