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De olho nas oportunidades no mercado de ações no segundo semestre de 2024 na América Latina, a equipe de estratégia do JPMorgan manteve exposição overweight (acima da média) para o Brasil e para o Chile, neutro em México e underweight (abaixo da média) para Colômbia e Peru. Do ponto de vista de setores, a exposição é overweight no setor imobiliário, financeiro, industrial, consumo básico e underweight em energia, telecomunicações e TI.
Ainda assim, o banco revisou sua projeção para o Ibovespa para baixo em cerca de 5% (mais exatos 4,9%), de forma a refletir uma deterioração nas expectativas no início do ano, como o cenário fiscal e a pausa do ciclo de flexibilização monetária, aliada ainda a incertezas externas. Para o fim do ano, no cenário base, o JPMorgan projeta o benchmark da Bolsa brasileira em 135 mil pontos (ante 142 mil pontos na projeção anterior) ao fim do ano, 10% acima do fechamento da última segunda-feira. No cenário otimista, iria para 140,5 mil pontos, alta de 15%. No ambiente mais negativo, cairia para 113.700 pontos, baixa de 7%.
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O banco ainda vê as ações no Brasil como descontadas, negociando a 7,4 vezes o múltiplo de preço sobre o lucro contra uma média de 10,7 vezes nos últimos 10 anos e com um desconto de 40% em relação aos mercados emergentes.
“Acreditamos que, dentro da América Latina, o Brasil continua sendo a melhor opção, com potencial de receber fluxos se o cenário externo se acalmar. Isto é especialmente verdade agora que a incerteza política está de volta ao México”, avalia o JPMorgan, que tem overweight em Brasil não só na América Latina, como também nos mercados emergentes. Enquanto isso, a recomendação é exposição ao setor financeiro e empresas que tenham exposição ao dólar.
Melhora no segundo semestre?
Para Emy Shayo e a equipe de estrategistas que assinam o relatório do JPMorgan, os fatores globais permitem um melhor segundo semestre para a América Latina em geral. Um corte de juros pelo Federal Reserve em novembro, seguido de cortes trimestrais em 2025, deverá permitir que os mercados latino-americanos tenham um melhor desempenho na segunda metade do ano. A recuperação em curso nos PMI globais também deverá ajudar nesta recuperação, ao mesmo tempo que os valuations permanecem pouco esticados (ou seja, as ações no geral estão baratas).
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Por último, mas não menos importante, os economistas do banco esperam que o PIB latino-americano cresça 2,3% em 2025, mais rapidamente do que os 1,4% esperados para 2024, a única região do mundo que deverá registar um crescimento mais elevado no próximo ano, com exceção da Europa Ocidental.
“Espera-se que o PIB dos países desenvolvidos desacelere (2,6% para 2,3%, liderado pelos EUA), e os mercados emergentes também (4,2% para 3,6%), enquanto o desempenho das ações da América Latina continuará atrás de outras regiões em todo o ano de 2024”, avaliam os estrategistas.
O MSCI LatAm é a região com pior desempenho no acumulado do ano e também a única em território negativo (-18%), 32,3 pontos percentuais (p.p.) a menos frente o desempenho com os EUA, “liderado” pela queda do Brasil e do México. A desvalorização cambial de ambos os países e os juros mais elevados nos mercados emergentes exacerbaram a fraqueza dos índices MSCI.
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“No segundo semestre, acreditamos que esses dois mercados possam ter um desempenho positivo, trazendo seus índices locais perto do ponto de onde começaram em 2024. O desempenho dos países andinos deve ser melhor do que o dos dois grandes países; vemos esses índices fechando o ano acima do ponto onde começaram, ajudados pela continuação do processo de flexibilização da política monetária e pela recuperação do crescimento”, avalia.
Contudo, apontam que, para o ano como um todo, os retornos para a América Latina em geral deverão ser inferiores aos das outras regiões de países emergentes.
Com isso, Shayo e equipe acreditam que a chave é estar muito mais focado nos setores e em ações específicas do que nos países em si, enquanto que, especificamente para o Brasil, o noticiário de perspectivas fiscais e transição no Banco Central.
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Escolhas para a carteira
Dois temas estratégicos estão no radar para as principais escolhas dos analistas do banco. Em primeiro lugar, existe a exposição a empresas que têm um fluxo de receitas em dólares ou que estão mais orientadas para as exportações. Estas incluem Suzano (SUZB3), Vale (VALE3), PRIO (PRIO3), o ADR (recibo de ações negociados na Bolsa de Nova York) ERJ da Embraer (EMBR3), a mexicana fabricante de cimentos Cemex e a BRF (BRFS3).
A outra estratégia é escolher ações com maior poder de geração de lucros e com valuations baratos. Exemplos são Itaú (ITUB4), Santos Brasil (STBP3), Natura (NTCO3), Marcopolo (POMO4), Energisa (ENGI11) e Arcos Dorados, que tem a operação do McDonald’s na América do Sul e Central.
“A grande maioria das ações é do Brasil, que tem uma participação ainda maior do que no passado, considerando a atratividade de preço”, aponta.
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Confira a carteira das top picks do JPMorgan para o segundo semestre de 2024:
Mais visões para o Brasil
Shayo e equipe apontam que o Brasil também é impulsionado pelas perspectivas globais, especialmente em duas frentes: 1) Fed e 2) China. O primeiro deve determinar quando haverá a recuperação nos mercados, enquanto o segundo deverá determinar a trajetória das principais matérias-primas e o apetite pelos ativos dos mercados emergentes como um todo.
Enquanto isso, no âmbito local, a boa notícia para o Brasil é que as expectativas são muito baixas neste momento; as taxas de juros não estão mais caindo, as metas fiscais foram revisadas, a temporada de lucros não resultou em revisões para cima e os ativos do Brasil foram afetados negativamente pelos problemas políticos de outros países.
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As duas questões locais que poderão mudar o sentimento neste momento são a transição do banco central e uma mudança na trajetória orçamentária. “É interessante notar que tudo isto acontece num ambiente de bom crescimento, baixo desemprego, inflação estável e contas externas sólidas”, avalia.