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Após uma semana de olho em sinalizações do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) sobre corte de juros no País, investidores terão nesta sexta-feira (23) a “cereja do bolo” do Simpósio de Política Econômica de Jackson Hole. O evento, que começou na quinta-feira e seguirá até sábado com representantes dos principais bancos centrais do mundo, conta com o discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, hoje às 11h.
As atenções se voltarão para qualquer sinalização sobre a dimensão do potencial corte de juros que deve ser realizado em setembro, na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc).
De acordo com a ferramenta CME Fed Watch, a expectativa maior é de corte de 0,25 ponto percentual (75% de probabilidade). A previsão se tornou um pouco mais forte hoje (ontem, era de 62% de chance), após novos dados econômicos dos EUA. As apostas por um corte maior (de 0,50 p.p.), que se elevaram nos próximos dias, se acomodaram em 25% de chances na ferramenta do CME.
O recuo tem relação com os dados do mercado de trabalho divulgados nesta quinta, que reforçaram o argumento de que há um esfriamento do mercado de trabalho norte-americano, com operadores elevando as apostas de um corte de 0,25 ponto percentual dos juros na reunião de setembro do Federal Reserve – e não de 0,50 p.p.
Por aqui, o Ibovespa, ontem, fechou em queda após renovar máximas históricas nos últimos dias embalada pelas perspectivas de cortes de juros nos EUA. “É uma realização de lucros, após vários dias de alta e renovação de marcas históricas”, avaliou a estrategista Jennie Li, da XP, que atribui a performance positiva dos últimos dias em grande parte à volta dos investidores estrangeiros pela chance de corte de juros lá fora. A casa projeta o Ibovespa em 147 mil pontos até o fim do ano.
Até a véspera, quando renovou seu topo histórico intraday em 137.039,54 pontos, o Ibovespa chegou a acumular uma alta de mais de 7% em agosto considerando a máxima do pregão. Com a correção negativa nesta sessão, soma agora um ganho de quase 6%
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O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto estará presente no Simpósio mas não deve discursar nesta sexta-feira, apenas no sábado. Mesmo assim, palavras duras vindas do Banco Central do Brasil (BC) não faltaram sobre a política monetária doméstica ontem. Tanto Gabriel Galípolo quando Diogo Guillen, membros do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) expressaram preocupação com o cenário atual para a inflação.
O que vai mexer com o mercado nesta 6ª feira
Agenda
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, segue em programação no Simpósio de Jackson Hole. Nesta manhã, o mandatário participa (sem previsão de discursos) de evento transmitido online às 8h. Mais tarde, às 8h30 e às 19h estará presente em mais agendas no Simpósio, abertas à imprensa apenas presencialmente. Fernando Haddad se reunirá com o coordenador do movimento “Derrubando Muros” às 10h, e com o diretor da ANCINE, para tratar de assuntos relacionados ao Audiovisual Brasileiro, às 11h. Já o presidente Lula cumpre agenda em Hortolândia, São Paulo.
Brasil
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8h: IPC-S
EUA
11h: Discurso de Jerome Powell
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11h: Venda de casas novas
14h: Contagem de sondas Baker Hughes
Mercados Internacionais
Os índices futuros dos EUA operam com leve alta, em novo dia de compasso de espera pelo tão aguardado discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole, em meio a expectativa por mais indicações sobre a política monetária americana.
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Embora ainda exista algumas dúvidas sobre a magnitude e a frequência das reduções, Powell deve fazer uma breve revisão de onde as coisas estão e dar algumas orientações sobre o que está por vir.
Já o iene se fortaleceu em relação ao dólar após comentários agressivos do governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda.
Ueda
O governador do Banco do Japão, Kazuo Ueda, decepcionou alguns ao dizer que o banco central ainda planeja aumentar as taxas de juros se a economia e a inflação ocorrerem conforme o previsto.
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As falas de Ueda no parlamento colocaram fim à especulação de que o BC japonês poderia recuar em elevar juros novamente devido à turbulência registrada.
Kamala Harris
A vice-presidente Kamala Harris aceitou formalmente a indicação de seu partido no último dia da Convenção Nacional Democrata. Harris alertou eleitores sobre um possível risco à democracia caso Donald Trump seja eleito e pregou união entre o povo americano.
A democrata prometeu reduzir o custo de vida, cortar impostos para a classe média, tornar a moradia mais acessível para os americanos, aprovar a lei de fronteira, assegurar que os EUA tenham a mais poderosa força militar, que o país lidere nas questões do século 21, como espaço e inteligência artificial.
Economia
Selic
Em um discurso duro, Galípolo afirmou que suas falas recentes não colocaram o BC em um “corner” em relação ao que será feito com a Selic em setembro, mas repetiu que a autarquia subirá a taxa básica se necessário. “Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, afirmou.
