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Ibovespa sobe 1,99% e supera os 119 mil pontos, no maior nível desde outubro, em dia de Fomc e após boa notícia da S&P

Agência de risco vê economia do Brasil crescendo mais e com trajetórias fiscal e monetária controladas no futuro próximo

Vitor Azevedo

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O Ibovespa fechou em alta de 1,99% nesta quarta-feira (14), aos 119.068 pontos, perto das máximas do dia (de 119.084 pontos), no maior nível desde 21 de outubro de 2022 e se saindo melhor do que seus pares americanos. Em Nova York, o Dow Jones caiu 0,68%, enquanto o S&P 500 e o Nasdaq subiram, na sequência, 0,08% e 0,39%.

O principal índice da Bolsa brasileira viu seus ganhos acelerarem na última hora do pregão, após a S&P Global revisar sua perspectiva para a nota do Brasil de estável para positiva, com o rating de crédito soberano reafirmado em BB-/B -, enquanto repercutia a decisão de juros do Federal Reserve, o banco central americano.

De acordo com a agência de risco, o Brasil vem dando sinais mais estáveis quanto a sua trajetória futura no fiscal e na frente monetária. Além disso, o crescimento contínuo do Produto Interno Bruto (PIB) e a organização da política fiscal “podem resultar em um aumento menor da dívida do governo do que o inicialmente esperado”.

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“Tivemos um impulso no final por conta da mudança de perspectiva da S&P Global. Isso fez com que o real se fortalecesse, com que os juros baixassem. É surpreendente até a reavaliação acontecer de forma tão rápida”, diz Anderson Meneses, CEO da Alkin Research.

A curva de juros brasileira caiu em bloco, com a perspectiva de que investidores cobrarão menos prêmios para emprestar ao Brasil (e também para investir). Os DIs para 2024 recuaram cinco pontos-base, a 13,02%, e os para 2025, 11,5 pontos, a 11,07%. Os contratos para 2027 foram a 10,52%, com menos 22 pontos, e os para 2029, a 10,86%, com menos 27 pontos. As taxas dos DIs para 2031 ficaram em 11,07%, com menos 31 pontos.

Companhias ligadas ao cenário interno, com isso, foram destaques do Ibovespa. As ações preferenciais da Gol (GOLL4) subiram 11,8%, as ordinárias da Hapvida (HAPV3), 8,31%, e as ordinárias da Yduqs (YDUQ3), 9,86%. Preferenciais da Azul (AZUL4) e ordinárias da Locaweb (LWSA3) vêm  também no top 5, com mais 8,66% e 8,01%.

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O dia, antes disso, já era marcado por certa resiliência do índice, proveniente das altas das exportadoras de commodities. As ordinárias da Vale (VALE3) subiram 1,75%, na esteira de que a China irá estimular sua economia, e as ordinárias e preferenciais da Petrobras (PETR3;PETR4), ambas, 4,30%, com a percepção geral de menor interferência do governo na estatal.

Mas a alta do Ibovespa, durante a tarde, chegou a ser amenizada pelo discurso do Federal Reserve. Apesar de o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ter mantido a taxa de juros nos Estados Unidos, a sinalização de que novas altas não são descartadas pesou um pouco no mercados americano e brasileiro.

“O Comitê optou por manter a taxa básica de juros no intervalo estabelecido na última reunião de 5,00% – 5,25%. A manutenção veio em linha com o que esperávamos, acompanhada de um discurso que reforça o ambiente vigilante do Banco Central, ainda hawkish, na nossa opinião”, diz Rodrigo Romero, economista da Levante Investimentos. “No comunicado emitido logo após a decisão, o comitê sinalizou que a atividade econômica segue crescendo em um ritmo modesto e que o mercado de trabalho permanece apertado e, principalmente, notou-se inflação ainda persistente no período”.

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O anúncio fez a curva de juros americana subir na sua curva curta e cair na curva longa. Os treasuries yields para dois anos ganharam três pontos-base, indo a 4,69%, mas os para dez anos perderam 4,1 pontos, a 3,798%.

A sinalização de que a autoridade monetária será mais dura pesou de forma diferente nos índices. O Dow Jones, muito ligado à economia real, caiu, com a perspectiva de que o crescimento será menor no curto prazo, com a possibilidade até mesmo de uma recessão. S&P 500 e Nasdaq, mais ligadas à perspectivas futuras, avançaram, com a projeção de que um Fed mais duro agora evita problemas maiores no futuro.

O dólar perdeu força frente ao real, com queda de 1,14%, a R$ 4,806 na compra e a R$ 4,807 na venda. O DXY, índice que mede a força da divisa americana frente a outras de países desenvolvidos, caiu 0,31%, aos 103,01 pontos.