JPMorgan e BofA reiteram visão positiva para ações do Brasil e revisam recomendações: “call simples, timing difícil”

Aposta dos estrategistas em call de queda dos juros aumenta, mas JPMorgan destaca que acertar o tempo certo para investir no país é difícil

Lara Rizério

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Apesar da queda recente dos ativos após o envio do arcabouço fiscal ao Congresso, grandes bancos como o JPMorgan e o Bank of America reiteraram a sua exposição overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) para o Brasil dentro de seu portfólio da América Latina.

O JPMorgan, contudo, aponta que o “call” é é simples, mas acertar o “timing” é difícil.

Os estrategistas, liderados por Emy Shayo, afirmam que, desde o início do quarto trimestre de 2022 (4T22), o MSCI México subiu 25%, enquanto o MSCI Brasil caiu 2%.

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“A tese em Brasil é fácil de justificar em uma base tática. Primeiro, as ações devem começar a ter um desempenho melhor
uma vez que as taxas de juros caiam ou, pelo menos, quando as expectativas de cortes maiores forem precificadas na curva de rendimentos. A dificuldade é acertar o timing, considerando os muitos alarmes de falsos começos [de ciclos de cortes] que vimos”, avaliam os estrategistas.

Ainda assim, houve algum progresso concreto ultimamente, afirmam. Isso porque: 1) inflação surpreendeu para baixo, 2) o arcabouço fiscal, apesar de suas “armadilhas”, existe e foi endossado pelo governo, e 3) o real está mais forte.

O segundo pilar da visão overweight em Brasil se sustenta em valuations, que talvez estejam entre os mais atrativos do mundo, na visão do JP. As questões nesta frente permanecem no ajuste residual dos lucros para baixo que pode ocorrer durante a temporada de balanços do primeiro trimestre de 2023 (1T23).

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Emy e equipe adicionaram nomes sensíveis a juros ao seu portfolio, com Cyrela (CYRE3), Localiza (RENT3), Alupar (ALUP11) e Energisa (ENGI11), além de Lojas Renner (LREN3), Iguatemi (IGTI11) e B3 (B3SA3), que seguem no portfolio.

Os estrategistas ainda são overweight em Chile, neutros em México e Colômbia e underweight (exposição abaixo da média) em Peru.

O Bank of America também destacou ter visão positiva para o Brasil dentro da América Latina, com posição overweight.

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“Provavelmente continuaremos vendo uma deterioração dos balanços das empresas brasileiras nos próximos trimestres, uma vez que a atividade continua desacelerando. Os resultados do 4T22 já foram abaixo das expectativas. Enquanto as revisões de lucros para baixo continuam, em nossa opinião a desaceleração já está precificada nos níveis de valuation atuais”, aponta o banco.

No Brasil, os estrategistas do banco esperam que taxas mais baixas impulsionem o mercado, apesar da atividade mais fraca.

“A saúde corporativa ainda é robusta e muito melhor do que em 2015. À medida que as taxas caem no segundo semestre, vemos uma oportunidade para os nomes sensíveis às taxas de juros, mesmo com resultados fracos. O posicionamento leve da indústria no país deve apoiar nossa visão positiva no Brasil. De acordo com nossa Pesquisa de Gestores de Fundos da América Latina de abril, as posições de caixa permanecem próximas às máximas históricas e o consumo discricionário está entre os setores com menor exposição”, avaliam.

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Para aumentar exposição a taxas mais baixas “antes que o mercado se movimente nessa direção”, o BofA elevou exposição a B3 e ao BTG Pactual (BPAC11), além de também acrescentar Energisa. Enquanto isso, reduziu exposição a nomes como Hypera (HYPE3) e Taesa (TAEE11).

O banco está underweight em México, dado o valuation e a expectativa por ruídos com a desaceleração econômica dos EUA. O BofA não tem exposição em Chile, Colômbia, Peru e Argentina.

O Morgan Stanley, por sua vez, mantém exposição neutra em relação às ações do Brasil dentro do portfólio de América Latina, mas tem aumentado gradualmente o espaço dos ativos do país sensíveis à queda de juros, enquanto vê progressos na regra fiscal podendo levar a um “mini ciclo” de queda da Selic.

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Entre as ações brasileiras que entraram no portfólio, estão as ações da Rumo (RAIL3) e da Localiza (RENT3), enquanto Porto (PSSA3) e Vibra (VBBR3) foram excluídas.

Na América Latina, o Morgan aponta gostar de ações do Chile e do México e dos setores de tecnologia, consumo discricionário e imobiliário.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.