Inflação deve pagar a conta do déficit e endividamento público no país, diz analista

Rodrigo Sgavioli, da XP, diz que a equação da dívida pública é um tema a ser resolvido em 2025

Augusto Diniz

Conteúdo XP

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Há alguns caminhos para redução da relação dívida pública com o PIB, incluindo não pagá-la, fazer ajuste fiscal ou usar a inflação para reduzir os custos de seu endividamento por conta dela não estar indexada ao índice inflacionário.

Rodrigo Sgavioli, head de alocação da XP, comandou nesta quarta (8) o programa Morning Call da XP, e disse que essa equação precisa ser resolvida em 2025.

“O valor nominal da dívida, ele é dividido pelo nível de preços (indicado pela inflação). O resultado apresenta o valor presente esperado dos resultados primários do governo”, explicou.

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Variáveis

“Quando a gente olha para essas três variáveis da equação do endividamento público brasileiro, a gente vê na primeira variável, que seria o valor nominal da dívida, que muito provavelmente ela vai continuar crescendo”, disse.

“Não esperamos que o governo dê calote na dívida. Esse não é o caminho que deve acontecer. Está longo desse cenário acontecer”, destacou.

“Já na segunda variável, que seria ajustar os resultados primários, a gente não viu uma boa vontade genuína em larga escala do governo de tentar superávits primários relevantes”, ressaltou.

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Pacote fiscal insuficiente

O fato é que o pacote fiscal divulgado pelo governo federal no final do ano passado foi uma tentativa de sinalizar a intenção de um ajuste. Porém, as medidas desse pacote foram consideradas insuficientes para a obtenção de superávits nos próximos anos, avalia relatório recente da XP sobre alocação cuja abertura trata do cenário macroeconômico no Brasil e no mundo.

“Então, esse ajuste vai acabar vindo por inflação. Vai haver um ajuste do nível de preço. “Se a questão é não mexer no resultado primário, e não mexer também no valor nominal da dívida, sobra para a inflação pagar a conta”, afirma o analista.

Para a XP, a alta dos preços provocada pela inflação deve corroer o valor real da dívida pública e evitar uma “trajetória explosiva” dela.