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Ibovespa sob pressão? Cautela impera com Selic e juros altos por mais tempo nos EUA

Após correção do último rali de fim de ano, mercado mostra desconfiança com cortes de juros nos EUA

Leonardo Guimarães

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Após um rali, que levou o Ibovespa a superar os 137 mil pontos, no final de agosto, um misto de correção e cautela passou a tomar conta da bolsa brasileira. Desde sua máxima histórica, um novo cenário passou a se desenhar, com uma alta dos juros no Brasil e um ciclo de cortes nos EUA que não deve derrubar as taxas tanto quanto o mercado apostava até poucas semanas atrás.

Isso porque, lá fora, a bateria de dados do mercado de trabalho nos EUA, divulgada na semana passada, fez com que os agentes chegassem a um consenso: o ciclo de corte de juros na maior economia do mundo deverá ser mais suave. Antes, cortes mais agressivos, de 0,50 p.p., ainda estavam sobre a mesa. Hoje, essa opção é pouco provável. 

Por aqui, o mercado está aceitando a ideia de um ciclo de aperto monetário intenso, que vai elevar a Selic de 10,50% ao ano para 12,50%, já em março do ano que vem. Semana passada, por exemplo, o Santander aumentou sua projeção para os juros básicos e alinhou a estimativa em 2024 à do Boletim Focus.

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“O tom da comunicação (do Copom) e, acima de tudo, a piora das suas projeções de inflação” motivaram a revisão do banco, diz relatório. 

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Ibovespa: em modo cautela

Thomas Gibertoni, especialista em investimentos da Portofino Multi Familt Office, diz que as projeções mais altistas de juros “podem fazer com que a sazonalidade não seja tão positiva neste fim de ano”. Para a casa, o Ibovespa “deveria estar mais alto”, mas a posição é “cautelosamente positiva”. 

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Na Genial Investimentos, a expectativa é virar o ano com a Bolsa em 139 mil pontos, o que demandaria um rali bem menor do que o do ano passado, de cerca de 5,7%, considerando o nível atual do Ibovespa, em 131 mil pontos.

O otimismo não é tão forte quanto no ano passado porque “há o risco de o Fed precisar revisar o quanto vai dar para cortar nos juros”, diz Lucas Farina, analista econômico da Genial Investimentos.

Oriente Médio

Adicionalmente, existe outro ponto de atenção no cenário, que é o conflito no Oriente Médio, que gera pressão sobre o preço do petróleo. Dessa forma, o que poderia ser uma notícia boa para as petroleiras, como a Petrobras (PETR4), chega nos EUA como preocupação, já que “os preços da commodity lá são livres e batem direto na inflação”.

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Isso, segundo Farina, pode fazer com que o último trimestre de 2024 seja parecido com o primeiro, que terminou com a Bolsa em queda. Nos dois últimos meses de 2023, o Ibovespa saltou 17,5%, mas encerrou o primeiro semestre deste ano com queda de 7,66%.  

Gastos públicos

A alta do Ibovespa também deve seguir limitada pelos gastos públicos no Brasil. Para a Monte Bravo, o início do ciclo de aperto monetário “reduz o risco de inflação e deveria favorecer uma acomodação da curva (de juros), mas o risco fiscal segue acrescentando prêmio”.

Ou seja, a falta de sinalização do governo de que vai cortar gastos para estancar o endividamento continuará trazendo desconfiança aos ativos brasileiros e gerando a necessidade de juros altos. 

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Lucros das empresas

Por fim, o Itaú BBA calculou o impacto de uma Selic média de 12% em 2025 nas suas projeções de lucro de empresas brasileiras. As companhias que a casa acompanha teriam redução de 1,2% na estimativa de lucro por ação com os juros mais altos.

Isso demonstra o quanto os juros elevados impactam nas empresa e porque o otimismo do mercado está mais contido neste fim de ano.

A esperança, portanto, de um rali ainda em 2024 vem da concentração de mais de 60% do Ibovespa em commodities e bancos, que devem ser menos afetados pela Selic.