IRB (IRBR3) fecha abaixo de R$ 1 pela primeira vez, a R$ 0,97, após piora do prejuízo reforçar cenário desafiador

"Vemos um número significativamente pior ante o prejuízo esperado de R$ 27 milhões do consenso da Bloomberg para o terceiro trimestre de 2022", aponta JP

Equipe InfoMoney

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O grupo ressegurador IRB Brasil (IRBR3) anunciou na última sexta-feira que teve prejuízo líquido de R$ 164,7 milhões em agosto, ante lucro de R$ 84,8 milhões um ano antes, quando foi favorecido pelo ganho de ação judicial referente ao PIS/Pasep. Com os números da companhia mostrando mais uma vez a persistência do cenário desafiador para a empresa após a oferta de ações, em setembro, os ativos fecharam em baixa de 8,49%, a R$ 0,97, fechando abaixo de R$ 1 pela primeira vez nesta segunda-feira (24).

A atribulada companhia, que nos últimos anos tenta superar os efeitos de um escândalo de fraude, neste ano teve que fazer uma oferta de ações para levantar cerca de R$ 1,2 bilhão para atender requerimentos mínimos de capital devido a novos prejuízos, desta vez ligados a sinistros com a quebra de safra.

Com as perdas de agosto, o prejuízo líquido do IRB nos oito primeiros meses de 2022 chegou a R$ 516,4 milhões, ante prejuízo de R$ 168,9 milhões no mesmo período de 2021.

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Em agosto, os prêmios de resseguros emitidos pelo IRB totalizaram R$ 524,9 milhões, queda de 30,1% ante mesmo mês de 2021, com diminuição de 16,2% no Brasil e de 51,3% no exterior.

A despesa da empresa com sinistros somou R$ 633,7 milhões, 18,8% superior a de um ano antes, com índice de sinistralidade de 145%.

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Nos oito primeiros meses de 2022, os prêmios emitidos atingiram R$ 5,56 bilhões, queda de 7,4% no comparativo anual, enquanto a despesa com sinistros somou R$ 3,77 bilhões, 1,8% maior frente a igual período do ano passado, com índice de sinistralidade de 107,2%.

Com o prejuízo de agosto, o IRB já acumula um resultado negativo de quase R$ 224 milhões no terceiro trimestre – sendo que os dados de setembro ainda não divulgados. O resultado total está previsto para 10 de novembro.

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“Embora uma perda líquida fosse esperada, pelo menos por nós, a magnitude não era”, afirmaram analistas do BTG Pactual,
avaliando que o aumento de capital mais recente, no final de agosto, pode ser insuficiente se a empresa não puder voltar aos
trilhos.

No caso de mais um prejuízo trimestral expressivo, os analistas supõem ser difícil imaginar que sobrará muito colchão
de capital, mesmo após a recente oferta de ações. Assim, avaliam, a empresa precisa se ajustar para evitar que tema do
capital retorne e pressione as ações novamente.

“O IRB ganhou algum tempo com as agências de rating, mas pode estar em risco em breve se não parar o sangramento. Como ainda é muito difícil saber como será o novo IRB – e sua rentabilidade -, continuamos cautelosos com ação.”

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O JPMorgan também destacou que o IRB registrou uma piora do seu prejuízo, passando de R$ 59 milhões em julho para quase R$ 165 milhões em agosto. Particularmente, a sinistralidade ficou muito alta de 145%, piorando contra 91% no mês passado.

“Ainda não temos visibilidade no discriminação de sinistros por segmento. Neste ponto, esperávamos ver melhorias principalmente para o segmento rural que já era um movimento visto nas seguradoras primárias (por exemplo, BB Seguridade BBSE3)”, destacam os analistas do JP.

“Com os números de julho-agosto divulgados, vemos um número significativamente pior ante o prejuízo de R$ 27 milhões do consenso da Bloomberg esperado para o terceiro trimestre de 2022 (3T22) e o lucro esperado pelo JP de R$ 29 milhões”, avaliam os analistas

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Além disso, a liquidez regulatória, que o banco estimava em um excedente de R$ 650 milhões após a oferta de agosto, deve estar mais próxima de cerca de R$ 400 a R$ 450 milhões.

Apesar de ver um cenário desafiador para o IRB, os analistas do JPMorgan elevaram a recomendação no início de setembro para equivalente a neutro, reiterando o call.

Isso por conta do : (i) significativo ajuste acumulado no ano (queda de 75% de IRBR3 versus alta de 7% do Ibovespa) levando o valuation para um nível um pouco mais razoável, cerca de 0,8 vez o valor patrimonial tangível mais valor presente líquido (VPL) de créditos tributários; (ii) melhor sentimento dos investidores sobre o potencial breakeven – ponto de equilíbrio, em que receitas e custos se equiparam no final do ano -, auxiliado pelo maior rendimento financeiro sobre o capital levantado e amenização do ciclo de perda rural.

“Ainda assim, mantemos a nossa preferência no setor pelas seguradoras primárias Porto (PSSA3) e BB Seguridade sobre o IRB”, avalia o JP.

(com Reuters)

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