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Ibovespa tem sétima queda consecutiva, com baixa de 0,57%, puxado por China e cenário político; dólar sobe 0,15%

Deflação na China pesou nas perspectivas para o minério de ferro e temor de mudanças na Lei Orçamentária gera incerteza em investidores

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em queda de 0,57% nesta quarta-feira (9), aos 118.408 pontos e em seu sétimo pregão consecutivo no vermelho, acumulando baixa de 2,9% no período. O índice foi puxado para baixo com ajuda da Vale (VALE3), do cenário político e com ajuda dos benchmarks americanos

As ações ordinárias da Vale (VALE3) recuaram 0,90%, acompanhando o pessimismo com o minério de ferro. As perspectivas para a commodity recuaram repercutindo o fato de que a China registrou em julho a primeira deflação desde 2021, com queda de 0,3%, sinalizando uma desaceleração econômica.

“O dia contou com certo mau humor em relação a exportadores de commodities diante do dado de inflação divulgado no início do dia na China, que mostrou que a economia do gigante asiático se recupera muito lentamente. O movimento, além do Ibovespa, impactou negativamente nossa moeda”, explica Rachel de Sá, chefe de economia da Rico.

O dólar subiu 0,15% frente ao real, negociado a R$ 4,905 na compra e na venda.

A especialista também destaca que no cenário político houve certo temor de investidores quanto a possíveis mudanças no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias.

” Ao longo do dia, rumores de que o Ministério da Fazenda estaria preparando uma mensagem modificativa que vincularia o cumprimento da meta fiscal à aprovação de projetos de aumento de arrecadação elevaram o tom de cautela entre investidores”, expõe. “Apesar de o governo negar que optaria ir por esse caminho, defendendo que a meta de déficit primário para o ano que vem será mantida em zero, o vai e vem desse tema tem elevado preocupações sobre a questão fiscal”.

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A curva de juros brasileira fechou majoritariamente com tendência de alta. Os DIs para 2024 ficaram estáveis em 12,45% e os para 2025 perderam um ponto-base, a 10,43%. O faturamento da maioria dos demais contratos, no entanto, subiram. Os DIs para 2027 ganharam quatro pontos-base, a 10,02%, e os para 2029, sete pontos, a 10,51%. Os rendimentos dos DIs para 2031 subiram 10 pontos, a 10,80%.

Stefany Oliveira, head de análise de trade da Toro Investimentos, destaca que a curva de juros brasileira também deve ter sofrido pressão da dinâmica dos treasuries yields – os títulos para dois anos, por lá, ganharam 4,6 pontos, a 4,804%, com investidores monitorando falas mais duras de membros do Federal Reserve, que vêm sugerindo novas altas dos juros,  e aguardando a divulgação do índice de preços ao consumidor (PCI, na sigla em inglês) nessa quinta.

No Brasil, também há a expectativa pela publicação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) na sexta-feira. “Há muita expectativa para o IPCA no final da semana, muita mesmo, porque ele vai balizar a expectativa de mais cortes na Selic, com uma eventual aceleração do ciclo de cortes de juros. A ata do Copom [Comitê de Política Monetária] deixou a porteira aberta ontem”, fala Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

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Quem impediu uma queda maior do Ibovespa, por fim, foram as ações ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), que subiram, na sequência, 1,15% e 0,79%. Os papéis acompanharam o petróleo Brent, que subiu 1,51%, a US$ 87,47.

“Vale dizer que o petróleo sobe, em grande parte, com perspectivas de oferta mais apertadas, e não perspectivas de demanda mais aquecida”, diz Spiess.