Junho teve alívio, mas calor voltou – e deve seguir como peso para varejistas na B3

Temperaturas ainda estão ligeiramente acima da média dos últimos 4 anos

Felipe Moreira

Vista do amanhecer na praia de Porto Novo, na região sul de Caraguatatuba, no   litoral de São Paulo (BIANCA CANADA DA SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)
Vista do amanhecer na praia de Porto Novo, na região sul de Caraguatatuba, no litoral de São Paulo (BIANCA CANADA DA SILVA/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

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Embora junho tenha começado com uma forte queda de temperatura, ela foi rapidamente seguida por uma reversão do clima em diversas cidades do Centro Sul, o que levou a XP Investimentos a manter a cautela com ações do varejo no segundo trimestre deste ano.

Segundo monitor de temperatura nas 10 principais capitais do Brasil, as temperaturas ainda estão ligeiramente acima da média dos últimos 4 anos em 80% das cidades monitoradas, com São Paulo (+3,8ºC), Goiânia (+1,9ºC) e Porto Alegre (+1,7°C) se destacando.

Olhando para o futuro, as previsões do Weather Channel para São Paulo para a próxima semana apontam que as temperaturas mínimas esperadas estarão acima da média dos últimos dois anos. Enquanto isso, o INMET continua apontando para uma alta probabilidade (+50%) de temperaturas acima do normal em acima do normal em junho e julho na maioria das regiões do país.

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Além disso, segundo a XP, as vendas do fim de semana passado para o Dia dos Namorados, que será na próxima quarta-feira (12), foram mais fracas do que o esperado.

Diante disso, analistas da XP acreditam que as recentes tendências climáticas devem ser um obstáculo para o crescimento e as margens do segundo trimestre, enquanto as taxas de juros mais altas também podem pressionar a demanda no segundo semestre.

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Dessa forma, eles esperam que as empresas menos dependentes do clima e da renda (por exemplo, Arezzo ARZZ3 e Vivara VIVA3) devem ter um desempenho superior, enquanto preferem a C&A (CEAB3) entre as empresas de renda média, já que suas iniciativas internas em vigor devem ajudar a mitigar parte desses efeitos.

Já a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) espera um aumento de 5,6% na base anual no volume de vendas no varejo para o Dia dos Namorados no Brasil, totalizando R$ 2,59 bilhões. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) espera ver um aumento de 4,2% no tráfego de pedestres em shopping centers; já a Neotrust aponta que o setor de comércio eletrônico poderá vender cerca de R$ 7,08 bilhões no Dia dos Namorados.

Se as projeções positivas se confirmarem, o Bradesco BBI destaca números melhores para a maioria das empresas brasileiras sob sua cobertura, já que o aumento nas compras de presentes deve impulsionar as vendas de Natura (NTCO3), Grendene (GRND3), Vulcabras (VULC3) e Alpargatas (ALPA4), enquanto o maior tráfego em shopping centers beneficiará restaurantes como ZAMP (ZAMP3), administradora do Burger King Brasil.

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O Itaú BBA, por sua vez, lembra que as ações da C&A caíram 10%, da Guararapes (GUAR3), menos 8% e da Lojas Renner (LREN3), despencaram 16%, devido ao discurso mais sombrio das empresas em relação às tendências de vendas de curto prazo.

Ventos contrários do prolongado clima de verão em abril e maio, bem como a tragédia no estado do Rio Grande do Sul (RS), têm sido tópicos frequentes de discussão e preocupação recentemente. Os investidores agora estão perguntando sobre os impactos potenciais associados para cada empresa.

De acordo com a análise georreferenciada do BBA, o Sudeste viu as maiores anomalias relacionadas à temperatura em maio, que representam cerca de 40% das vendas totais do segundo trimestre.

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No Sul e Nordeste, as condições de temperatura parecem mais alinhadas com a mediana histórica de 10 anos, embora afetadas por chuvas mais intensas (especialmente devido às enchentes trágicas no RS). Isso é corroborado por dados do IDAT de vestuário para maio, que mostraram que o crescimento no Nordeste (alta de 13,3% na base anual) superou o Sudeste (alta de 3,4% na base anual) e Sul (queda de 0,4% comparação anual).

No entanto, sinais de normalização sugerem tendências de vendas fracas, mas provavelmente melhores do que inicialmente antecipado no 2T24. O Itaú BBA reconhece que tem sido um trimestre desafiador, mas as condições climáticas parecem estar convergindo para a mediana dos últimos 10 anos desde o final de maio no Brasil – e acelerando nos primeiros 10 dias de junho.

Já o IDAT mostrou uma aceleração significativa e ampla no final de maio. Isso pode significar tendências de vendas menos desafiadoras no trimestre (dado que 40% das vendas do trimestre são feitas em junho), embora as tendências de vendas ainda estejam sujeitas ao risco de uma possível mudança nas condições climáticas. Como a Guararapes está mais exposta às regiões que mostraram as oscilações climáticas menos significativas em termos relativos, o banco espera que ela apresente tendências de vendas de roupas mais resilientes no 2T24.

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Já a Lojas Renner continua sendo a principal escolha do banco, apesar de ser a mais afetada pelas condições climáticas adversas no 2T24, pois acredita que isso já está precificado, dado o declínio de 16% das ações no último mês.

Portanto, o BBA reitera Renner como sua principal escolha no setor, negociando a 10 vezes P/L para 2025, com base em: i) tendências de vendas potencialmente melhores do que o esperado em junho; e ii) expectativas de melhora no momentum de ganhos no 2S24, impulsionado pela alavancagem operacional, a implementação gradual do novo centro de distribuição para apoiar eficiências de despesas gerais e administrativas e melhora nas tendências da Realize.