JPMorgan revisa cobertura de construtoras e recomenda 2 nomes com valorização de 30%

Recente aumento em disponibilidade de financiamento pode favorecer nomes; dentre os riscos para o setor, está a alta de juros

Camille Bocanegra

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A divisão de análise do banco JPMorgan revisou sua cobertura de construtoras brasileiras e estabeleceu novos preços-alvo para 2025. Dentre as ações em destaque, as construtoras de baixa renda Direcional (DIRR3) e Cury (CURY3) são as preferências dos analistas e podem oferecer valorização de cerca de 32 a 35%.

Os papéis reagem de forma mista manhã desta quinta-feira. As ações da Direcional sobem 1,01%, a R$ 32,16, enquanto a Cury cai 0,32%, a R$ 24,90, às 14h (horário de Brasília).

A preferência pelos nomes se justifica, principalmente, pelo recente aumento da disponibilidade de financiamento. Segundo explica a análise, a presença de maior orçamento de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FTGS) e redução de incentivos a hipotecas no âmbio do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) pode permitir crescimento de curto prazo para as companhias.

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Entre as duas, a preferência é para Direcional, que é classificada como overweight (peso superior, similar a compra). A Cyrela (CYRE3) também é vista com otimismo e detém um dos maiores upsides na análise do banco estrangeiro. O JPMorgan projeta, a princípio, potencial de valorização de 53%. No entanto, o nome tende a sofrer no curto prazo por “mini-ciclo de alta” que é esperado para os próximos meses nas taxas de juros no Brasil. O banco estrangeiro projeta Selic a 11,5% a.a., com alta de 1 ponto percentual nos próximos quatro meses.

Mesmo com expectativas positivas para a companhia no terceiro trimestre de 2024, em termos operacionais, os fortes fundamentos podem ser ofuscados pelos juros. A expectativa do banco é que investidores voltem a se interessar pelo nome quando o ciclo de flexibilização de taxa de juros for retomado.

Riscos para segmento de baixa renda

A análise elenca dois riscos principais para o segmento. O primeiro deles seria o financiamento de hipotecas como principal risco para o desempenho do setor. No entanto, a expectativa do banco é que não haja problemas significativos no curto prazo. A segurança vem da movimentação governamental de apoio ao programa, em especial considerando recente revisão do orçamento de 2024 em mais R$ 25 bilhões.

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O aumento da Selic também tende a assustar e manter investidores mais defensivos em relação ao setor, com a projeção da taxa básica a 11,5% a.a.. Não somente o custo de hipotecas poderia ser impactado para o segmento de médio e alta renda quanto também poderia ser um obstáculo para o sentimento do consumidor. Com a presença de taxas de juros mais altas, a velocidade de vendas poderia ser impactada no curto prazo.

“De acordo com nossos cálculos, o aumento esperado de 100bps na Selic poderia ter um impacto negativo de 30-70bps na velocidade de vendas de média e alta renda, com base nos dados da Secovi para a cidade de São Paulo”, afirma a análise.

Confira a visão do banco para nomes do setor:

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