IRB (IRBR3) vai de salto para queda de quase 7% após 3T: recuperação segue em curso?

Analistas destacam forte alta do lucro, mas por fator não-recorrente; visões para ação é diversa

Lara Rizério

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O IRB (IRBR3) divulgou resultados acima da expectativa no 3T24, com lucro superando projeções, ainda que afetado por um efeito não-recorrente. O lucro líquido somou R$ 116 milhões – 27,5% acima do consenso e alta anual de 143% – impactado positivamente pela venda de terreno no valor de R$ 37 milhões nesse trimestre. Com isso, as ações chegaram a saltar mais de 5% no início da sessão desta quarta-feira (13), amenizaram ao longo do pregão e depois passaram a cair forte, fechando o dia com queda 6,85%, a R$ 40,50.

Conforme aponta o Goldman Sachs, os prêmios emitidos e ganhos desaceleraram em relação ao 2T24, perdendo força no Brasil, enquanto os prêmios no exterior aumentaram na base trimestral. Ainda assim, os resultados operacionais se beneficiaram de menores custos de aquisição relacionados ao fim de um contrato específico de risco de vida.

Os resultados operacionais estão agora mais próximos do ponto de equilíbrio, enquanto os resultados financeiros permaneceram em território positivo, avalia o banco. No geral, o IRB registrou uma expansão gradual na lucratividade, com o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) atingindo 10,4% (ante 6,1% no 2T24 e 4,6% no 3T23).

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“Embora a surpresa em nossa previsão tenha decorrido principalmente de menores custos de aquisição, continuamos a ver espaço para resultados operacionais melhorarem no futuro com menores sinistros, enquanto prêmios emitidos e ganhos podem acelerar em relação aos níveis atuais”, avalia o Goldman.

Para o JPMorgan, com o ajuste da venda do imóvel, o EBT (lucro antes de impostos) ficaria 8% abaixo do que projetava. No geral, o banco vê uma melhora na dinâmica de receita com prêmios emitidos crescendo 10% ano a ano e prêmios retidos em um ritmo ainda mais forte de 26% anualmente (embora perdendo -13% versus a projeção do JP).

A agricultura foi um destaque negativo no Brasil (-11% ante 3T23), como esperado, mas surpreendeu com o bom desempenho do segmento no exterior (+41% ). O índice de sinistralidade foi pior neste trimestre, subindo 290 pontos-base trimestre a trimestre, mas compensado por uma rescisão específica do contrato de vida – que ainda se precisa confirmar se é sustentável.

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“No geral, continuamos a ver um caminho claro de recuperação da lucratividade no IRB, mas as altas expectativas do mercado sobre o ritmo de melhoria podem gerar decepção em nossa visão”, avalia o JPMorgan.

A Genial aponta que, embora o ROE ainda esteja abaixo do custo de capital, a empresa demonstra uma trajetória de recuperação. Esse desempenho foi impulsionado por uma melhora no resultado de underwriting, uma redução nas despesas com comissionamento e a expansão do resultado financeiro, que juntos contribuíram para um trimestre mais forte.

O BTG Pactual reforça que o IRB continua seu longo processo de turnaround (virada), com uma melhoria contínua nos resultados, trimestre após trimestre. Apesar da recente recuperação da receita líquida, a administração continua priorizando a rentabilidade em detrimento ao crescimento (com a receita líquida crescendo abaixo da faixa alvo de 10-15%), garantindo renovações de contratos a bons preços (com uma sinistralidade combinada em torno de cerca de 100% nos últimos 12 meses, apesar do impacto no Rio Grande do Sul).

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“Em resumo, acreditamos que o IRB já atingiu um piso de lucro líquido anualizado de R$ 100 milhões por trimestre (algo impensável há pouco tempo). À medida que continua melhorando seus resultados, esperamos que a empresa comece a pagar dividendos no próximo ano, uma vez que elimine os prejuízos acumulados no seu balanço patrimonial. Além disso, podemos ver reversões de provisões relacionadas aos sinistros no Rio Grande do Sul nos próximos trimestres (baseado na dinâmica de seguradoras no 2T)”, avalia o BTG, que reitera recomendação de compra.

As recomendações são diversas para IRBR3, uma vez que o Goldman Sachs possui visão neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 50 (potencial de alta, ou upside de 15% frente o fechamento de terça), JPMorgan tem recomendação underweight (desempenho abaixo da média do mercado, equivalente à venda). A Genial tem recomendação de manutenção, com preço-alvo de R$ 47 (upside de 8%).

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.