KLBN11: Por que o Goldman Sachs não recomenda mais a venda das ações da Klabin

Goldman Sachs elevou Klabin de venda para neutro em meio a iniciativas financeiras

Murilo Melo

Publicidade

O banco de investimento Goldman Sachs revisou sua classificação sobre as ações da Klabin (KLBN11), elevando a recomendação de venda para neutro. A decisão se baseia na análise dos estrategistas financeiros sobre as recentes publicações da empresa e as condições do mercado de celulose. A unit da empresa fechou a sessão do Ibovespa da última quinta-feira (31) com as ações em alta de 0,34%, sendo negociadas a R$ 20,86.

A expectativa anterior de queda nos preços da celulose, aliada ao crescimento limitado dos lucros e à pressão sobre o balanço patrimonial devido ao alto capital de giro e à alavancagem, motivou a avaliação anterior, segundo os analistas do Goldman Sachs. Contudo, com os preços da celulose agora 26% abaixo de seus níveis máximos históricos, os especialistas consideram positivo o anúncio de que a Klabin reforçou compromissos para desalavancar sua estrutura financeira.

Entre as ações destacadas no relatório, estão a redução dos dividendos de 15-25% do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) para 10-20% e a meta de redução da alavancagem de 4,5x dívida líquida/Ebitda para menos de 4 vezes. Essas medidas, segundo o banco, indicam uma disposição da empresa em reforçar sua saúde financeira, o que, completam os analistas, alivia preocupações sobre o fluxo de caixa livre.

Os analistas do Goldman Sachs acreditam que a pressão sobre o fluxo de caixa livre deverá atingir seu pico neste ano, seguido por uma recuperação positiva. Isso seria impulsionado pela normalização dos investimentos em capital e um crescimento moderado nos lucros. No entanto, eles alertam que o rendimento acumulado de fluxo de caixa livre deve ser inferior ao dos concorrentes, estimando 21% para o período de 2025-2027, em comparação a uma média de 32% do grupo de pares.

Outro ponto destacado no relatório é a parceria da Klabin com um fundo florestal, que busca monetizar entre R$ 1,8 e R$ 2,7 bilhões em ativos florestais. Essa iniciativa, que ainda depende de aprovação regulatória, para os analistas promete trazer benefícios sem comprometer a estrutura de custos da empresa.

Preços da celulose

Apesar da análise otimista, o banco observa que o risco de queda nos preços da celulose ainda persiste. A utilização em queda da madeira de lei e um sentimento macroeconômico negativo podem impactar as intenções de reabastecimento dos compradores. No entanto, também levam em consideração a diversificação das fibras utilizadas pela Klabin, incluindo fibras de madeira macia e fluff, que pode atenuar esse impacto.

Continua depois da publicidade

No que diz respeito ao mercado de papel, os analistas projetam um aumento nos volumes de vendas, embora esperem que isso seja compensado por um crescimento de preços limitado, visto que o mercado global de papelão e kraftliner permanece desfavorável.

Com essas atualizações, o Goldman Sachs indica que a Klabin está em um caminho de recuperação, respaldada por compromissos de desalavancagem e estratégias de monetização de ativos, mas permanece cauteloso em relação às condições do mercado. A nova classificação sugere uma expectativa de estabilidade em um cenário ainda incerto para o setor.

Desalavancagem

O Bradesco BBI considerou as iniciativas voltadas à exploração dos ativos florestais no Projeto Caetê e a revisão das políticas de dividendos e alavancagem financeira da Klabin como mudanças favoráveis, prevendo que a Klabin poderá desalavancar-se de maneira mais rápida, ao mesmo tempo que estabelece uma estrutura mais eficiente para a exploração de seus ativos florestais.

Continua depois da publicidade

De acordo com as análises do BBI, a alavancagem financeira deve cair para 2,8 vezes, abaixo da previsão inicial de 3,0 vezes, e poderá reduzir ainda mais para 2,7 vezes se uma injeção de R$ 900 milhões se concretizar. A nova política de dividendos é vista como um passo importante para equilibrar o retorno aos acionistas com o crescimento sustentável da companhia.

Por sua vez, o Morgan Stanley avaliou as mudanças como um sinal positivo, pois deverão acelerar o processo de desalavancagem. Os analistas esperam que a entrada de caixa de R$ 1,8 bilhão reduza a dívida líquida em 6% no segundo trimestre de 2025, impactando a alavancagem em 0,3 vez. Contudo, a revisão na política de dividendos foi considerada negativa, uma vez que diminui os retornos para os acionistas.

Apesar das expectativas de queda nos preços da celulose em 2025, o Morgan Stanley manteve sua recomendação de compra e preço-alvo de R$ 29 para as ações da Klabin. A companhia deve se beneficiar de tendências positivas no setor de papel, com a incorporação de novas máquinas que poderão impulsionar a receita e expandir a lucratividade, em um cenário de menor alavancagem operacional.