Publicidade
Equipe de analistas de alimentos da XP Investimentos, chefiada por Leonardo Alencar, revisou sua tese de investimentos para a JBS (JBSS3), que vem tendo um período negativo nos últimos tempos. A casa manteve sua recomendação de compra para os papéis da companhia mas diminui o preço-alvo.
“Uma tempestade perfeita atingiu as mais diversas operações da companhia no primeiro semestre, reduzindo os seus resultados e levando a uma perspectiva de alavancagem desconfortável, que poderia ter sido ainda mais crítica se não fosse a bem-vinda gestão de passivos feita pela empresa”, expõe o time da corretora.
Com o ciclo de gado nos Estados Unidos, onde a JBS tem forte presença através da US Beef, virando para baixo, por exemplo, a margem de lucratividade da companhia recuou. Com um menor número de cabeças de gado disponíveis e preços mais caros, o frigorífico acaba gastando mais na aquisição de animais.
Além disso, o mercado de aves está com uma super oferta e, em porcos, uma queda da demanda na China também acabou desbalanceando a relação entre oferta e demanda.
“Mundialmente, a perspectiva do mercado avícola é desequilibrada devido a uma indústria com excesso de oferta, já que a demanda foi não conseguiu acompanhar o forte aumento da avicultura produção nos últimos trimestres”, explicam. “Apesar dos ventos favoráveis vindos de preços mais baixos de grãos e consequentemente preços mais baixos de ração nos suínos, estamos negativos sobre a recuperação das operações de suínos nos EUA. O momento do setor segue desafiado”.
Tudo isso, claro, pesou no novo valuation traçado para a JBS pela XP. Apesar da manutenção de compra, o preço-alvo saiu de R$ 39 no fim de 2023 para R$ 27 ao final de 2024 (upside de 40% frente ao fechamento da última sexta), refletindo o recuo do Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês] projetado para 2023 e para os próximos dois anos.
Continua depois da publicidade
Confira as mudanças das projeções:
Ebitda ajustado | 2023 | 2024 | 2025 |
Antes | US$ 24,9 bilhões | US$ 26,5 bilhões | US$ 28,6 bilhões |
Novo | US$ 17,2 bilhões | US$ 20,9 bilhões | US$ 23,9 bilhões |
“Como resultado de estimativas decrescentes, vemos agora a JBS negociando com um yield de fluxo de caixa livre de 11,5% e valor da firma sobre Ebitda (EV/Ebitda) de 6,1 vezes para 2024”, fala a XP. “No entanto, somos do ponto de vista de que a diversificação única da empresa deve render frutos novamente. Esperamos recuperação para o mercado de aves, para a carne bovina brasileira e suína em todo o mundo”, explica.
No Brasil, ao contrário dos Estados Unidos, o ciclo de gado está em momento positivo para os frigoríficos, com o número de cabeças disponíveis subindo.
Continua depois da publicidade
Fora isso, a corretora também lembra que a JBS propôs, recentemente, uma dupla listagem no Brasil e nos Estados Unidos, que deve ser aprovada. “Embora esperemos que a lacuna de valuation da empresa com seus pares listados nos EUA leve algum tempo para fechar, esta possibilidade é um risco positivo relevante para o nosso preço-alvo”, fala.