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A expectativa dos analistas financeiros é que a JBS (JBSS3), uma das maiores empresas de proteína do mundo, divulgue um desempenho potente no balanço financeiro do terceiro trimestre deste ano (3T24), que será divulgado ao mercado no dia 13 de novembro. Com isso, os papéis JBSS3 subiram 4,19%, a R$ 36,07, acumulando ganhos de mais de 53% em 2024 e de cerca de 92% nos últimos doze meses.
Os analistas do Santander, XP Investimentos, JP Morgan e Bradesco BBI projetam um crescimento expressivo do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização sobre a receita), sustentado pelo que chamam de forte performance da unidade de aves e por um ambiente de mercado favorável, apesar de desafios como a volatilidade dos preços das commodities e o aumento nos custos de insumos.
O JP Morgan estima que a JBS reportará um Ebitda de R$ 10,9 bilhões, representando um crescimento de 101% em relação ao mesmo período do ano anterior e superando as expectativas do consenso em 10%. Os analistas dizem que, apesar de uma desaceleração sazonal nas operações da América do Norte e Austrália, fatores como a depreciação do real, preços baixos de grãos e margens internacionais de frango devem sustentar um trimestre positivo para a empresa. A previsão de fluxo de caixa livre (FCF) está em R$ 5 bilhões, resultando em uma alavancagem de 2,4 vezes a relação entre dívida líquida/Ebitda.
O Bradesco BBI também projeta um Ebitda sólido de R$ 10,8 bilhões e receitas líquidas consolidadas de R$ 110 bilhões, um aumento de 20% ano a ano. O relatório destaca melhorias nas margens da JBS Brasil e da Seara, que devem compensar a desaceleração esperada nas divisões de carne bovina e suína nos Estados Unidos, além da Austrália. Para a Seara, a previsão é de uma margem Ebitda de 19%, impulsionada pela forte demanda e preços elevados.
Desempenho, riscos e oportunidades
Os segmentos de aves e suínos são apontados como os principais motores do desempenho da JBS no 3T24. A XP Investimentos prevê que as margens da Seara e do segmento de suínos nos EUA ainda permaneçam interessantes para o mercado, apesar de uma ligeira queda em relação ao trimestre anterior. A empresa projeta uma receita líquida de R$ 109,2 bilhões, com um Ebitda ajustado de R$ 10,7 bilhões, um aumento de 97% em relação ao ano anterior.
Em contrapartida, o JP Morgan aponta que, enquanto a carne bovina nos EUA pode apresentar um pequeno aumento nas margens, o ciclo negativo deve continuar a impactar as operações, com margens praticamente em equilíbrio. A falta de destaque nas expectativas de crescimento nesse setor, dizem os especialistas, sugere um reconhecimento de que a carne bovina pode não estar acompanhando o ritmo de crescimento das demais proteínas.
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Para o Bradesco BBI, a divisão de carne bovina nos EUA deve enfrentar dificuldades, com uma margem Ebitda quase em equilíbrio de apenas 0,2%. As operações na Austrália são esperadas para ter um desempenho ainda mais fraco, com uma margem Ebitda projetada de 9,7%, uma queda acentuada em relação ao trimestre anterior.
Já a XP complementa essa visão apontando que os resultados do 3T24 devem representar o pico de lucros para a carne bovina apenas no Brasil, dado que os preços do gado subiram cerca de 40% desde os níveis mais baixos do ano.
Conforme os analistas, embora o cenário geral seja positivo, o mercado deve ficar atento à possibilidade de vendas e margens inferiores às esperadas, condições de crédito mais fracas e a ameaça de doenças animais que podem afetar a produção. Em relatório, o JP Morgan diz que a venda potencial de ações pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que detém mais de 21% das ações da JBS, pode gerar volatilidade no preço das ações.