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O Ibovespa fechou em alta de 1,62% nesta quarta-feira (15), aos 109.600 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira repercutiu, em grande parte, notícias provindas do cenário interno.
Hoje, em evento com executivos, o ministro da Fazenda Fernando Haddad sinalizou que o Governo Federal pretende antecipar a apresentação do novo arcabouço fiscal para março – sendo que antes as projeções eram de que as discussões só começariam em abril. Isso em um contexto de pressão do governo sobre o Banco Central para mudar as metas inflação, que tem pressionado o mercado nos últimos dias.
“O tom conciliador entre as partes deu fôlego ao Ibovespa, que conseguiu avançar mesmo em dia de volatilidade das bolsas norte-americanas. Pelo lado do governo, Fernando Haddad afirmou ontem que as metas de inflação não estão na pauta do CMN [Conselho Monetário Nacional] e hoje disse que a proposta para o novo arcabouço fiscal será antecipada para março. Já Roberto Campos Neto [presidente do Banco Central] repetiu que é preciso disciplina fiscal com olhar especial para o social”, explica Alexsandro Nishimura, economista e sócio da Nomos.
Além disso, no mesmo evento, Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados, voltou a afirmar que não há “nenhuma possibilidade de mudança em relação à autonomia do BC.
A curva de juros, com isso, caiu em bloco. As taxas dos DIs para 2024 perderam 14,5 pontos-base, a 13,28%, e as dos DIs para 2025, 21 pontos, a 12,61%. Os contratos para 2027 também tiveram seus rendimentos recuando 21 pontos, indo a 12,88%, e os para 2029, 13 pontos, a 13,23%. Os DIs para 2031, por fim, perderam 14 pontos, a 13,37%.
“A definição de uma âncora fiscal crível pode trazer menor pressão sobre o Banco Central e desviar o foco de uma discussão rasa e politizada sobre a condução da política monetária”, complementa Nishimura. “Na política, há um risco fiscal iminente e os investidores estão preocupados com isso. A ideia de antecipar a discussão, segundo Haddad, foi de Simone Tebet [ministra do Planejamento e Orçamento] e Geraldo Alckmin [ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço]. Após as falas, a curva de juros passou a cair forte”, acrescenta Fabrício Gonçalvez sócio fundador da Box Asset Management.
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As maiores altas do Ibovespa, refletindo o recuo dos juros, ficaram para companhias e crescimento e ligadas ao mercado interno. As ações ordinárias da Hapvida (HAPV3) subiram 7,64%, as da MRV (MRVE3), 5,85% e as da Via (VIIA3), 5,58%.
Em Nova York, o dia não foi de tendência exata como no Brasil. Os índices oscilaram por boa parte do dia, mas acabaram fechando no verde, com o Dow Jones subindo 0,11%, o S&P 500, 0,28% e o Nasdaq, 0,92%.
“O mercado externo segue refletindo os dados do Payroll e do índice de preços ao consumidor, que associados aos dados de vendas no varejo de hoje irão exigir que o Federal Reserve mantenha a postura ‘hawkish’, e sinalizam uma trajetória mais longa e duradoura para o ciclo de alta de juros, a fim de trazer a inflação para a meta”, comenta Leandro De Checchi, analista de Investimentos da Clear.
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Hoje, mais cedo, foi divulgado que as vendas de varejo nos Estados Unidos cresceram 3% em janeiro, bem acima da expectativa de 1,8% – o que pesou nos benchmarks, com o temor de que os juros, por lá, ficarão altos por mais tempo para controlar a economia muito aquecida (que gera inflação).
Os treasuries yields voltaram a ter tendência de alta. Os para dez anos ganharam 3,8 pontos-base, a 3,799%, e os para cinco anos, somaram três pontos em suas taxas, fechando a 4,033%.
O dólar, com isso, ganhou força mundialmente. O DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas de países desenvolvidos, subiu 0,60%, aos 103,84 pontos. Frente ao real, o dólar ganhou 0,41%, a R$ 5,219 na compra e R$ 5,220 na venda, apesar da melhora do cenário interno.