JBS salta 7% com balanços vistos como memoráveis e impressionantes pelo mercado

O destaque veio das operações de aves e suínos, impulsionadas por custos de ração rentáveis e forte mercado interno, tanto no mercado doméstico quanto no de exportação

Lara Rizério

Fachada de fábrica da JBS (Divulgação)
Fachada de fábrica da JBS (Divulgação)

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O sentimento otimista com a ação da JBS (JBSS3) se justificou na última terça-feira (13), após a divulgação do resultado do segundo trimestre de 2024 (2T24) forte em todas as frentes e seguido por um pagamento de dividendos robustos, ambos animando o mercado. Com isso, na sessão desta quarta-feira (14) pós-balanço, as ações fecharam com alta de 6,99%, a R$ 37,34.

Conforme ressaltam Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, analistas da XP, o trimestre foi memorável. O destaque veio das operações de aves e suínos, impulsionadas por custos de ração rentáveis e forte mercado interno, tanto no mercado doméstico quanto no de exportação. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado foi forte em R$ 9,9 bilhões (considerando a reversão de R$ 821 milhões devido a despesas não recorrentes), 15% acima do esperado pela XP e 25% acima do consenso Bloomberg.

O fluxo de caixa livre (FCF) também foi impressionante em R$ 5,5 bilhões – bem acima da projeção da XP de R$ 2,4 bilhões, principalmente devido a despesas com juros e ativos biológicos abaixo do esperado – o que levou a alavancagem da companhia para 3 vezes (em reais).

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“As ações subiram 9% no último mês, já prevendo fortes resultados. No entanto, continuamos otimistas com a tese de investimento, já que o momentum dos resultados deve permanecer mais forte por mais tempo, enquanto os resultados do segundo trimestre devem levar a outra rodada de revisão de resultados. Além disso, os resultados da Seara também reforçam nosso sentimento de alta em relação à BRF BRFS3, que divulga seus resultados do segundo trimestre na quarta-feira (14 de agosto)”, apontam os analistas.

O Bradesco BBI definiu os resultados do 2T24 da JBS como nada menos que impressionantes, com o Ebitda ajustado 12% acima da sua previsão, que já incorporava os resultados da PPC (Pilgrim’s Pride Corporation) reportados anteriormente. O número também representou uma expansão de 121% no comparativo anual e de 69% no trimestre. A margem Ebitda ajustada ficou em 9,8% (aumento anual de 4,8 pontos percentuais, ou p.p., e 0,8 p.p. acima do esperado) com receita de R$ 101 bilhões (aumento anual de 13%, ficando 4% acima do esperado).

“O lucro líquido de R$ 1,7 bilhão ficou aquém da expectativa, mas refletiu um impacto não caixa de R$ 1,7 bilhão da marcação a mercado de derivativos associados à volatilidade cambial durante o trimestre”, aponta o banco.

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O trimestre serviu para reforçar o valor da plataforma diversificada de produção de proteínas da JBS, aponta o banco. Os resultados da divisão de carne bovina dos EUA continuaram lutando, com uma margem Ebitda de 0,5% (queda anual de 1 p.p) que foi ligeiramente melhor do que o esperado, mas ainda assim fraca à luz da sazonalidade. “Ainda assim, acreditamos que a menor oferta de carne bovina dos EUA ajudou a impulsionar os resultados de outras unidades de negócios, com muitas delas também desfrutando de cenários cíclicos favoráveis por conta própria. A Austrália é um dos maiores exemplos disso, onde o Ebitda expandiu 66% em base anual (28% acima do esperado), com uma forte margem de 13,7% (+4,2 p.p no comparativo anual)”, avalia.

Enquanto isso, a US Pork apresentou uma expansão anual de 22% na receita dolarizada, enquanto a margem Ebitda de 11,1% (aumento anual de 6,7pp) também foi sólida. A Seara apresentou os resultados mais fortes entre todas as divisões, superando a sua estimativa de Ebitda em 32%, com receita chegando a 6% acima do esperado e uma margem Ebitda de 17,4% (3,4 pp acima do projetado e avanço de 5,9 pp no trimestre), a mais alta desde 2015.

Para o BBI, isso não apenas ressalta o ciclo favorável das aves, mas também que o desempenho operacional está de volta aos trilhos com volumes agora também crescendo (aumento anual de 12%). Finalmente, os resultados da JBS Brasil também foram sólidos com base em uma margem Ebitda de 7,6% (aumento anual de 2,8 pp).

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O BBI acredita que as margens de aves podem melhorar ainda mais no 3T24, enquanto a transferência de desempenhos mais fortes, particularmente na Austrália e na JBS Brasil, também deve reforçar o ímpeto dos lucros durante o segundo semestre do ano. “Apesar do desempenho das ações no acumulado do ano, os múltiplos com base nos resultados de 2024 ainda estão tranquilamente abaixo dos níveis históricos, assim como dos pares”, avalia.

O banco também lembra que, junto com os resultados, a JBS anunciou uma distribuição de dividendos de R$ 4,4 bilhões (yield de 5,7%), sinalizando que os retornos de caixa aos acionistas devem ser retomados. “À medida que a desalavancagem continua, também estamos ansiosos para ouvir mais sobre o que pode estar por vir na frente do crescimento. A JBS é nossa principal escolha do setor”, conclui.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.