Kroton e Anhanguera lideram ganhos com novidade sobre fusão; 9 ações reagem a resultados

CSN e Gerdau têm movimentos opostos após divulgarem balanço e Banco do Brasil sobe mais de 1% com números do primeiro trimestre

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – Chegando à quarta alta consecutiva, esta quarta-feira (7) na Bolsa foi novamente impactada pelos reflexos da temporada de resultados trimestrais, principalmente de grandes empresas, como Cielo (CIEL3) e Ambev (ABEV3), que apesar de bons números, viram suas ações caírem mais de 2%. Além dos balanços, os investidores também repercutiram as novidades envolvendo as empresas de educação Kroton (KROT3) e Anhanguera (AEDU3), que lideraram os ganhos do índice, com altas de 5,18%, e 6,34%, respectivamente, cotadas a R$ 54,06 e R$ 15,10.

Em meio ao processo de fusão envolvendo as duas companhias, saiu nesta manhã um anúncio sobre a mudança na relação de troca proposta para a união das empresa. Segundo fato relevante de ambas as companhias, a nova relação de troca negociada é de 0,30970293 ação da Kroton por 1 ação da Anhanguera. Quando anunciaram o plano de fusão, em abril de 2013, a relação de troca apresentada era de 1,36428904 ação da Kroton por papel da Anhanguera.

Em resposta ao anúncio, as ações da Anhanguera e Kroton lideram com folga os ganhos do Ibovespa, subindo 6,97% e 4,98%, respectivamente, valendo R$ 15,19 e R$ 53,96, nesta ordem. Já havia rumores de que a relação de troca seria modificada, diante da diferença expressiva no desempenho das ações das empresas desde abril do ano passado – enquanto a Kroton subiu mais de 100%, a Anhanguera cresceu 25% de valor de mercado no mesmo período.

Gerdau
Refletindo os resultados do primeiro trimestre, duas siderúrgicas tiveram rumos opostos nesta sessão. A Gerdau (GGBR4) apresentou lucro líquido de R$ 440 milhões para o primeiro trimestre, ante 160 milhões obtidos um ano antes. O Ebitda somou R$ 1,196 bilhão, crescimento de 48,6% na comparação anual. Pesquisa da Reuters indicava lucro líquido de R$ 344,4 milhões para a companhia e Ebitda de R$ 1,114 bilhão nos três primeiros meses do ano. Os papéis da siderúrgica subiram 2,41%, a R$ 14,42.

“O resultado da Gerdau não foi extraordinário, mas consideramos bom dentro do possível e esperado pelo mercado. Acreditamos que as ações da empresa possam reagir positivamente a tais números porque havia um grande receio do mercado frente a tais números”, afirma a XP Investimentos. A operação na América do Norte segue sendo o principal destaque negativo, puxando o consolidado para baixo: o temor com o rigor do inverno de fato afetou, mas o cenário siderúrgico americano segue preocupando com o aumento das importações na região.

“Nesse sentido, acreditamos que a implantação de uma política antidumping nos EUA funcionaria como um forte catalisador potencial para as ações de Gerdau e é algo a ser observado de perto, ainda que não existam grandes avanços em relação a isso”, complementam os analistas.

Continua depois da publicidade

CSN
Por outro lado, a CSN (CSNA3) liderou as perdas do Ibovespa nesta sessão, com queda de 3,46%, a R$ 8,93. A companhia teve um lucro líquido de R$ 52 milhões no 1º trimestre de 2014, contra R$ 16 milhões obtidos um ano antes. O resultado foi bem abaixo dos R$ 205,8 milhões esperados pelos analistas. Já o Ebitda mostrou forte crescimento de 59,6% em relação aos primeiros três meses de 2013, somando R$ 1,44 bilhão. O forte resultado da linha de mineração e o crescimento menor das despesas colaborou para o avanço operacional, mas o prejuízo financeiro de R$ 741 milhões afetou a última linha da demonstração de resultados. 

