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Mais um resultado consistente, como esperado, ainda que desdobramentos pontuais tenham afetado o resultado.
No terceiro trimestre de 2023 (3T23), o Itaú (ITUB4) apresentou um lucro líquido recorrente de R$ 9,04 bilhões (crescimento de 3,4% na base trimestral e de 11,9% na comparação anual), em linha com as expectativas do mercado.
O resultado incluiu um mês de operações argentinas vendidas em agosto, com impacto negativo de R$ 1,2 bilhão e tratado como item extraordinário no resultado do 3T23. Assim, o lucro líquido contábil foi menor, totalizando R$ 7,5 bilhões (queda de 11,1% na base trimestral e de 4,3% ano a ano).
Já os números globais, destaca a XP, seguiram uma tendência positiva e o guidance para o ano inteiro foi praticamente reiterado (ainda que tenha sofrido pela venda do ativo no país vizinho).
“A qualidade dos ativos permaneceu forte, com NPL [índices de inadimplência] acima de 90 dias estável em 3,5%, abaixo do mercado geral (SFN)”, avaliam os analistas da casa. Este desempenho permitiu ao banco reduzir marginalmente as provisões para R$ 9,3 bilhões (-1,9% frente o 2T23), ainda em linha com a criação de NPL (NPL creation).
A carteira de crédito registrou um aumento modesto de 1% em termos trimestrais, desacelerando o seu crescimento anual para 4,7%, de 6,2% no último trimestre, no total, e 6,0% no Brasil. “Esta descida pode ser vista como um sinal de alerta, uma vez que o ritmo atual está ligeiramente abaixo do limite inferior da orientação do banco”, avalia a XP.
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A Margem Financeira (NII) desacelerou em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 26,3 bilhões no 3T23 (aumento de 9,9% ano a ano, mas 3% abaixo do esperado pelos analistas da XP).
A margem financeira com clientes continuou em destaque (avanço de 9,3% no ano e 2,5% frente o 2T23).
A Genial Investimentos ressalta que a rentabilidade (ROE, ou retorno sobre o patrimônio líquido) permaneceu consistente em níveis elevados, atingindo 21,1%, um aumento de 0,1 ponto percentual tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao ano anterior, superando consideravelmente o desempenho de seus pares no setor privados como o Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11).
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A XP ressalta que o ROE de 21,1% é o maior nível desde o 4T19.
Revisão do guidance para baixo com “efeito Argentina”
Além dos resultados trimestrais, o Itaú revisou para baixo o seu guidance para 2023. “Isso poderia ter sido negativo, porém esta revisão foi necessária estritamente para refletir a descontinuação da operação na Argentina (vendida em agosto)”, avalia a XP, sendo realizados os ajustes necessários para excluir a unidade.
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As principais métricas são as seguintes:
- Crescimento total da carteira de crédito entre 5,7%-8,7% (6,0%-9,0% anteriormente);
- NII com crescimento de clientes entre 12,5%-15,5% (13,5%-16,5% anteriormente);NII com mercado entre R$ 1,6-3,6 bilhões (R$ 2,0-4,0 bilhões anteriormente);
- Custo do crédito entre R$ 36,5-40,5 bilhões (mantido);
- Receitas de comissões e honorários e resultados de seguros com crescimento entre 4,7%-6,7% (5,0%-7,0% anteriormente);
- Crescimento das despesas não decorrentes de juros entre 4,0%-8,0% (5,0%-9,0% anteriormente);
- Alíquota efetiva de imposto entre 26,7%-28,7% (27,0%-29,0% anteriormente).
Na visão da XP, apesar dos efeitos adversos trazidos pela venda da operação argentina neste trimestre, o banco ainda conseguiu melhorar os seus índices de capital. “Portanto, vemos o nível atual como adequado para permitir que a alta administração do Itaú declare um aumento no pagamento dividendos de 2023 sem comprometer a solidez do banco e as perspectivas de crescimento futuro”, avalia.
