Ibovespa sobe, mas ganhos são limitados com ceticismo sobre acordo EUA-China; dólar vai a R$ 4,12

Mercado teve alta nesta segunda, puxado pelo alívio na guerra comercial e à espera de votações no Congresso

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – O Ibovespa fechou em alta nesta segunda-feira (14) e marcou seu quarto pregão consecutivo de ganhos. No radar, depois de semanas de muita instabilidade no exterior por conta da guerra comercial, o alívio gerado na sexta pelo acordo parcial entre Estados Unidos e China trouxe otimismo no mercado, apesar de haver um ceticismo com a proposta.

Lá fora, esta cautela levou os índices americanos a terminarem o dia com leves perdas, movidos também por uma realização dos ganhos recentes, enquanto a Bolsa por aqui conseguiu manter com mais afinco a alta. Os investidores daqui esperam pela aprovação da cessão onerosa no Senado amanhã.

Se for confirmada, destravará o Congresso como é amplamente esperado. Do contrário, um atraso pode significar uma frustração do calendário atual, que prevê a votação da reforma da Previdência em segundo turno no plenário do Senado no dia 22.

O Ibovespa teve valorização de 0,45% a 104.301 pontos, fechando na máxima da sessão, com volume financeiro negociado de R$ 10,714 bilhões.

Enquanto isso, o dólar comercial registrou ganhos de 0,81% a R$ 4,1265 na compra e a R$ 4,1285 na venda. O dólar futuro para novembro subia 0,54% a R$ 4,134.

No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança dois pontos-base a 4,57% e o DI para janeiro de 2023 registra queda de três pontos-base a 5,54%.

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Sobre a guerra comercial, os investidores seguem animados com o acordo parcial entre EUA e China, mas temem desdobramentos que desmintam o cenário de euforia precificado na última sexta-feira (quando o Ibovespa subiu 1,98%).

De acordo com notícia da Bloomberg, a China quer mais conversas até o fim de outubro para acertar os detalhes da “primeira fase” (palavras do presidente americano, Donald Trump) do acordo comercial antes do presidente chinês, Xi Jinping, assiná-lo.

O jornal China Daily celebrou o acordo, mas lembrou que Trump não tem sido constante nas negociações e antecipou a possibilidade de que haja uma quebra da sua parte no contrato.

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Entre os principais pontos do acordo comercial estão o entendimento nas áreas cambial, de propriedade intelectual, de serviços financeiros e o aumento entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões das compras chinesas de produtos agrícolas norte-americanos.

Pelo Twitter, na noite de domingo, Trump escreveu que concordou em não elevar as tarifas de 25% para 30% em 15 de outubro e que o “relacionamento com a China é muito bom”.

“Terminamos a grande parte da fase um do negócio e seguiremos diretamente para a fase dois. O contrato da fase um pode ser finalizado e assinado em breve”, tuitou Trump, acrescentando que, pelo acordo, a China começará a comprar grandes quantidades de produtos agrícolas “imediatamente”, sem esperar que os termos sejam assinados, nas próximas três ou quatro semanas.

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Entre os indicadores desta segunda, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) avançou 0,07% em agosto na comparação mensal, contra 0,2% esperados pelos economistas do consenso Bloomberg. O dado é considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB).

Relatório Focus

O mercado financeiro manteve as projeções de crescimento do PIB para 2019 em 0,87% e 2% em 2020, apontou o Relatório Focus do Banco Central desta segunda-feira.

Já a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu de 3,42% em 2019 para 3,28%. Para 2018, a mediana das previsões também caiu, de 3,78% para 3,73%.

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A perspectiva para a taxa básica de juros Selic foi mantida em 4,75% para este ano, mas cortada de 5% para 4,75% em 2020.

China

Foram divulgados dois indicadores importantes da China hoje, a balança comercial e o Índice Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) industrial oficial.

No caso do primeiro, em dólares, as exportações chinesas recuaram 3,2% em setembro, enquanto as importações caíram 8,5%. Apenas aos EUA, as vendas externas diminuíram 17% e as compras retraíram-se 20%.

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Já o PMI veio em 49,8 pontos em setembro, acima da estimativa do consenso Bloomberg, que apontava para 49,6 pontos.

Noticiário Corporativo

A Petrobras (PETR3; PETR4) fechou a venda à Imetame Energia Lagoa Parda da totalidade de suas participações dos campos terrestres do Polo Lagoa Parda, próximo ao município de Linhares (ES), pelo valor de US$ 9,372 milhões, que serão pagas em duas parcelas. A produção média atual do polo é de aproximadamente 300 barris de óleo por dia e 5,5 mil m³/dia de gás.

A Natura (NATU3) divulgou detalhes sobre o processo em que a recém-criada holding Natura&Co passará a abrigar as operações atuais de cosméticos e também as operações que serão agregadas após a compra da norte-americana Avon. A previsão é de que esse processo custe R$ 349 milhões, incluindo avaliações, publicações, assessoria jurídica e demais assessorias, segundo comunicado do grupo.

A American Airlines Group disse que está negociando uma possível parceria com a Gol (GOLL4). Uma porta-voz afirmou que a companhia aérea americana está “sempre procurando parceiros em potencial”. A Gol se recusou a comentar. A American afirmou que estava negociando um acordo que poderia “integrar voos entre as duas companhias aéreas na América Latina”.

A Folha destacou que, para estimular governadores a vender companhias estaduais de saneamento, o Ministério da Economia fez um estudo em que detalha o potencial de ganho aos cofres públicos com as privatizações. Segundo a publicação, o documento conclui que a meta de universalização do saneamento básico até 2033 só será cumprida desta maneira. Para o governo, as empresas de saneamento valeriam até R$ 140 bilhões.

(Com Agência Estado, Agência Brasil e Bloomberg)

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.