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SÃO PAULO – Os incêndios que estão atingindo o Pantanal em Mato Grosso do Sul e Mato Grosso e também na Amazônia têm chamado atenção do mundo todo e do lado econômico já têm afetado bastante a atividade pecuária, inclusive na produção animal.
Entre os impactos, fazendeiros destas regiões estão vendo seus custos aumentarem com a necessidade de deslocar bovinos para áreas seguras, como pastagens alugadas, confinamentos ou fazendas vizinhas.
Além disso, há também a mudança da alimentação destes animais, que precisam de um complemento com grãos, já que o pasto está destruído, o que também reflete em um custo adicional.
Em relatório, os analistas do Bradesco BBI destacam que os estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul respondem juntos por cerca de 25% do rebanho bovino do Brasil e isso levanta uma preocupação de que os incêndios possam aumentar os desafios enfrentados pela escassez de gado no mercado nacional.
Esta escassez, segundo eles, tem ocorrido por conta do aumento das exportações do País, que também elevou a retenção de fêmeas para recompor o rebanho, o que reduz a oferta de animais para abate por algum tempo e impacta negativamente as margens da carne bovina.
O Bradesco BBI destaca que as operações de carne bovina no Brasil representam 15% da receita total da JBS, enquanto que, para a Marfrig, as operações de carne bovina na América do Sul correspondem a 30% de sua receita total, sendo que o Brasil representa 70% deste negócio.
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Apesar disso, a preocupação é apenas algo inicial e não há projeções de que as queimadas impactem as principais empresas de proteínas do país ainda. O próprio Bradesco mantém uma recomendação Outperform (acima da média do mercado) para a JBS (JBSS3), com preço-alvo de R$ 33, o que representa um potencial de alta de 51% sobre o preço atual. Já no caso da Marfrig (MRFG3), os analistas têm uma recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 17, um upside de 9%.
Já a equipe de análise da XP Investimentos lembra que este impacto das queimadas, por enquanto, é mais local, afetando produtores menores, não chegando a pesar nacionalmente no mercado, vendo o aumento do preço da carne mais puxado por outros fatores.
Além disso, os analistas lembram que o momento agora é de entressafra, o que, em geral, é um momento de produção menos eficiente, em que, entre outras coisas, já existe um complemento na alimentação do gado, já que o pasto nesta época do ano já está menor.
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Diante disso, no lado da produção animal, os impactos ainda parecem pequenos e contornáveis para as principais empresas do setor no Brasil. Mesmo assim, o momento acaba por reforçar também algumas medidas que estas companhias vêm tomando na linha do ESG (environmental, social and governance, em inglês), que buscam integrar nos investimentos as melhores práticas ambientais, sociais e de governança das empresas.
Há dois meses, a Marfrig anunciou o chamado Plano Marfrig Verde+, cujo objetivo é garantir que 100% da cadeia de produção da empresa seja sustentável e livre de desmatamento nos próximos dez anos, período em que a companhia investirá R$ 500 milhões em ações de sustentabilidade.
Além disso, em agosto, a Marfrig, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lançou a marca Viva, que conta com carnes com atributos de sustentabilidade e carbono neutro (CCN), certificação dada para gado criado em sistemas de integração do tipo silvipastoril (pecuária-floresta) ou agrossilvipastoril (lavoura-pecuária-floresta, ILPF).
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Já a JBS lançou nesta quarta-feira (23) o programa Juntos pela Amazônia, que prevê a criação de um fundo de R$ 1 bilhão para investimentos no desenvolvimento sustentável do bioma, com aportes da companhia podendo atingir até metade desse total em até dez anos.
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