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A JBS (JBSS3) realizou uma conferência para os investidores sobre as projeções da companhia para este ano, com atenção especial ao aumento nos investimentos previstos, e indicou que pretende destinar aproximadamente US$ 1 bilhão para expansão e o mesmo montante para manutenção, totalizando US$ 2 bilhões. Esse número surpreendeu parte do mercado, que trabalhava com uma estimativa menor para os aportes e passou a temer que a estratégia afete o caixa e a distribuição de dividendos.
Com um investimento total previsto de US$ 3,1 bilhões, considerando também ativos biológicos e arrendamentos, os analistas do Bradesco BBI acreditam que a JBS continuará priorizando a distribuição de caixa, mantendo um equilíbrio entre crescimento e remuneração aos acionistas.
Uma das razões para essa avaliação mais positiva pelo banco é o fato de que o apetite da JBS por fusões e aquisições diminuiu. A empresa esteve envolvida no processo de licitação para aquisição da Oscar Mayer, que poderia ter um custo estimado em cerca de US$ 3 bilhões, mas não avançou na compra. Sem um grande movimento de aquisição no curto prazo, a tendência, segundo o BBI, é que a JBS direcione seus recursos para expansão orgânica. Os analistas afirmam que essa abordagem pode, inclusive, resultar em uma alocação de capital menor do que o inicialmente esperado, caso a empresa ajuste seu ritmo de crescimento ao longo do ano.
Além disso, o Bradesco BBI diz que, na ponta do lápis, a JBS vive uma posição financeira mais confortável, o que permite a ampliação dos investimentos sem comprometer sua estrutura de capital. Mesmo incorporando o maior volume de aportes para este ano e considerando o pagamento recente de R$ 6,6 bilhões em dividendos, a expectativa é que a relação entre dívida líquida e lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) se mantenha em duas vezes. Esse patamar está dentro da faixa planejada pela companhia, que varia entre 2 e 3 vezes.
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Outro fator relevante para o mercado é a possível listagem das ações da JBS nos Estados Unidos, um projeto aguardado pelos investidores há anos. Na conferência, a empresa afirmou que esse processo pode ser concluído em breve, o que poderia abrir novas oportunidades para a valorização dos papéis e ampliar a visibilidade da companhia entre investidores internacionais. A listagem também é vista pelos estrategistas como uma forma de destravar valor para as ações, aumentar a liquidez e facilitar futuras captações.
Olhando por esse ângulo, os analistas do Bradesco BBI mantêm a recomendação de compra para JBS, com preço-alvo de R$ 48. A avaliação é de que, mesmo com investimentos mais elevados, a empresa continuará gerando caixa suficiente para manter um nível atrativo de distribuição de dividendos. Caso a JBS pague 60% do lucro neste ano, conforme projeções, o dividend yield (retorno com dividendos) poderia atingir 9,5%, mantendo o papel como uma das principais opções dentro do setor de proteínas.