Para a equipe da XP Investimentos, pesou negativamente a piora no ciclo financeiro, especialmente na questão da gestão de estoques com o prazo médio de giro aumentando em 12 dias. “O nível de estoques também cresceu, o que acreditamos ser resultado da manutenção do nível de produção no 1T14 próximo ao 4T13. Tal nível de produção ajuda a companhia a entregar uma margem elevada, mas em contrapartida elevou o nível de estocagem, o que deve ser visto com certo receio, dado o fraco desempenho do mercado siderúrgico”, destacaram em relatório.

Banco do Brasil
O Banco do Brasil (BBAS3) teve lucro líquido recorrente de R$ 2,436 bilhões, queda anual de 9,3% e levemente abaixo do esperado pelo mercado para o primeiro trimestre, período em que o crescimento ainda forte da carteira de crédito foi contrabalançado por maiores despesas e fraco avanço das receitas com tarifas. A previsão média de analistas ouvidos pela Reuters apontava para R$ 2,512 bilhões para esta linha. As ações do Banco do Brasil fechou com alta de 1,26%, cotadas a R$ 25,01.

Continua depois da publicidade

Segundo a Planner Corretora, eles destacam o cumprimento do guidance de 2014, com destaque para o crescimento da margem financeira bruta, da carteira de crédito, notadamente no segmento do agronegócio, com performance acima do estimado. Por outro lado, as despesas administrativas registraram crescimento acima do esperado pelo banco.

Smiles
Fora do índice, destaque para a Smiles (SMLE3, R$ 43,26, +1,79%), que após o balanço viu suas ações subirem forte, renovando assim sua máxima histórica – desde seu IPO, em abril de 2013, os papéis da empresa de programa de fidelidades da Gol (GOLL4) acumula ganhos na faixa de 100%.

A empresa reportou lucro líquido de R$ 78,3 milhões no período, mais que o dobro do resultado positivo de R$ 29,8 milhões obtido um ano antes. O resultado foi impulsionado em parte por salto de 61% na receita líquida, para R$ 188 milhões, com o lucro operacional crescendo 58,7% sobre o primeiro trimestre de 2013. A margem bruta, porém, encolheu 4,9 pontos percentuais, para 46,9% sobre um ano antes, caindo também na comparação com o quarto trimestre de 2013, quando havia sido de 51,8%.

Continua depois da publicidade

O número de participantes teve alta de 7,4%, para 9,86 milhões, enquanto o volume de parcerias avançou no mesmo ritmo, a 218. O resgate de milhas subiu 6,1% no período. A Smiles afirmou que a taxa de milhas vencidas e não resgatadas, indicador conhecido como “breakage”, encerrou o primeiro trimestre em 16,9% ante 17,5% no mesmo período de 2013 e 15,5% na comparação com os quarto trimestre do ano passado.

Mills
As ações da Mills (MILS3) registraram perdas de 2,94%, a R$ 26,70, após a divulgação dos números do primeiro trimestre. A companhia teve um lucro líquido de R$ 34 milhões no período, representando uma baixa de 14% quando comparado ao mesmo período do ano passado, resultado da ampliação de despesas financeiras. 

Já o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) totalizou R$ 108 milhões, com crescimento de 12% frente o ano anterior. A margem Ebitda (Ebitda/receita líquida) passou de 49% para 52%. 

Continua depois da publicidade

Apesar da queda das ações, o BB Investimentos avalia que a companhia apresentou bons números no período, destacando a recuperação de margens no trimestre. “Embora a receita tenha ficado pouco abaixo das expectativas, os menores custos com vendas e assistência técnica contribuíram para uma melhora na margem Ebitda”, afirma o analista Wesley Bernabé.

