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Ibovespa sobe no dia, mas cai 4,79% em janeiro, na pior queda para o mês desde 2016

Queda da Vale, deterioração fiscal e melhora da economia americana são alguns dos pontos que levaram à queda no mês

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou nesta quarta-feira (31) com alta de 0,28%, aos 127.752 pontos, mas os ganhos de hoje não foram suficientes para evitar a queda de 4,79% em janeiro. Após o rali do fim de 2023, e de ganhar mais de 20% durante os seus 12 meses, o primeiro mês de 2024 foi marcado por um recuo do otimismo, configurando o pior primeiro mês de um ano desde 2016.

O índice brasileiro destoou daquilo visto no exterior. Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram, respectivamente, cerca de 1,6%, 1,2% e 1% em janeiro.

Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master, pontua que uma correção após a recente alta, bem como o peso da Vale (VALE3), são alguns dos principais motivos que explicam o fato de o Ibovespa ter ido na contramão de Nova York. “Todos os índices setoriais caíram, sem exceção, e o destaque entre as quedas ficou para materiais básicos, com bastante peso da mineradora”, fala o especialista.

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Ele lembra que janeiro foi marcado por uma queda do preço do minério, com investidores monitorando a compra de aço na China, maior consumidor das duas commodities do mundo, que caiu. A tentativa do Governo Federal de emplacar o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, e multas por conta da tragédia de Mariana também pesaram nos papéis da Vale, que são os que têm maior peso do Ibovespa e que perderam mais de 12% ao longo do mês.

Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos, também menciona o fiscal brasileiro como um dos detratores do resultado do Ibovespa em janeiro. 

O mês foi marcado pela discussão da reoneração da folha de pagamento, pela alegação do Tribunal de Contas da União (TCU) de que as receitas do Orçamento 2024 estão superestimadas e, mais para o seu fim, pelo anúncio de que as contas públicas fecharam 2023 com um déficit de R$ 230,5 bilhões. Fora isso, houve também o anúncio de um pacote de investimentos do BNDES de R$ 250 bilhões para a indústria. 

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“Isso tem deixado o mercado um pouco mais temerário em relação a como o Brasil vai andar nos próximos anos. Há desconfiança da capacidade do governo  em continuar mantendo os investimentos que estão nos seus planos”, debate Lourenço. “Em contrapartida, o governo tem que trabalhar de alguma forma para aumentar a arrecadação.  Só que essa arrecadação está vindo via aumento de imposto, o que prejudica a atividade econômica”.

A curva de juros brasileira, então, fechou em alta no mês. Os DIs para 2026 ganharam 0,52%, a 9,66%, e os para 2027, 0,72%, a 9,79%. Os contratos para 2029 subiram 1,64%, a 10,23%, e os para 2031, 2,05%, a 10,47%.

Companhias ligadas ao mercado interno, mais suscetíveis aos juros, ficaram entre as maiores quedas percentuais do índice. Os papéis ordinários do Grupo Casas Bahia (BHIA3) perderam quase 30% no mês, os da MRV (MRVE3), quase 29%, e os da EzTec (EZTC3), cerca de 16%.

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Por fim, o cenário externo também acabou, segundo alguns especialistas, prejudicando o Ibovespa. 

Nos Estados Unidos, o otimismo com a economia ainda aquecida (com o PIB do quarto trimestre bem acima do esperado), com o impacto da inteligência artificial e com o recuo da inflação – e o decorrente possível início do ciclo de queda dos juros – puxaram as Bolsas. Só que um otimismo nos EUA, não raro, leva investidores a minguarem o fluxo para emergentes, vendo que, por lá, há oportunidades com “riscos menores”. 

Nesta quarta, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram, respectivamente, 0,82%, 1,61% e 2,23%, na esteira de um tom mais duro do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que disse não acreditar em um corte de juros em março

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Mesmo assim, o dia foi marcado por um recuo dos treasuries yields, com o para dez anos perdendo 13 pontos-base, a 3,927%, após Relatório Nacional de Emprego da ADP mostrar que em dezembro foram criados 107 mil postos de trabalho no setor privado norte-americano, bem abaixo dos 145 mil postos esperados por economistas. O número sinaliza um desaquecimento da economia norte-americana.