Juro de curto prazo fecha em queda pós-Copom, mas declaração de Lula contém movimento

Taxas de longo prazo tiveram leve alta

Reuters

Foto: Reuters
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As taxas dos DIs passaram por forte ajuste de baixa nesta quinta-feira, 20, em especial entre os contratos mais curtos, com investidores retirando prêmios da curva a termo após o Copom decidir em votação unânime manter a taxa básica Selic em 10,50% ao ano, como demandava o mercado.

No entanto, críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e à decisão do colegiado impactaram as taxas, que encerraram o dia longe das mínimas de mais cedo. Entre os contratos longos, as taxas viraram para o positivo ante do fechamento.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 — que reflete a política monetária no curtíssimo prazo — estava em 10,625%, ante 10,712% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 11,225%, ante 11,349% do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,61%, ante 11,669%.

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Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,2%, ante 12,166%, e o contrato para janeiro de 2033 marcava 12,22%, ante 12,173%.

As taxas abriram a sessão em forte queda, reagindo ao fato de todos os nove integrantes do Comitê de Política Monetária do BC terem votado pela manutenção da Selic. A unanimidade, na visão do mercado, reduziu os ruídos criados na reunião anterior, em maio, quando houve placar dividido de cinco a quatro pelo corte de 25 pontos-base.

A divisão de maio deu força à ideia de que, com a saída de Campos Neto do BC no fim deste ano e a nomeação de um novo presidente, indicado por Lula, o Copom se tornará mais suscetível à influência política. A unanimidade de quarta-feira afastou em parte este temor.


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Assim, os juros futuros reagiram em baixa ao Copom, em especial na chamada “barriga da curva”, entre os contratos até janeiro de 2026. Às 11h19, a taxa do DI para janeiro de 2026 estava na mínima de 11,135%, em queda de 21 pontos-base ante o ajuste da véspera (11,349%).

“A narrativa de um Copom dividido na última reunião, em maio, foi muito ruim no último mês. Então, em um primeiro momento, a percepção sobre a decisão de ontem foi positiva em relação ao alinhamento do comitê”, comentou durante a tarde Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos. “Mas a curva voltou um pouco com o Lula”, acrescentou.

Em entrevista à rádio Verdinha, em Fortaleza, Lula lamentou que o Copom tenha interrompido os cortes da Selic e disse que quem mais perde com isso é o Brasil.

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“A decisão do Banco Central foi investir no mercado financeiro, foi investir nos especuladores que ganham dinheiro com juros. Nós queremos investir na produção”, pontuou Lula, que também voltou a criticar diretamente Campos Neto.

Com as declarações de Lula as taxas dos DIs se distanciaram das mínimas, em movimento ajudado ainda pela alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior. Às 13h44, a taxa do contrato para janeiro de 2026 atingiu a máxima de 11,245%, em baixa de 10 pontos-base ante o ajuste anterior (11,349%).

Na ponta longa da curva, as taxas cederam bem menos ao longo do dia, em função do exterior e das preocupações persistentes com o equilíbrio fiscal brasileiro. Perto do encerramento, elas saltaram para o território positivo.

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Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que a decisão do Copom indica a intenção de manter a Selic em 10,50% pelos próximos meses, mas que não está descartado um retorno dos cortes caso a conjuntura seja favorável.

Perto do fechamento, a precificação da curva indicava 77% de chances de manutenção da Selic em 10,50% no próximo encontro do Copom, em julho. Havia outros 23% de probabilidade precificados no sentido de que o colegiado poderá aumentar em 25 pontos-base a Selic.

Às 16h36, a rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 4 pontos-base, a 4,252%.


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