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SÃO PAULO – Marcado de polêmicas para o IRB Brasil (IRBR3), o ano de 2020 terminou com um prejuízo líquido acumulado para o ressegurador de 1,5213 bilhão, ante lucro de R$ 1,210 bilhão no mesmo período de 2019. No quarto trimestre do ano passado, o prejuízo totalizou R$ 620,2 milhões, comparável a um lucro de R$ 654,4 milhões nos últimos três meses de 2019 e ante o prejuízo de R$ 229,8 milhões no terceiro trimestre de 2020. A empresa divulgou seus números no final da noite da última quinta-feira (18).
Na sessão desta sexta-feira, em reação ao resultado, os papéis IRBR3 chegaram a cair até 6,32% no início da sessão, a R$ 6,23. Às 10h17 (horário de Brasília), os papéis tinham baixa de 4,06%, a R$ 6,39.
A companhia destacou que o resultado líquido em 2020 foi negativamente impactado principalmente pelo impacto dos negócios descontinuados (run-off) e pelos efeitos one-offs (não recorrentes), que estão listados a seguir: • Negócios Descontinuados – Run-off: – R$ 589,2 milhões; • Impacto operações de LPT (Loss Portfolio Transfer): – R$ 28,4 milhões em dezembro de 2020; • maior provisionamento da carteira de vida internacional em outubro de 2020: – R$80,5 milhões; • Acordo Eletronorte: Impacto de – R$52,3 milhões referente a perda registrada no acordo de ressarcimento com a Eletronorte; e • Baixa Créditos Tributários de Londres em dezembro de 2020: – R$ 335,9 milhões.
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“Se excluídos os impactos negativos do run-off e dos efeitos one-offs, a companhia teria apresentado um lucro líquido no quarto trimestre de R$ 190,4 milhões e um prejuízo líquido de R$ 476,2 milhões no acumulado de 2020”, apontou.
O total de prêmios emitidos em 2020 foi de R$ 9,596 bilhões, valor 12,7% acima do registrado em igual período do ano anterior, quando totalizou 8,515 bilhões. Já os prêmios emitidos no Brasil totalizaram R$ 4,874 bilhões, uma alta de 1% frente 2019, enquanto os no exterior somaram R$ 4,721 bilhões, alta anual de 28,0% e em parte devido à variação cambial no período.
Nos últimos três meses do ano, os prêmios ficaram praticamente estáveis, passando de 2,098 bilhões no quarto trimestre de 2019 para R$ 2,084 bilhões em igual período de 2020.
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As despesas com retrocessão (ou operações de transferência de riscos entre resseguradores) tiveram um aumento de 89,6% em 2020, passando de R$ 2,225 bilhões para R$ 4,220 bilhões; de acordo com a empresa, isso refletiu o “endurecimento do mercado (hard market), com consequente redução da oferta” de capacidade. No último trimestre de 2020, a alta foi de 168,2%, indo de R$ 614,6 milhões para R$ 1,648 bilhão.
Já os sinistros retidos foram de R$ 5,812 bilhões em 2020, 55,0% acima frente igual período de 2019, enquanto o índice de sinistralidade total registrou alta de 35,9 pontos percentuais, de 66,4% para 102,3%.
O resultado financeiro e patrimonial teve queda de 86,6% em 2020 frente 2019, totalizando R$ 125,2 milhões, decorrente da redução das taxas de juros.
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Já as provisões técnicas tiveram alta de 29,7% no ano passado, somando R$ 13,5 bilhões.
Antonio Cassio dos Santos, CEO do IRB, destacou na divulgação do balanço a crise enfrentada pela companhia e listou uma série de medidas para a recuperação da confiança. “Em meio a um ano que vai ser lembrado globalmente pelos efeitos da pandemia da covid-19, enfrentamos o desafio de superar uma crise de credibilidade motivada por irregularidades identificadas pela divulgação de informações inverídicas sobre a base acionária da companhia em março de 2020, pela instauração da fiscalização especial da SUSEP, em maio, devido à insuficiência de ativos garantidores das provisões técnicas do IRB, naquele momento da ordem de R$ 1 bilhão, e em junho pelo refazimento das demonstrações financeiras de 2019/18 que trouxeram à luz a real situação econômico-financeira da empresa”.
Ele ainda complementou destacando que, no início de 2021, o IRB selecionou “uma firma líder mundial em consultoria
estratégica para nos assessorar na revisão estratégica que já havíamos iniciado, incluindo análise de negócios, geografias e modelo operacional. (…) Confiamos no desempenho positivo do IRB para os anos vindouros a partir de 2021, colhendo os frutos da etapa de Limpeza (Clean), com a descontinuidade de contratos que asseguraram baixa margem e afetaram nossos resultados. Com base nos pilares básicos de nossa estratégia empresarial sustentadas por atuação ética, com responsabilidade socioambiental, e dentro dos mais elevados padrões de governança corporativa (ESG) e gestão do negócio baseada em riscos (ERP), seguiremos ‘sem pressa, mas também sem pausa’ na busca do retorno justo aos nossos acionistas, serviço de excelência aos clientes e parceiros de negócios, bem como na construção de um ambiente de qualidade
e voltado para alta performance para nossos colaboradores”.
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A companhia também informou que a divulgação de suas demonstrações contábeis referentes a 2020 mostram que a empresa atingiu o enquadramento regulatório referente aos índices de liquidez e cobertura de provisões técnicas.
O desenquadramento regulatório foi informado ao mercado em 11 de maio de 2020, quando a companhia foi oficiada pela SUSEP, em razão de apresentar insuficiência na composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e consequentemente da liquidez regulatória. .“Estabelecemos o plano de enquadramento de liquidez regulatória e de cobertura das provisões técnicas, de forma que, de julho a dezembro de 2020, a administração logrou gerar caixa/ativos adicionais e/ou redução de passivos, ambos relativos às provisões citadas de R$ 4,8 bilhões de novos recursos, de forma a permitir o reenquadramento regulatório em 31.12.2020”, afirmou.
De acordo com o Credit Suisse, mesmo ajustando para itens pontuais, o portfolio run-off (negócios descontinuados) pode continuar levando a impactos negativos nos resultados. “A normalização no underwriting ainda está para ser vista, mas destacamos as iniciativas da gestão para transformar a empresa”, avaliaram os analistas.
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