JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3): o que esperar do setor em 2024, segundo o Santander

Apesar de ciclo do gado ainda negativo nos Estados Unidos, companhias podem ter gatilhos positivos

Vitor Azevedo

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O ano que está acabando será esquecível para os grandes frigoríficos brasileiros. JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Minerva (BEEF3) viram seus balanços se deteriorando nas comparações anuais – mas 2024 pode ser diferente para algumas delas, pelo menos para os analistas do Santander.

As duas primeiras empresas, JBS e Marfrig, foram impactadas negativamente principalmente por conta do ciclo de gado nos Estados Unidos, país onde têm grandes partes das suas produções. 

Por lá, o ciclo do gado se encontra em um período de baixa, o que encarece o preço da cabeça e, decorrentemente, aumenta os gastos dos frigoríficos. A JBS, por exemplo, viu sua margem Ebitda (Ebitda = Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês/receita) ficar em 5,9% no terceiro trimestre, ante 9,6% um ano antes.

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O time do banco, chefiado por Guilherme Palhares, continua a enxergar um cenário difícil nessa frente em 2024, mas vê tanto a JBS quanto a Marfrig com gatilhos positivos. 

“Na nossa visão, 2024 deverá ser outro ano desafiador para a produção de carne bovina nos EUA. Os abates devem continuar a diminuir, pois ainda não vemos sinais de retenção de gado. Isso pode levar a preços altos do gado para os próximos dois anos em um cenário de potencial limitado de repasse”, fala. 

No caso da JBS, porém, a normalização da oferta de frango e o forte momento na Austrália mais do que compensam a dificuldade que a empresa deve enfrentar com a US Beef. .

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Os mercados brasileiro e americano de frango enfrentaram dinâmicas semelhantes em 2023, com a superprodução sendo a característica principal. 

Durante o primeiro semestre de 2023, de acordo com os analistas, a queda nos preços do frango levou a um maior nível de alojamentos e pressionou os preços. No segundo semestre de 2023, no entanto, os alojamentos desaceleraram à medida que as exportações diminuíram, o que ajudou a sustentar os preços no mercado interno devido à menor disponibilidade.

“Acreditamos que 2024 está começando melhor do que 2023, pois os alojamentos desaceleraram e os preços no mercado interno estão estáveis. Por outro lado, deve ser um caminho cheio de obstáculos pela frente”, fala.

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Já no caso da Austrália, a visão é de que o ciclo do gado melhorou acentuadamente no final de 2023. O time do banco traz que os preços do gado caíram 34% desde o início do ano e o abate de gado em 2023 deve crescer 11% em relação ao ano anterior. 

A Seara, braço de frango no Brasil, foi responsável por 11,62% da receita da JBS no terceiro trimestre, a Pilgrim’s Pride, braço nos Estados Unidos, por 23,8%, e a JBS Austrália, por 8,5%. A Beef North America, do outro lado, respondeu por 31,5% do faturamento da companhia.

Além do ciclo do gado

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Por fim, há ainda a potencial listagem da JBS nos EUA. “Seria transformadora e poderia preparar a empresa para uma nova fase de crescimento, enquanto permitiria acesso a uma nova base de investidores e financiamento”, acrescentam. 

No caso da Marfrig, a principal razão que deixa o Santander otimista é o fato de que a companhia está negociando com um valuation atrativo, com sua fatia na BRF não precificada. 

Fora isso, uma maior resiliência do seu negócio nos Estados Unidos e o legado da venda de plantas para a Minerva também são diferenciais, com a companhia provavelmente ficando com os frigoríficos mais lucrativos, que devem aumentar suas margens. 

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“De 2010 a 2015, a National Beef conseguiu superar a indústria de carne bovina. As margens de Ebitda para os primeiros três anos da parte negativa do ciclo ficaram acima de 4%. Isso foi há 13 anos e a empresa está agora em uma posição ainda melhor para superar o mercado”, dizem. “A Marfrig vendeu uma capacidade de 19,4 mil cabeças por dia para a Minerva no início de 2023. Os ativos legados são maiores e têm maior exposição a produtos de valor agregado, o que deve reduzir a volatilidade dos resultados no futuro”, completam.

Já a Minerva, para a qual o Santander está um pouco menos otimista, pode ser impactada  justamente pela sua aquisição. A empresa, como já mencionado, adquiriu diversas unidades de abate da concorrente por R$ 7,5 bilhões. 

“A movimentação ainda precisa ser aprovada pelas autoridades antitruste e, embora a aquisição esteja alinhada com os objetivos estratégicos, existem riscos relacionados a uma possível reversão do ciclo do gado no Brasil antes que a desalavancagem ocorra e às incertezas quanto ao tempo de fechamento do negócio”, dizem os analistas do Santander.

Hoje, o ciclo no Brasil está em um momento positivo para os frigoríficos, devido à alta do número das cabeças, o que impulsiona o Ebitda. Se a tendência mudar, a alavancagem da companhia, medida pela relação entre dívida líquida e Ebtida, pode aumentar consideravelmente. 

Por fim, a BRF (BRFS3), para o time do Santander, deve surfar no curto prazo por conta da redução de custos, com o preço dos grãos em baixa, e das despesas financeiras, devido aos aportes que a companhia recebeu.

No entanto, a tendência pode mudar.  “Os preços do milho têm um risco de alta devido ao estresse climático em áreas produtoras-chave e há ainda um aumento na concorrência de alimentos processados”, explicam. 

O Santander tem recomendação de outperform (acima da média do mercado, equivalente à compra) para JBS, com preço-alvo em R$ 37 (potencial de alta de 52%), bem como para a Marfrig, com preço-alvo em R$ 15,70 (potencial de 70,4%). Para a Minerva e para a BRF as recomendações são neutras, com alvos em R$ 8 (7,8%) e R$ 16 (12,3%).

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