JBS salta 6,7% e é destaque dos frigoríficos em dia de alta para setor; veja por quê

Anúncio de inauguração em novembro de fábrica de empanados de frango na Arábia Saudita e elevação de recomendação para compra impulsionaram os ativos JBSS3

Felipe Moreira

Fachada de fábrica da JBS (Divulgação)
Fachada de fábrica da JBS (Divulgação)

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As ações de empresas de proteína animal registraram ganhos expressivos nesta sexta-feira (26), em um movimento de recuperação após temores de que a doença de Newscastle em aves se espalhe sendo dissipados. O Ministério da Agricultura informou nesta sexta que encaminhou a notificação da conclusão do foco da doença de Newcastle (DNC) para a Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). BRF (BRFS3, R$ 21,59, +2,57%), Marfrig (MRFG3, R$ 11,35, +3,18%) e Minerva (BEEF3, R$ 6,32, +2,27%) avançaram entre 2% e 3,5%.

Contudo, o grande destaque de alta ficou para a JBS (JBSS3), com as ações fechando em disparada de 6,72%, a R$ 33,02.

Duas “novidades” impulsionam as ações na sessão: a maior produtora de carnes do mundo anunciou nesta sexta-feira que vai inaugurar em novembro a sua fábrica de empanados de frango na Arábia Saudita. A unidade vai quadruplicar a capacidade de produção de produtos de frango da companhia na Arábia Saudita, para 40 mil toneladas ao ano, consolidando ainda a estratégia de vendas de produtos de maior valor agregado na importante região para a JBS.

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Além disso, o JPMorgan elevou a recomendação para ação da JBS (JBSS3) de equalweight (exposição igual a média do mercado, equivalente à neutro) para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) após uma recente queda no preço das ações, que considera injustificada, dado o cenário de melhora nas margens de frango (PPC, subsidiária processadora de frangos listada nos EUA, e Seara), forte lucratividade de suínos nos EUA e na Austrália, margens estáveis de carne bovina nos EUA e enfraquecimento do real.

Além disso, analistas esperam que o segundo trimestre deve ser um catalisador positivo para a ação, combinado com uma perspectiva forte para o segundo semestre na maioria das linhas de negócios.

O banco também elevou o preço-alvo de R$ 27 para R$ 37, o que representa um potencial de alta de 19,6% frente o fechamento da última quinta-feira (25) de R$ 30,94.

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O banco americano prevê um Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 8,1 bilhões no 2º trimestre, 15% acima do consenso. Para o ano, a preivsão é de R$ 30,3 bilhões, 10% acima do consenso.

Segundo o JPMorgan, ainda não é tarde para se expor à ação, mesmo após o bom desempenho da PPC no 1º semestre, pois a empresa deve continuar vendo um ciclo prolongado e forte de frango globalmente, combinado com um bom ambiente de negócios para a Seara, suínos nos EUA e na Austrália, compensando em grande parte
a fraqueza da carne bovina nos EUA tanto em 2024 quanto em 2025.

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Além disso, conforme analistas, tem havido uma visibilidade sem precedentes sobre os baixos custos de alimentação, já que os mercados de soja e milho estão amplamente abastecidos.

Com isso, o banco modela uma margem de 13% para PPC no 2º trimestre, uma média de 10,7% para 2024 e 9% em 2025.

O JPMorgan ainda cita que a Austrália está experimentando uma disponibilidade recorde de gado, melhorando a disponibilidade de mão de obra, o que está impulsionando a melhoria dos spreads na região. Nesse contexto, o banco acredita que a Austrália pode operar com margens de dois dígitos nos próximos trimestres. No caso dos suínos nos EUA, o banco vê os spreads melhorando marginalmente à medida que a oferta de suínos reduz os preços. A carne bovina no Brasil, por sua vez, está passando por um ciclo forte, com a JBS ganhando terreno com novas licenças de exportação e boa demanda doméstica.

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Por outro lado, a carne bovina nos EUA continua sendo o principal risco, uma vez que deve se normalizar apenas em 2027. A grande questão continua sendo quão baixa ela pode chegar no fundo do ciclo, que o banco acredita deve ser no final de 2025. Apesar de esperar que as margens provavelmente se tornem negativas nos trimestres de baixa temporada, a projeção é de uma margem de 0,3% para 2025.

Analistas também projetam que a alavancagem da JBS deve terminar em 2,3 vezes em 2024 e 2,4 vezes em 2025, colocando a empresa de volta nos trilhos para possíveis fusões e aquisições.

De acordo com a gestão, o processo de documentação para a listagem nos EUA está avançando. Na opinião do banco, uma definição potencial do BNDES (participação de 20,8% na JBS) pode estar atrasando um processo de votação, sobre o qual o banco não tem certeza se pode ocorrer este ano.

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Em termos de avaliação, o JPMorgan vê a ação sendo negociada barata a 4,8 vezes Valor da Firma (EV)/Ebitda e um rendimento de fluxo de caixa (FCF) de 13%. Ao câmbio atual do real (vs. nossa média estimada de 5,17 para 2024), o Ebitda para 2024 aumentaria para R$ 31,5 bilhões e a avaliação seria de 4,6 vezes EV/EBITDA.