Klabin (KLBN11) vê continuidade da deterioração de preços da celulose no 2º trimestre

Executivos participaram de teleconferência sobre resultados do 1º trimestre

Augusto Diniz

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Os preços de papel e celulose se deterioraram no primeiro trimestre deste ano, conforme mostram os balanços de empresas do setor. E as notícias para o 2º trimestre continuam não sendo animadoras.

“O mercado vem se deteriorando desde o primeiro trimestre, com mais intensidade no segundo trimestre, principalmente na China, onde a gente sofreu queda mais abrupta de preço, dado o contexto de demanda mais reprimida, entrada de novas capacidades e toda a questão macroeconômica impactando aumento de custos de forma geral – com a pressão inflacionária”, disse Alexandre Nicoline, diretor de negócios de celulose da companhia, durante teleconferência de resultados, sobre os resultados do primeiro trimestre.

Segundo ele, o mercado permanecerá desafiador do ponto de vista de demanda. “A Klabin tem menor exposição ao mercado da China, o que não significa que não vendemos para aquele mercado. Dado todo contexto já de contratação de volumes de produção do ano passado para esse ano, o foco nosso foi concentrar as vendas em mercados maduros na Europa, Estados Unidos e Brasil”, disse.

“A gente enxerga níveis de preço bastante deprimidos, abaixo do custo marginal de produção. Isso já levou alguns produtores integrados de papéis a interromper a produção de celulose e passaram a comprar alguns volumes do mercado”, revelou.

Nicoline comentou também que o processo de reestocagem (de celulose) ainda não aconteceu nos principais produtores de papeis, embora os níveis de estoque desses produtores estejam bastante baixos. Mas ele crê que o processo de estocagem deve acontecer nos próximos meses, mas disse não saber o nível de intensidade disso.

Klabin: Foco em tissue

O segmento de imprimir e escrever também segue bastante desafiador, disse o executivo. “A gente enxerga alguns produtores integrados colocando algum volume de celulose, concorrendo com produtores não integrados. Isso tem colocado uma pressão adicional do ponto de vista de preço. Porém, o lado cheio do copo é que o segmento de tissue continua a operar com taxa de ocupação bastante elevada. A gente tem concentração maior de vendas para esse segmento de tissue e isso tem ajudado a escoar nossas vendas”, explicou o diretor.

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Cristiano Teixeira, CEO da Klabin, fez questão de ressaltar que no total do volume de produção de celulose e papel da companhia, a exposição da empresa é pequena em celulose de fibra curta na China – produto em que o preço mais caiu e onde parte do mercado global já afirma que a produção para fornecimento não compensa devido ao custo.

A Klabin, segundo o CEO, tem mais exposição de China ao cartão para alimentos em líquidos, mercado crescente na Ásia.

Teixeira exaltou o fato ainda de a empresa ter crescido em Ebitda no 1T23, mesmo com o momento difícil. “Diante de um cenário de mercado desafiador, com incertezas macroeconômicas e geopolíticas, que gerou perdas de rentabilidade nos mercados em função de queda de preço dos produtos e inflação de custos para os produtores de papel e celulose, a Klabin alcançou Ebtida de R$ 1,9 bilhão”, disse o executivo.

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Investimentos

Por conta da conjuntura atual, o CEO não vê investimentos estruturais grandes à frente. A alocação de capital nesse mercado incerto, “de taxa de juros alta e inflação pressionada”, para ele, é algo preocupante.

“Isso tudo tem provocado perda de renda no Brasil e no mundo. Isso tem gerado deterioração de preços. Isso faz com que as empresas busquem a eficiência no limite de suas operações”, disse.

“Então, qualquer sinalização de alocação de capital para grandes investimentos transformacionais está prorrogada, neste momento. A Klabin não tem nenhuma visão a ser proposta para o conselho de administração de investimentos (de locação de capital) neste momento”, acrescentou.

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“Vemos um mercado desafiador (no 2T23) e um cenário global de inflação com continuidade da deterioração (de preço) de celulose e kraftliner. Isso é minimizado pelo modelo de negócios integrados da Klabin na unidade de embalagens e na demanda do segmento de tissue”, avaliou Teixeira.