Itaú cai 5% e Cielo despenca 6% após balanços, siderúrgicas têm nova alta e Cemig cai 13%

Confira as principais variações da Bovespa na sessão desta terça-feira (2)

Lara Rizério

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Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 24,27,-4,71%)
O Itaú Unibanco vê suas ações em expressiva queda, atingindo queda máxima de 6,32%, mesmo após a companhia registrar um aumento de 15,4% do lucro em 2015, somando R$ 23,35 bilhões, o maior lucro da história entre os bancos brasileiros de capital aberto em valores nominais. O recorde anterior também era do Itaú, quando totalizou um resultado positivo de R$ 20,24 bilhões em 2014.

Por outro lado, o mercado repercute as expectativas negativas do banco. Para 2016, o Itaú Unibanco previu um intervalo que vai de contração de 0,5% para alta de 4,5% em sua carteira de crédito e um aumento médio superior a 40% das provisões para perdas com inadimplência, além de desaceleração das despesas administrativas. Segundo o UBS, “a preocupação com qualidade de ativos, transferência de empréstimos ruins e alta no guidance das provisões podem minar sentimento do mercado”.

No quarto trimestre do ano passado, o lucro somou R$ 5,698 bilhões, com baixa de 4,15% em relação ao terceiro trimestre, mas alta de 3,2% se comparado aos últimos três meses de 2014. 

O banco anunciou hoje a recompra de até 10 milhões de ações ordinárias e 50 milhões de preferenciais, equivalentes a 3,47% das ordinárias e aproximadamente 1,66% das preferenciais em circulação com data-base em 31 de dezembro de 2015, segundo comunicado.   A recompra começa amanhã e termina em agosto de 2017. O banco ainda anunciou dividendo complementar de R$ 0,1980 por ação e JCP complementar de R$ 0,4564, com efeito líquido pós Imposto de Renda de R$ 0,38794.

Segundo o BTG Pactual, o lucro líquido do Itaú veio em linha com o esperado pelo mercado, enquanto a tesouraria voltou para níveis normalizados. O destaque também ficou para o guidance bastante conservador (negativo).

Cielo (CIEL3, R$ 30,60, -8,25%)
A Cielo  vê suas ações caírem forte após a companhia registrar lucro de líquido de R$ 852,7 milhões no quarto trimestre de 2015, alta de 6,2% na comparação anual, segundo informou a empresa ao mercado. O resultado ficou bem abaixo das estimativas, que giravam em R$ 977,4 milhões, segundo média das projeções da Bloomberg.

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Em termos ajustados, o lucro líquido foi de R$ 920,2 milhões, aumento ano a ano de 14,6%. Na mesma base de comparação, a margem de lucro (Lucro Líquido/Receita Líquida) desabou 9,8 pontos percentuais, para 27,9%.
Segundo o Bradesco BBI, a principal surpresa negativa veio das receitas no Brasil; “além disso fomos surpreendidos pelo custo/transação de R$ 0,54 no trimestre, superior na comparação trimestral”, destacam os analistas. 
Já o JPMorgan Securities cortou o preço-alvo para as ações da Cielo de R$ 46 para R$ 40, mantendo recomendação overweight (exposição acima da média), destacando as condições econômicas deterioradas do cenário atual.

Petrobras (PETR3, R$ 6,45, -1,98%, PETR4, R$ 4,61, -2,33%)
Após a queda da véspera, as ações da estatal têm um novo dia de baixa, em meio ao novo dia de baixa do petróleo, com o brent em queda de 3,68%, a US$ 32,98 o barril, enquanto o mercado teve que lidar com outra notícia negativa para o setor. A petrolífera BP divulgou a sua pior perda anual em 20 anos e suas ações caem 7%.

No noticiário da estatal, de acordo com informações do jornal O Globo, a companhia estuda unir o Comperj com as refinarias Reduc e Regap, o que pode ser uma saída para encontrar um sócio para continuar com as obras do complexo petroquímico. 

As obras do Comperj em construção em Itaboraí (RJ) estão paradas, pois o local foi um dos alvos do esquema de corrupção entre funcionários da estatal e fornecedores revelado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal.

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Uma das soluções em análise, aponta o jornal, é juntar o Comperj com a Refinaria Duque de Caxias (Reduc), também no Estado do Rio, e a Refinaria Gabriel Passos (Regap), em Minas Gerais, e encontrar um sócio, que poderia ter uma participação minoritária relevante no conjunto dos ativos das três refinarias.

Cemig (CMIG4, R$ 5,98, -13,08%)
Após uma alta de quase 50% nos últimos sete pregões, sendo 12,52% apenas na segunda-feira, as ações da Cemig têm forte queda nesta sessão.

A empresa elétrica teve a sua recomendação rebaixada para underperform pelo Itaú BBA. Segundo os analistas, a companhia poderá vender parte de suas fatias minoritárias para reduzir endividamento; “isso significa que algo do seu potencial de ganho (25%) poderá desaparecer com uma eventual venda ocorrendo com desconto em relação ao preço justo”. 

