Itaú (ITUB4): CEO diz que rombo na Americanas foi fraude, mas é caso isolado

Executivo explicou que o banco já havia reduzido exposição à varejista no ano passado, diante de informações que causaram "desconforto"

Mitchel Diniz

Milton Maluhy Filho  (Foto: Divulgação/Itaú)
Milton Maluhy Filho (Foto: Divulgação/Itaú)

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O impacto do caso Americanas (AMER3) nos resultados trimestrais do Itaú (ITUB4) dominou uma boa parte da teleconferência do banco sobre o balanço do quarto trimestre de 2022, divulgado ontem à noite. Milton Maluhy Filho, CEO da instituição financeira, trouxe o assunto logo em sua fala inicial, garantindo que o “evento subsequente” está 100% provisionado. Daqui para frente, segundo ele, “apenas eventos de recuperação de crédito são esperados”.

As provisões referentes à exposição do banco a Americanas geraram um impacto de R$ 1,307 bilhão no custo do crédito do Itaú no quarto trimestre. E de R$ 719 milhões no lucro recorrente gerencial do banco, que foi de R$ 7,688 bilhões. Não fosse isso, o resultado não teria vindo abaixo das expectativas do mercado.

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O índice de cobertura em função de provisão para Americanas chegou a 1.857% na carteira de atacado. “Dentro desse índice cobertura, está 100% provisionado. Se o evento ocorrer na magnitude que a gente provisionou, perdemos índice de cobertura, mas está 100% provisionado”, disse Maluhy Filho.

O nome da varejista não foi citado pelo CEO do Itaú porque o banco não comenta sobre clientes específicos. Assim como no texto do balanço, o caso Americanas foi tratado como “evento subsequente”. Mesmo sem dar nome aos bois, Maluhy Filho disse que uma série de informação sobre o tal caso já estava gerando desconforto no banco antes da história vir à tona. Por esse motivo, o Itaú reduziu R$ 1 bilhão de exposição ao cliente ao longo do segundo semestre do ano passado.

“É difícil  imaginar que estava havendo uma fraude em uma empresa com todas as características que essa empresa tem. Mas a gente já vinha reduzindo exposição, a medida que as operações foram vencendo, não fomos produzindo novas, por uma série de razões que não vem ao caso aqui agora”, explicou Maluhy Filho.

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“Fraude” foi um termo utilizado mais de uma vez pelo CEO para se referir ao episódio. “É  um caso isolado,  uma fraude”, apontou. “A gente fez uma revisão da carteira, de várias empresas que se valem de operações de risco sacado e a gente não identificou nenhuma anormalidade”, afirmou. No risco sacado, a instituição financeira antecipa os pagamentos a fornecedores de uma empresa. Esse tipo de operação é apontado como principal vetor do rombo contábil das Americanas.

Questionado por um analista se os empréstimos para empresas ficariam mais caros em função do caso, Maluhy Filho disse que não houve qualquer reprecificação de portfólio relacionado a ele.

“Revisão de spread sempre vai acontecer quando a gente entender que o cenário de risco mudou, o pricing é algo dinâmico”, afirmou. “A gente continua praticando os mesmos preços, obviamente tomando os cuidados devidos e olhando o cenário, mas nada advindo do caso específico”.

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No entanto, Maluhy Filho admite que o cenário atual é sim mais desafiador para as empresas, que vem um de um passado recente de custo de crédito próximo a zero.

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“A gente vai ver efeito de normalização acontecendo no atacado. Não são casos novos, já estavam no radar, sendo monitorados, tirando esse caso específico de uma fraude, que os modelos tradicionais não capturam”, afirma.

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Ao ser questionado sobre setores que preocupam o banco, falou, mais uma vez sem citar nomes, de uma empresa próxima a passar por segunda recuperação judicial, “mais por uma questão jurídica de proteção da companhia”.

É o caso da Oi (OIBR3;OIBR4), que conseguiu uma tutela cautelar na Justiça para se proteger de seus credores e pode entrar com um novo pedido de RJ. “O caso está absolutamente provisionado, não temos preocupação específica, evidentemente vamos acompanhar de perto”.

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Mitchel Diniz

Repórter de Mercados