Bematech
Após divulgar os números do primeiro trimestre, a Bematech (BEMA3) registrou ganhos de 1,57%, a R$ 9,04, amenizando ganhos após chegar a subir 3,26% mais cedo. A empresa registrou um lucro líquido de R$ 11,7 milhões no primeiro trimestre de 2014, alta de 62,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. Já o Ebitda alcançou R$ 19,7 milhões, alta de 34,1% frente 2013. Por outro lado, a companhia registrou um aumento de 20,7% nas despesas de vendas e administrativas, para R$ 29,3 milhões. 

Já a receita líquida total da empresa no trimestre foi de R$ 95,5 milhões, um crescimento de 22,7% ante o ano anterior, considerando a consolidação da RJ Participações, empresa adquirida em janeiro desse ano. “Iniciamos 2014 focados em nosso novo posicionamento estratégico, e a prova de que estamos no caminho certo é que o primeiro trimestre de 2014 se consolidou como o 10º trimestre de crescimento consecutivo. Consolidamos nosso portfólio por verticais e reforçamos nossa política de canais, iniciativas que impactaram nossos números diretamente”, afirmou Cleber Morais, presidente da Bematech.

Continua depois da publicidade

BR Malls
A BR Malls (BRML3, R$ 19,30, 0,00%) também viu suas ações registrarem queda de mais de 1%. A companhia viu seu lucro cair e a receita desacelerar no primeiro trimestre na comparação anual, mas manteve a previsão otimista para o desempenho em 2014. O lucro líquido foi de R$ 53,7 milhões entre janeiro e março, queda de 9,5% ante o mesmo período do ano passado.

O resultado teve impacto da provisão de imposto de renda não caixa da reversão de depreciação e amortização fiscal, reconhecido antecipadamente neste trimestre, disse a BR Malls nesta terça-feira. A receita líquida avançou 11,2%, a R$ 322,4 milhões. No primeiro trimestre de 2013, a receita da companhia foi de R$ 290 milhões, um avanço de 19,1% sobre 2012.

Apesar da desaceleração e da queda das ações, o resultado ficou acima do esperado. A média das estimativas obtidas pela Reuters apontava para um avanço da receita de 8,7% entre janeiro e março na comparação com o ano anterior.

O Ebitda ajustado subiu 14,4% na mesma base de comparação, a 254,3 milhões de reais. “Mantemos o otimismo com o nosso desempenho para o ano de 2014, mesmo com as incertezas geradas pelos grandes eventos que teremos no ano”, disse a companhia em seu relatório de resultados.

Banco Pine
Já o Banco Pine (PINE4) viu suas ações subirem 6,50%, para R$ 7,87, após reduzir o percentual mínimo de ações em circulação por meio de um novo programa de recompra de ações. Segundo comunicado, a companhia deverá manter em livre circulação, no mínimo, ações representativas de 23,00% de seu capital. Com isso, a empresa deverá, posteriormente, readequar o percentual mínimo em circulação por meio da alienação de 3 montantes, passando o percentual mínimo em circulação para 23,67%, 24,33% e 25,00%.

Triunfo
Após subirem 6,67% na véspera, as ações da Triunfo Participações (TPIS3) avançaram 0,22% neste pregão, atingindo os R$ 8,98 – na máxima do dia, os ativos cehgaram a se valorizar 7,03%. Na véspera os papéis foram impulsionados pelo resultado da companhia, que mostrou que o lucro líquido subiu 760%, passando de R$ 18,1 milhões um ano atrás para atuais R$ 156,4 milhões.

Já o Ebitda passou de R$ 148,6 milhões para R$ 353,3, alta de 137%, enquanto a receita líquida subiu 94,7%, atingindo R$ 474,2 milhões. A companhia destacou que em janeiro foi aprovado pelo BNDES o financiamento de longo prazo no montante de R$1,5 bilhão. Além disso, no mesmo mês, a Triunfo assinou um contrato com a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) de concessão para administrar as BRs 060, 153 e 262, pelo prazo de 30 anos.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.