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SÃO PAULO – O déficit em conta corrente de US$ 6,8 bilhões que o Brasil registrou em novembro, valor superior à média observada nos doze meses anteriores, de US$ 3,9 bilhões, superou o consenso de mercado. Porém, segundo analistas, esse aumento não deve ser preocupante, já que boa parte desse déficit será financiado pelo IED (Investimento Estrangeiro Direto).
O déficit apresentado foi um pouco maior do que o esperado pela equipe de analistas do Bradesco, que estimava um déficit de US$ 6 bilhões no mês. Segundo os analistas, contribuíram para isso o resultado mais fraco da balança comercial e da conta de rendas.
Para Rosenberg & Associados, a alta do dólar pode ter estabilizado o déficit em viagens internacionais. Porém, o agravamento da crise parece ter aumentado a remessa de lucros e dividendos.
IED forte financia déficit
Para o Bradesco, a entrada de IED ficou em linha com o esperado, somando US$ 4,1 bilhões. Entre os setores que mais receberam investimentos, os analistas destacaram os de agricultura, pecuária e extrativismo mineral, além de derivados de petróleo e biocombustíveis e produtos alimentícios.
“Dessa forma, mantemos nossa avaliação de que, no ano de 2011, a entrada de IED deverá chegar ao pico histórico, atingindo US$ 65 bilhões”, projetam os analistas do Bradesco. O déficit continuará financiado em grande medida pelo IED, acreditam, para fechar o ano em 2% com relação ao PIB.
O déficit em conta corrente, projeta a LCA Consultores, deverá se manter em torno de 2% do PIB entre 2011 e 2012. Já o IED deve apresentar um total de US$ 65 bilhões em 2011 e queda na faixa de US$ 50 bilhões a US$ 55 bilhões em 2012, devido a manutenção do quadro de incerteza global.
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Porém, os economistas da LCA acreditam que caso ocorram as concessões de aeroportos, licenças para telefonia 4G e de campos na região do pré-sal previstas para 2012, o influxo de investimentos pode aumentar. Além disso, as condições de financiamento do déficit devem seguir relativamente favoráveis, com o Brasil obtendo melhorias de seu rating soberano e também com um forte montante de reservas internacionais.
Déficit maior em dezembro
Segundo a Rosenberg & Associados, o déficit em transações correntes deve ser superior ao de novembro, em torno de US$ 7 bilhões. Para os analistas, o saldo comercial será provavelmente mais fraco devido ao desempenho mais baixo das exportações e com o aumento das remessas de lucros e dividendos.
Porém, para os analistas da Rosenberg, grande parte desse déficit será de US$ 5 bilhões, sendo que o Brasil se destacará como ganhador relativo nessa crise, com investimentos externos ainda expressivos.