IRB (IRBR3): fatores que afetaram 3º tri são conhecidos, pontuais, mitigáveis e tendem a ficar no passado, diz CEO; ação fecha a R$ 0,82

Apesar das atuações do IRB para a melhora dos indicadores, o ceticismo com o ativo segue imperando no mercado. 

Felipe Alves

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O IRB (IRBR3) enfrentou mais um trimestre desafiador e impactado pela alta sinistralidade, com um prejuízo líquido de R$ 298,7 milhões no terceiro trimestre de 2022 (3T22), salto de 91,84% frente as perdas de R$ 155,7 milhões no mesmo período de 2021.

Nesta sessão pós-resultado, as ações renovam mínimas históricas, chegando a R$ 0,80, com analistas e investidores ainda céticos sobre a trajetória de recuperação da companhia. Os ativos fecharam em queda de 4,65%, a R$ 0,82, renovando mínima de fechamento.

Mas, segundo o CEO Raphael de Carvalho relatou em teleconferência de resultados nesta data, ventos mais positivos devem vir no 4T22. “Começamos melhor o 4T22 do que começamos o 3T22”, afirma.

Ao olhar para frente, Carvalho vê o cenário para os próximos meses como positivo. Apesar disso, os resultados registrados no 3T22 foram piores do que a diretoria do IRB esperava. O desempenho foi seriamente afetado pela elevada sinistralidade de 117%, derivada principalmente da carteira rural e da carteira de vida (impactada pela Covid). Para o CEO, o índice de sinistralidade que ficou em 91% não é o ideal e o objetivo é baixar esse indicador.

Carlos André Guerra Barreiros, Vice-Presidente de Riscos, Conformidade e Jurídico da IRB, destacou que, além do agro, houve outros eventos atípicos que afetaram a sinistralidade. Ele citou a elevação das perdas em negócios no exterior no segmento de vida internacional referente a um contrato e o registro de prestação de contas de um contrato anual de uma grande seguradora mundial.

Os sinistros de agro e Covid somados totalizaram R$ 1,080 bilhão de impacto para a IRB. “Se não fossem esses eventos, a companhia estaria com resultados próximos a zero”, afirma.

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Willy Jordan, CFO do IRB, destacou a evolução dos prêmios emitidos no Brasil e no exterior nos últimos trimestres. Segundo ele, a empresa segue avançando na trajetória de redirecionamento com foco no Brasil. Nos primeiros nove meses de 2022 os prêmios no Brasil somaram 68% contra 61% no mesmo período de 2021.

Follow on garante reenquadramento

O IRB também destacou na teleconferência que voltou a operar dentro dos indicadores regulatórios requeridos, conforme apontado por Raphael de Carvalho. Agora, tanto a cobertura de reservas quanto a de solvência regulatória estão enquadradas de forma correta agora.

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Ele ressaltou ainda que em relação à solvência total, o IRB sempre esteve no patamar compatível com o mercado internacional. “O follow on de R$ 1,2 bilhão foi fundamental para o reenquadramento regulatório”, destacou o CEO.

Ações para melhorar

O CEO Raphael de Carvalho elencou uma série de ações que o IRB está ou fará para melhorar os indicadores da empresa. O primeiro compromisso, segundo ele, é manter a disciplina na execução da estratégia, com foco no Brasil. A diretoria continuará o trabalho de diluição de risco, reduzindo a concentração por negócio e privilegiando a diversificação do portfólio. Rapahel citou ainda que foi possível otimizar os contratos de proteção justamente pelo êxito de focar no Brasil e diminuir os riscos.

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“O trabalho de ajustes de nossos preços e condições seguirá, contribuindo para recuperação de nossas margens operacionais”, afirma ele. O CEO destaca ainda que a empresa focará no estrito controle sobre despesas administrativas e comerciais para melhorar os indicadores.

Ceticismo do mercado

Apesar das atuações do IRB para a melhora dos indicadores, o ceticismo com o ativo segue imperando no mercado.

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Segundo análise do Citi, o resultado continua a navegar em incertezas, especialmente em relação à lucratividade a longo prazo. A contínua entrega de balanços no prejuízo deixa dúvidas sobre se o aumento de capital recente foi o suficiente ou se outro follow-on será necessário, apontam os analistas do banco. A recomendação de venda foi reiterada, com preço-alvo de R$ 1,10.

O JPMorgan também ressaltou que a posição de capital regulatório da empresa não é confortável. Os analistas do banco ressaltam que, recentemente, elevaram a recomendação para a ação IRBR3 de underweight (exposição abaixo da média do mercado, equivalente à venda) para neutra, seguindo o aumento de capital de agosto, mas ainda veem uma tendência desafiadora para o IRB.