Visão positiva permanece
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Para a Genial, o Itaú apresentou mais um resultado sólido no 3T23, mantendo uma rentabilidade consistentemente elevada, em sua avaliação.
“O destaque positivo, em nossa visão, fica com a estabilidade do índice de inadimplência acima de 90 dias e a melhora na inadimplência de curto prazo (entre 15 a 90 dias), podendo sinalizar um ponto de inflexão para os próximos trimestres”, avalia a casa.
O custo de crédito apresentou a primeira melhora desde a escalada de piora em meados de 2021 – foi a primeira contração na base dessa série de aumentos, com exceção do 4T22 quando o banco provisionou R$ 1,3 bilhão para o caso Americanas (AMER3).
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A formação de PDD (NPL Creation) de varejo retraiu nominalmente frente o 2T23, reforçando a sinalização do processo de melhora na qualidade dos ativos. As receitas com tarifas melhoraram sequencialmente e o resultado de seguros continuou sendo o destaque em termos de crescimento. Além disso, a rentabilidade dos negócios de varejo melhorou substancialmente, aumentando 1,2 ponto percentual (p.p.) ante o 2T23 e 2,4 pontos percentuais anualmente, atingindo 18,8%.
Por outro lado, o crescimento de crédito continuou tímido, com expansão de apenas 0,4% no trimestre e 2,4% ano a ano.
“Excluindo Argentina com uma carteira R$ 4 bilhões, o crescimento continuaria fraco em 0,9% frente o 2T23 e 2,8% ante o 3T22. Outro destaque negativo na carteira de crédito foi a contração de cartão de crédito e consignado frente ao trimestre passado. Apesar do crescimento bem acima do da carteira de crédito, a margem com clientes desacelerou, crescendo 2,5% na base trimestral e 9,3% na comparação anual. Já a margem com o mercado foi mais fraca esse trimestre, caindo para R$ 715 milhões frente a R$ 1,07 bilhão no trimestre passado”, avalia a Genial.
Já para 2024, os analistas da casa antecipam uma aceleração no crescimento da carteira de crédito do banco (+9,9% ano a ano), à medida que o apetite ao risco se fortalece em algumas linhas de negócio.
“Além disso, prevemos um alívio nas tarifas, especialmente com a atividade mais vigorosa no mercado de capitais. Em relação aos custos, destacamos a tendência positiva no custo de crédito, com provisões (PDD) mais controladas. Com base nisso, projetamos um lucro de R$ 39 bilhões para 2024, representando um aumento de 9,8% na base anual, com um ROE de 20,6%”, apontam.
A Genial aponta que, com mais um trimestre consistente, segue com a recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 36,60 para o final de 2024. “Na nossa avaliação, as ações do Itaú negociam com valuation atrativo, com um P/L [preço sobre lucro] esperado para 2024 de 7 vezes”, avalia.
A XP reitera o ITUB4 como top pick do setor, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35 por ação.
O Bradesco BBI também tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos ITUB4, com preço-alvo de R$ 36.
“Em nossa opinião, o Itaú reportou mais um trimestre muito sólido no 3T23, e amplamente em linha com nossas expectativas, com os principais pontos positivos refletindo a qualidade controlada dos ativos, enquanto a inadimplência antecipada já aponta para potencial melhoria nos próximos trimestres. Reconhecemos também as despesas operacionais controladas, apesar do impacto do acordo coletivo de trabalho. Porém, chamamos a atenção para o modesto crescimento do crédito, no qual observamos contração no crédito consignado”, avalia.
Também na visão do JPMorgan, o Itaú tem sido consistente em entregar “sem surpresas”, sendo uma das razões pelas quais o banco americano e muitos investidores têm visão positiva para o papel, conforme os analistas da casa destacaram em relatório chamado “Saindo da Argentina e se preparando para crescimento”. O JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel, com preço-alvo de R$ 33.