Investidores puxam rali de 110% da ex-OGX: uma cilada ou seu ressurgimento na Bolsa?

Apesar da disparada, operador do mercado diz que o movimento é especulativo: apenas um "tiro curto" dos investidores atrás de parte do dinheiro perdido com a ação no passado

Paula Barra

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SÃO PAULO – As ações da Óleo e Gás Participações, a antiga OGX (OGXP3), viveram um rali de três dias na Bolsa, acumulando até a máxima desta quarta-feira (6) valorização de 112%, na esteira da notícia de que a empresa retomou na segunda-feira a produção do Campo de Tubarão Martelo (“Campo TBMT”), por meio da FPSO OSX-3. A disparada, no entanto, cessou nesta sessão, com os papéis virando para queda, atingindo na mínima do dia desvalorização de 14,62%, a R$ 5,90. 

A ação, que virou “mico” na Bolsa desde 2013, quando a empresa entrou em recuperação judicial e teve uma queda brusca no volume negociado na Bovespa, assim como no valor de face seus papéis, “renasceu” na última segunda-feira. Assim como a forte valorização, que levou a ação para máxima desde maio deste ano, chamou atenção o giro financeiro, que atingiu ontem R$ 14,42 milhões, contra média diária de R$ 1,2 milhão dos últimos 21 pregões. 

“A notícia de que a empresa conseguiu reativar a exploração no Campo de Tubarão Martelo despertou o ânimo dos investidores que tentam recuperar pelo menos uma fatia do que perderam no passado”, disse o operador de mesa do banco Daycoval, Renan Alpiste. Segundo ele, é um movimento especulativo desses investidores minoritários. “Não pensando que a empresa vai voltar a ser o que era, mas na tentativa de colocar algum dinheiro no bolso em meio ao movimento especulativo”, disse.

No book de oferta da companhia nesses últimos três pregões, é possível observar um movimento puxado por investidores de varejo, que normalmente operam por corretoras menores. Embora bastante pulverizado, dados do Profit Chart mostram que as corretoras do Itaú BBA, Easynvest e Concórdia lideraram desde a segunda-feira as intermediações de compra da ação, registrando no período um volume financeiro de R$ 685 mil, R$ 583,8 mil e R$ 407,1 mil, respectivamente. Na ponta oposta, o saldo vendedor é liderado pelas ordens lançadas pela XP Investimentos, Ágora e Votorantim. 

“É um movimento especulativo, investidores dando um tiro curto para reaver algum dinheiro. É difícil encontrar hoje um investidor que acredite no papel para ficar no longo prazo. Quem comprou ontem está embolsando o pouco do lucro hoje”, disse o operador do Daycoval, citando a reviravolta da ação, que cotada às 16h35 (horário de Brasília) desta sessão com queda de 9,41%, a R$ 6,26. Na máxima do dia, atingiram alta de 8,54%, a R$ 7,50. 

Vale lembrar que a ação saiu do patamar dos R$ 18,00 no seu auge em 2012 para ser cotada a R$ 0,02 na Bolsa no início deste ano, antes de fazer um agrupamento na proporção de 100 ações para uma no começo de junho, voltando para a casa dos R$ 5,00 no dia 2 do mês passado. Embora tenha ajudado a colocar novamente a empresa no radar dos investidores, somente após o anúncio nesta semana da retomada de Tubarão Martelo que as ações da companhia voltaram a subir no mercado.

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Segundo o comunicado da companhia, da última segunda-feira, as operações no campo foram imediatamente retomadas após a autorização da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), em ofício datado de 1° de julho. A companhia informou ainda que permanecerá monitorando o processo, aguardando a estabilização da produção. Com a retomada da produção, os resultados mensais voltarão a ser divulgados ao mercado até o 15° dia do mês subsequente, disse a empresa.