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Sofisa (SFSA4, R$ 3,56, +42,40%)
Destoando do dia negativo do mercado, as ações da Sofisa disparam hoje, após a controladora do banco, Hilda Diruhy Burmaian, ter anunciado ontem a intenção de realizar uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) pelas ações preferenciais do banco em circulação no mercado, com o intuito de fechar o capital da empresa. A ação, que tem baixíssima liquidez, subiu 69,3% nos últimos dois meses (clique aqui para ler mais sobre esta notícia). 

Oi (OIBR4, R$ 1,61, -2,42%)
As ações da Oi caem mais de 2% hoje. A CVM deverá abrir inquérito para reavaliar se houve abuso de poder dos controladores na malsucedida fusão entre Oi e Portugal Telecom, diz o Valor Econômico, citando recomendação da Superintendência de Relações com Empresas à Superintendência de Processos Sancionadores da autarquia. 

A CVM deve investigar também se existe alguma evidência de que os controladores e diretores da Oi e do Grupo Espírito Santo tinham conhecimento do investimento na Rioforte, diz o jornal, citando uma das recomendações. 

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A Oi e a Portugal Telecom acertaram fusão em 2013. Em julho de 2014, as companhias renegociaram acordo para dar à Portugal Telecom uma fatia menor na emporesa combinada depois da informação de que o grupo português detinha 897 milhões de euros em papéis da Rioforte. A Oi vendeu ativos portugueses para Altice no ano passado.

A Oi e seus antigos controladores Andrade Gutierrez e La Fonte não comentaram, segundo o Valor. 

Siderúrgicas
Destoando do dia negativo do Ibovespa, as ações de siderúrgicas seguem em alta após dispararem na véspera. A Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 1,22, +6,09%) é destaque de alta do Ibovespa, seguida pela Gerdau (GGBR4, R$ 4,00, +5,26%), Usiminas (USIM5, R$ 1,00, +4,17%) e CSN (CSNA3, R$ 3,86, +2,93%).

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Apesar das siderúrgicas aparecerem entre as mais demandadas por quem opera vendido na Bovespa, operadores de mercado comentaram que não viram nada de anormal no aluguel desses papéis que pudesse ter puxado essa disparada, como um movimento conhecido como “short squeeze”, quando os vendidos são forçados a zerar suas posições, levando a bruscas arrancadas no mercado. 

Segundo o analista Pedro Galdi, da consultoria Whatscall, essa disparada parece um movimento técnico após forte derrocada desses papéis na Bolsa, em especial Usiminas. A empresa vinha sofrendo ainda com rumores sobre um eventual pedido de recuperação judicial, diante da negativa de aporte pelos seus credores e elevado endividamento oneroso. A empresa não confirmou os rumores e essa arrancada hoje pode ser em cima de expectativa de que esse boato não se sustente ou até mesmo especulações sobre fusão da empresa dado sua situação financeira, comentou Galdi. 

Apesar do ânimo nesta sessão, Standard & Poor’s rebaixou os ratings da Usiminas e CSN na semana passada, citando, entre os motivos, fracas condições do minério de ferro no Brasil, juros altos, dificuldade em gerar fluxo de caixa e alto endividamento. 

Já sobre a Gerdau, destaque para uma entrevista na última sexta-feira no InfoMoney com Wagner Caetano, diretor da Top Trader e trader profissional com 14 anos de experiência no mercado, que diz ver a possibilidade da ação GGBR4 subir até os R$ 10,00 nos próximos 18 meses, o que daria uma alta de 200%, e, para isso, decidiu vender um de seus apartamentos para dar início às compras dos papéis nos últimos dias.

Gol (GOLL4, R$ 2,47, +7,39%)
Após disparar 50% na véspera, a Gol iniciou o dia em queda de mais de 10%, mas virou e agora sobe mais de 7%. Porém, a queda é menor em relação à mínima do dia, quando teve baixa de 11,30%. Em destaque ontem, esteve a notícia de que há 
 possibilidade do governo autorizar que estrangeiros controlem empresas aéreas brasileiras; além disso, as ações reagiram aos dados operacionais de dezembro.

No noticiário de hoje, o Goldman Sachs elevou a recomendação das ações da companhia aérea de venda para neutra e elevou o preço-alvo dos ativos de R$ 3,40 para R$ 5,00. 

Imobiliárias
As ações das imobiliárias têm um dia de alívio. A Rossi Residencial (
RSID3, R$ 2,25, +12,50%) e PDG Realty (PDGR3, R$ 2,63, +8,68%) disparam, a Helbor (HBOR3, R$ 1,58, +1,94%) sobe cerca de 2%, enquanto as ações do Ibovespa, como Cyrela (CYRE3, R$ 7,32, +0,27%) e MRV Engenharia (MRVE3, R$ 9,14, -0,11%). 

No noticiário de hoje para as construtoras, destaque para a notícia de que o programa Minha Casa Minha Vida deve escapar de corte do Orçamento do governo federal. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.