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SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em baixa no Brasil, novamente na contramão do mercado de Treasuries, com investidores ajustando posições após a forte alta da véspera e reagindo aos dados acima do esperado da arrecadação federal em dezembro, que sugerem um cenário fiscal mais favorável.
Na segunda-feira, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) tiveram altas firmes após o governo divulgar o plano “Nova Indústria Brasil”, que prevê 300 bilhões de reais em financiamentos até 2026. O anúncio piorou a percepção no mercado sobre o risco fiscal brasileiro, ainda que operações do BNDES sustentem o programa — o que não necessariamente trará impacto fiscal para o Tesouro.
Nesta segunda-feira, a sessão foi de correção.
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“O barulho feito em relação ao Nova Indústria Brasil, em que se falou de 300 bilhões de reais (em financiamentos), pegou bastante ontem na nossa curva (de juros)”, pontuou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “Mas hoje (terça-feira) o mercado começou a ver que talvez o impacto fiscal não seja tão grande.”
A divulgação de números acima do esperado da arrecadação federal em dezembro, pela manhã, serviu de gatilho para que a percepção de risco em relação ao fiscal melhorasse, o que fez as taxas dos contratos futuros de juros recuarem no Brasil.
A Receita Federal informou que a arrecadação de dezembro subiu 5,15% ante o mesmo mês do ano anterior, para 231,2 bilhões de reais. O dado veio acima da expectativa indicada em pesquisa da Reuters, que apontava para arrecadação de 227,3 bilhões de reais.
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No ano de 2023, a arrecadação teve queda real de 0,12% ante 2022, para 2,318 trilhões de reais, mas ainda assim foi a segunda melhor da série histórica iniciada em 1995.
“Se ontem houve pressão pelo fiscal, hoje a divulgação de dados de arrecadação melhores que o esperado trouxe um alívio para a curva”, disse Sueishi.
A queda das taxas dos DIs ocorreu a despeito da alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior, com investidores ainda reduzindo apostas de corte de juros pelo Federal Reserve em março e se posicionando antes de leilões de títulos que acontecem até quinta-feira.
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Foi a quarta sessão consecutiva em que a curva brasileira operou na contramão da curva norte-americana, em um sinal de que questões locais, ainda que Brasília esteja em marcha lenta em função do recesso parlamentar, seguem no radar dos investidores.
A divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), na próxima sexta-feira, vem sendo citada como evento que pode voltar a mexer com a curva de juros. A percepção é de que uma inflação mais pressionada pode alterar as projeções para a taxa Selic terminal — hoje precificada em torno de 9% para o fim de 2024.
Na prática, um IPCA desfavorável pode mexer com as taxas na ponta curta da curva a termo, com alguns participantes do mercado alterando a precificação para a Selic terminal. Atualmente, a taxa básica está em 11,75% ao ano.
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No fim da tarde desta terça-feira a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,09%, ante 10,086% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,79%, ante 9,816% do ajuste anterior.
Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 9,97%, ante 9,989%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,225%, ante 10,244%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,63%, ante 10,655%.
Perto do fechamento a curva a termo precificava 99% de chances de o corte da taxa básica Selic na semana que vem ser de 0,50 ponto percentual.
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Às 16:37 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 4,60 pontos-base, a 4,1397%.
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