Isa CTEEP (TRPL4): apesar do alto capex contratado, política de dividendos deve se manter

Empresa trouxe maior clareza em relação ao seu crescimento contratado (quase R$ 16 bilhões até 2028) durante Dia do Investidor

Felipe Moreira

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A Isa CTEEP (TRPL4) realizou Investor Day nesta semana, destacando, entre vários temas, a expansão da rede de transmissão e seu papel na transição energética, estratégia de crescimento,
revisão tarifária.

A Genial Investimentos reiterou sua visão positiva para as ações da companhia após participar do evento da companhia elétrica, pois vê que a empresa endereçou as potencialidades do case em termos de crescimentos para além daquilo que costuma observar nos planos decenais de energia.

Além disso, trouxe maior clareza em relação ao seu crescimento contratado (quase R$ 16 bilhões até 2028) onde, apesar da Genial achar as vertentes de crescimento muito interessantes, deve pressionar a alavancagem da empresa.

De acordo com a empresa, a taxa interna de retorno (TIR) esperada nos projetos leiloados é de pelo menos 10% (em linha com as estimativas dos últimos projetos adquiridos) enquanto que a relação Receita Anual Permitida (RAP)/Investimentos (capex) dos reforços e melhorias é de 12-17% (ou seja, a Receita Anual Permitida para cada R$1 investido em reforços em melhorias).

“Se considerarmos as taxas de retornos geradas por projetos com relação RAP/capex similar nos leilões de transmissão, também estimamos taxas de retornos interessantes para esse braço de crescimento”, destacam analistas da Genial.

Segundo a Genial, o nível de alavancagem financeira é importante devido a política de dividendos atual, que considera a distribuição de 75% do lucro líquido regulatório desde que a alavancagem fique abaixo das 3 vezes Dívida Líquida/Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações – sendo assim, analistas acreditam ser pouco provável o cenário de pagamento de dividendos extraordinários.

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Considerando a atual política da empresa, a Genial projeta um rendimento de dividendos (dividend yield, ou dividendo sobre o valor da ação) na casa dos 4% a 5% para o próximo ano.

A XP Investimentos, por sua vez, destaca que a Isa CTEEP não apresentou nenhuma novidade.

“O foco principal foi o forte programa de investimentos de R$ 15 bilhões para os próximos cinco anos e suas consequências em termos de financiamento e pagamento de dividendos”, diz a XP. “Aparentemente, a empresa não adicionará novas concessões/ativos relevantes ao seu portfólio, dada a perspectiva de alavancagem com o portfólio existente.”

O CFO da empresa acredita que há uma chance de otimizar a emissão de dívida, dependendo das condições de mercado do momento. Atualmente, as principais fontes de financiamento são o BNDES e os títulos isentos de impostos relacionados a investimentos de infraestrutura.

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Apesar disso, a empresa espera manter sua política de dividendos de 75% de pagamento sobre seu lucro líquido regulatório.

Em termos de inovação, segundo XP, a Isa CTEEP apresentou iniciativas para a primeira instalação de armazenamento de energia em larga escala do Brasil e subestações digitais. No caso do armazenamento de energia, há necessidade de criar instrumentos regulatórios para viabilizar essa tecnologia. Uma possibilidade seria a realização de leilões de capacidade que permitam a participação desses ativos.

O JPMorgan também destacou que mesmo com o alto investimento em despesas de capital  no futuro, bem como preocupações com alavancagem, a CFO Carisa Portela ainda afirmou que o ritmo de implantação de CAPEX permite financiamento por meio de dívida (debêntures de infraestrutura e BNDES quando disponíveis) e geração de caixa própria.

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A alavancagem deve superar o nível de 3 vezes a Dívida líquida/Ebitda. “No entanto, apesar da maior alavancagem, a CFO não prevê uma mudança na política de dividendos e manterá um pagamento de 75% sobre os lucros regulatórios”, diz relatório do JPMorgan.

Com relação a transição energética, o consultor do setor, Luiz Barroso, ressaltou a importância da transmissão na transição energética, uma vez que as fontes renováveis frequentemente geram energia longe dos centros de consumo. As estimativas atuais da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) apontam para R$ 150 bilhões em despesas de capital nos próximos 10 anos. No entanto, Barroso afirmou que temas relacionados à transição energética, como o hidrogênio verde e a energia eólica offshore, poderiam aumentar ainda mais esse número.

De acordo com JPMorgan, o consultor também destacou que o crescimento da Geração Distribuída adiciona mais complexidade ao sistema e que a rede de transmissão precisa ser mais flexível para lidar com diferentes fluxos de energia, não apenas da geração para o consumidor.

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Isa CTEEP tem recomendação de venda à compra

Aos atuais níveis de preço, a Genial ainda considera as ações da Isa CTEEP como um case interessante ainda que o fluxo de dividendos não deva ser expressivo como no passado. Dessa forma, manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28,

Já XP Investimentos reiterou recomendação neutra com um preço-alvo de R$ 26.

O JPMorgan é o menos otimista com o papel e manteve avaliação underweight  (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) e preço-alvo de R$ 25,50.