JBS (JBSS3): XP mantém compra para ação, mas diminui preço-alvo incorporando resultados recentes

Resultados piores em todas as frentes fizeram analistas revisar suas estimativas de lucro operacional para os próximos anos

Vitor Azevedo

Planta da JBS no Colorado, EUA (Foto: Matthew Stockman/Getty Images)
Planta da JBS no Colorado, EUA (Foto: Matthew Stockman/Getty Images)

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Equipe de analistas de alimentos da XP Investimentos, chefiada por Leonardo Alencar, revisou sua tese de investimentos para a JBS (JBSS3), que vem tendo um período negativo nos últimos tempos. A casa manteve sua recomendação de compra para os papéis da companhia mas diminui o preço-alvo.

“Uma tempestade perfeita atingiu as mais diversas operações da companhia no primeiro semestre, reduzindo os seus resultados e levando a uma perspectiva de alavancagem desconfortável, que poderia ter sido ainda mais crítica se não fosse a bem-vinda gestão de passivos feita pela empresa”, expõe o time da corretora.

Com o ciclo de gado nos Estados Unidos, onde a JBS tem forte presença através da US Beef, virando para baixo, por exemplo, a margem de lucratividade da companhia recuou. Com um menor número de cabeças de gado disponíveis e preços mais caros, o frigorífico acaba gastando mais na aquisição de animais.

Além disso, o mercado de aves está com uma super oferta e, em porcos, uma queda da demanda na China também acabou desbalanceando a relação entre oferta e demanda.

“Mundialmente, a perspectiva do mercado avícola é desequilibrada devido a uma indústria com excesso de oferta, já que a demanda foi não conseguiu acompanhar o forte aumento da avicultura produção nos últimos trimestres”, explicam. “Apesar dos ventos favoráveis ​​vindos de preços mais baixos de grãos e consequentemente preços mais baixos de ração nos suínos, estamos negativos sobre a recuperação das operações de suínos nos EUA.  O momento do setor segue desafiado”.

Tudo isso, claro, pesou no novo valuation traçado para a JBS pela XP. Apesar da manutenção de compra, o preço-alvo saiu de R$ 39 no fim de 2023 para R$ 27 ao final de 2024 (upside de 40% frente ao fechamento da última sexta), refletindo o recuo do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] projetado para 2023 e para os próximos dois anos.

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Confira as mudanças das projeções:

Ebitda ajustado 2023 2024 2025
Antes US$ 24,9 bilhões US$ 26,5 bilhões US$ 28,6 bilhões
Novo US$ 17,2 bilhões US$ 20,9 bilhões US$ 23,9 bilhões

“Como resultado de estimativas decrescentes, vemos agora a JBS negociando com um yield de fluxo de caixa livre de 11,5% e valor da firma sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 6,1 vezes para 2024”, fala a XP. “No entanto, somos do ponto de vista de que a diversificação única da empresa deve render frutos novamente. Esperamos recuperação para o mercado de aves, para a carne bovina brasileira e suína em todo o mundo”, explica.

No Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, o ciclo de gado está em momento positivo para os frigoríficos, com o número de cabeças disponíveis subindo.

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Fora isso, a corretora também lembra que a JBS propôs, recentemente, uma dupla listagem no Brasil e nos Estados Unidos, que deve ser aprovada. “Embora esperemos que a lacuna de valuation da empresa com seus pares listados nos EUA leve algum tempo para fechar, esta possibilidade é um risco positivo relevante para o nosso preço-alvo”, fala.