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O leilão do trem intercidades, TIC Eixo Norte, que ligará as cidades de Campinas e São Paulo, está previsto para ocorrer na próxima quinta-feira (29) às 15h (horário de Brasília), e a CCR (CCRO3) deve estar entre os potenciais licitantes, assim como o Grupo Comporte.
Durante seu último dia do investidor, a CCR incluiu o projeto em seu pipeline de oportunidades, e a administração da companhia reconheceu que está atualmente avaliando o projeto. Além disso, notícias recentes indicam que a companhia é uma das empresas interessadas em licitar no projeto por meio de um consórcio.
Segundo cálculos do Goldman Sachs, o projeto implica em um potencial de criação de valor de cerca de 4% em relação à capitalização de mercado da CCR, então, por um lado, a criação de valor potencial parece ser limitada em comparação com o tamanho atual da CCR.
Por outro lado, o Goldman Sachs reconhece que as hipóteses sobre tráfego e margens podem acabar sendo mais altas do que as do governo, o que poderia levar a uma criação de valor mais forte. Segundo os analistas do banco, os participantes do mercado tendem a dar à administração o benefício da dúvida em relação à alocação de capital. Assim, dependendo do nível da oferta da CCR, isso poderia ser bem recebido pelo mercado (embora improvável de ter um grande impacto).
Já a XP Investimentos vê espaço para retornos positivos, com taxa interna de retorno (TIR) real desalavancada do governo de 9,2%. A instituição financeira ainda observa duas características principais do projeto: (1) os anos iniciais pressionaram o FCF (fluxo de caixa livre), principalmente pelo projeto greenfield; e (2) risco de receita altamente mitigado (96% das receitas são garantidas pelo governo).
Para a maioria dos investidores institucionais consultados pelo Bradesco BBI, a CCR não deve ganhar o leilão de 29 de fevereiro para a TIC Eixo Norte. De acordo com pesquisa, 59% dos entrevistados esperam que a CCR perca o leilão, com os detentores de ações e os não detentores tendo opinião semelhante (57% e 60%, respectivamente).
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Segundo destacado pela mídia recentemente, dois consórcios deverão concorrer ao projeto: 1) um com CCR, Alstom e investidores não divulgados; e 2) empresa chinesa CRRC e Grupo Comporte (controlada pela família Constantino, fundadora da Gol). Embora a CCR tenha dito que seu “novo lema é focar em rentabilidade e eficiência” e que mobilidade urbana e rodovias são os dois setores onde a empresa continuará a alocar capital, analistas esperam uma oferta disciplinada para este projeto, em linha com a estratégia de foco no retorno.
“A CCR não sofre pressões para prolongar a duração do seu portfólio, pois conquistou cinco novas concessões em 2021 (3 concessões de aeroportos, 1 rodovia com pedágio e 1 linha de metrô)”, destacam analistas do BBI.
Com relação ao foco na disciplina de capital, 68% dos participantes esperam uma TIR alavancada mínima de 11% (em termos reais) para que o preço das ações da CCR tenha uma reação positiva do mercado. O governo modelou esta concessão com um WACC ou retorno desalavancado de 9,2% (termos reais), e o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) já aprovou um empréstimo de R$ 6,4 bilhões para financiar este projeto, o que sugere que uma TIR mínima de 11 % é factível.
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No entanto, segundo o BBI, a concorrência com o Grupo Comporte e a CRCC pode prejudicar esse retorno e a CCR pode preferir preservar o seu balanço para alocar capital em outros projetos com melhor equilíbrio risco-recompensa.
O Goldman Sachs mantém recomendação de compra para a CCR, pois a classifica com um player de alta qualidade em um ambiente de queda das taxas de juros, com uma atrativa taxa interna de retorno (TIR) real de aproximadamente 10,5%.
O Bradesco BBI também mantém classificação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço- alvo para o final de 2024 de R$ 18,00.