JPMorgan: águas turvas persistem com saída de estrangeiro, mas B3 pode ter “rotação”

Expectativa é por medidas para contenção de gastos do governo

Equipe InfoMoney

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As saídas de capital estrangeiro da B3 continuam ditando o movimento do mercado, ressalta o JPMorgan em relatório chamado “Águas turvas persistem”. Até o dia 11 de outubro, as saídas totalizavam US$ 3,5 bilhões após uma retirada de US$ 1,7 bilhão em setembro.

As saídas acumuladas no ano estão em R$ 31 bilhões e, se esse caminho persistir, o ano em termos de fluxos pode ser pior do que 2020, quando R$ 40 bilhões deixaram as ações brasileiras no primeiro ano da pandemia de Covid.

Segundo Emy Shayo e Cinthya Mizuguchi, estrategistas do JPMorgan que assinam o relatório, é interessante notar que as saídas não foram necessariamente lineares nas últimas semanas.

“Mas a equação geral deu uma guinada para pior: apesar do anúncio do maior estímulo chinês em 15 anos e do Federal Reserve cortando os juros em 50 pontos-base, o clima azedou mais uma vez por causa de preocupações na frente fiscal, com o governo tentando tirar alguns benefícios do orçamento e isentar de imposto de renda ganhos de até R$ 5 mil/mês, a um custo de R$ 40 bilhões, entre outros”, avaliam as estrategistas.

No meio de tudo isso, o reinício do ciclo de alta de juros no Brasil não teve o impacto benigno que alguns estavam considerando: a ideia era que um choque de confiança levaria a um estreitamento da curva de juros e um real mais forte.

Mas o que começou como um pequeno ciclo de alta da Selic (cerca de 100 pontos-base) agora é bem considerável (curva de juros precifica alta de 250 pontos-base nos próximos 12 meses) e o real está cerca de 3,5% mais fraco.

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“Por último, mas não menos importante, com a aproximação da eleição nos EUA, a tendência é que o risco fique de lado”, avaliam as estrategistas. Ou seja, que a aversão ao risco impere.

Neste sentido, as visões estratégicas têm sido permanecer em grandes empresas, incluindo Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), bancos tradicionais e serviços públicos (utilities) no cenário atual e, até agora, a visão parece ter se concretizado em grande parte, apontam Emy e Cinthya.

Rotação está próxima?

Para as estrategistas, uma rotação para ativos de risco pode estar nos planos se o governo for bem sucedido em implementar medidas que restringiriam as despesas, o que poderia remover parte do prêmio na curva de juros e logo abrir caminho para que nomes sensíveis à taxa comecem a ter um bom desempenho.

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O banco aponta ser verdade que o cenário global não estão tão ‘imaculado’ quanto antes, com questões sobre o tamanho e o ritmo dos cortes do Fed sendo novamente discutidas após dados recentes. Mas as próximas 2 a 3 semanas devem trazer notícias suficientes para entender sobre o movimento. “Vale a pena notar que nossos estrategistas dos EUA saíram de posições defensivas”, avaliam Emy e Cinthya.

Em termos de fluxos locais, as notícias continuam ruins, pois os resgates são implacáveis, avaliam. Os fundos dedicados a ações tiveram saídas de R$ 2,8 bilhões em setembro. As saídas estão ocorrendo desde setembro de 2021 e eliminaram R$ 30 bilhões de ações.