Nos últimos dias têm ganhado força entre instituições financeiras a avaliação de que, em função de falas recentes de Galípolo, consideradas hawkish (duras com a inflação), o BC terá que subir a Selic em pelo menos 25 pontos-base em setembro mesmo em meio à relativa melhora do cenário externo, já que as taxas futuras precificam isso.
Na prática, seria uma profecia autorrealizada: a fala de Galípolo forçou a alta das taxas dos DIs, que passaram a precificar Selic maior no curto prazo, e o BC seria obrigado a elevar a taxa básica justamente para não estressar ainda mais a curva a termo. Ofuscado pela fala da tarde de ontem de Galípolo, o diretor de Política Econômica do BC, Diogo Guillen, também demonstrou pela manhã preocupação com o cenário “mais desafiador” para a inflação.
Dólar
Não foi só sobre a Selic que Galípolo teceu comentários na quinta-feira. O diretor do BC também detalhou, em outro evento no mesmo dia, esforços da autarquia em busca de eventual controle sobre o câmbio. Galípolo afirmou que o BC cogitou, debateu e chegou muito próximo a fazer uma intervenção no câmbio, mas considerou que uma atuação poderia ter efeito contraproducente.
O diretor disse, ainda, que a autarquia não quer passar a ideia de que não está analisando eventual necessidade de intervenção, reafirmando que a autoridade monetária só atua nessa área se detectar disfuncionalidades no mercado, não perseguindo um determinado patamar do dólar. “E por esses parâmetros a gente assistiu movimentos bastante relevantes, mas acho que era momento que, pela idiossincrasia, talvez uma intervenção pudesse ser contraproducente pelo sinal passado para o mercado”, considera. A divisa norte-americana ganhou fôlego na parte da tarde logo após as falas do diretor sobre a Selic.
Meta Fiscal
O Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que as projeções do governo para o resultado primário em 2025 apresenta “duplo risco”, devido à possibilidade de frustrações de receitas e aumento das despesas obrigatórias. O órgão chama atenção ainda para a limitação nas regras de contingenciamento de gastos. O alerta foi feito à equipe econômica em relatório que analisa o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2025, enviado pelo Poder Executivo em abril ao Congresso Nacional.
Regras sobre JCP
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva enviará ao Congresso na próxima semana um projeto de lei com ajustes em regras da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) e de Juros sobre Capital Próprio (JCP).
Em entrevista à imprensa, Haddad ponderou que a aprovação dessas iniciativas arrecadatórias apenas será necessária se medidas de compensação da desoneração salarial de setores da economia não gerarem receitas suficientes para neutralizar o efeito fiscal do benefício nos próximos anos.
Haddad disse ainda que o projeto de reforma do Imposto de Renda deve ser enviado ao Congresso neste ano, prevendo que as discussões sobre o tema no governo estarão maduras em até 60 dias. Ele enfatizou que a medida não será arrecadatória, buscando efeito neutro nas receitas.
Sucessão no BC
As conversas sobre o novo presidente do Banco Central seguem, de acordo com Fernando Haddad, e o governo deve conversar com o Congresso sobre a possibilidade de a sabatina do nome indicado ocorrer ainda no “recesso branco” dos parlamentares. O período anterior à realização das eleições é marcado por trabalho em ritmo reduzido dos congressistas mas há possibilidade de realização da sabatina mesmo assim.
“Tudo está programado para uma conversa entre Senado e Planalto sobre a possibilidade de fazermos a sabatina durante esse processo de recesso branco, vamos dizer assim. Exatamente para evitar qualquer tipo de problema com eles”, disse Haddad a jornalistas no ministério. Segundo o ministro, a previsão para o anúncio dos indicados depende da “simpatia” do Senado em relação ao tema.
Política
Vazamento
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou nesta quinta-feira (22) a apreensão do telefone celular e as quebras dos sigilos telemático, telefônico, bancário e fiscal de Eduardo Tagliaferro, um ex-assessor do magistrado alvo de uma investigação sobre vazamento de mensagens em que ele e outros auxiliares tratam, de forma não oficial, de pedidos de produção de relatórios pela Justiça Eleitoral para embasar decisões de Moraes contra bolsonaristas, publicadas pela Folha de S.Paulo.
Empate técnico
O influenciador Pablo Marçal (PRTB) alcançou 21% das intenções votos na disputa pela Prefeitura de São Paulo, mesmo patamar do deputado Guilherme Boulos (PSOL), que oscilou de 22% para 23%, e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que foi de 23% para 19%, segundo o Datafolha.
(Com Reuters)