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O Ibovespa fechou nesta terça-feira (6) com alta de 1,70%, aos 114.610 pontos. O principal índice da Bolsa brasileira, com isso, fechou no seu maior nível desde oito de novembro de 2022, e no maior patamar de 2023, impulsionado por fatores como o ganho de força da projeção de que o Brasil irá cortar suas taxas, as expectativas de pausa de alta dos juros nos Estados Unidos e a alta do minério de ferro.
Em junho, o Ibovespa agora já acumula uma alta de 5,79%, com todos os pregões no verde – e investidores, cada vez mais, veem que os ativos de risco do Brasil podem estar passando por uma mudança de ciclo.
O real segue o mesmo caminho e também se valoriza. A moeda americana caiu 0,37% frente a brasileira nesta terça, a R$ 4,912 na compra e na venda. No primeiro pregão do mesmo, a divisa era negociada a R$ 5,005.
Veja os motivos que embasaram os ganhos na sessão:
1. Inflação no Brasil dá cada vez mais sinais de arrefecimento
Em grande parte, o recuo da inflação no Brasil é o que sustenta a tese de que o Ibovespa pode passar por um rali. Hoje, a publicação do IGP-DI de maio trouxe uma queda de 2,33%, ante recuo de 1,01% em abril, reforçou essa crença. Além disso, o mercado aguarda a divulgação do IPCA de maio, que acontece amanhã.
“Temos também empresas de educação, o setor de aviação e as construtoras subindo devido à queda da curva de juros futuros, que agora que está bem acentuada. Essa queda vem já de alguns dias e é reforçada hoje após a divulgação de dados do IGP-DI, que veio bem melhor que o esperado, trazendo deflação”, comenta Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos.
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A curva de juros brasileira recuou em bloco. Os DIs para 2024 perderam três pontos-base, a 13,13%, e os para 2025, 7,5 pontos, a 11,24%. As taxas dos contratos para 2027 ficaram em 10,52%, com menos 3,5 pontos, e as dos contratos para 2029, em 10,83%, com menos seis pontos. Os DIs para 2031 perderam sete pontos, a 11,07%.
“O Ibovespa teve alta forte, de quase 2%, no quarto pregão seguido, atingindo o maior nível desde o final de janeiro. O bom humor se deu depois da divulgação do IGP-DI de maio, que registrou queda de 2,33% na base mensal (-5,49% a/a), bem abaixo da mediana das expectativas de mercado (-1,93% mês a mês), aumentando as expectativas de corte da Selic já no terceiro trimestre”, fala Mariane Vas, coordenadora de Economia no Gorila.
Entre as maiores altas do Ibovespa, por isso, ficaram companhias ligadas ao mercado interno, de crescimento e mais alavancadas. As ações ordinárias da Locaweb (LWSA3) ganharam 10,15%, seguidas das preferencias da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4), com mais 10,50% e 8,35%. As ON da MRV (MRVE3) subiram 7,34%.
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“Os economistas estão atentos à possível desaceleração da inflação brasileira em maio, o que pode influenciar as próximas decisões do Banco Central sobre política monetária. As projeções de diferentes instituições financeiras apontam para um aumento mensal do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) variando entre 0,29% e 0,34%. Os cortes nos preços dos combustíveis são apontados como um fator que impactará o IPCA, mas espera-se que o efeito principal seja sentido em junho”, avalia Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management.
2. Federal Reserve
Nos Estados Unidos, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq ganharam, na sequência, 0,03%, 0,24% e 0,36%. Por lá, as perspectivas de que o Federal Reserve pode pausar a alta dos juros na sua próxima reunião, que acontece na próxima semana, ganhou força após a divulgação de dados macroeconômicos recentes – que trouxeram também que a economia, até então, não desacelerou tanto.
“De olho na economia dos Estados Unidos, o Federal Reserve pode aumentar as taxas de juros durante o atual ciclo de política monetária. É válido mencionar que os dados econômicos estão se fortalecendo e há uma possibilidade de um ou dois aumentos adicionais”, comentou Gonçalvez. ” Embora haja expectativas de uma pausa na próxima semana, existe a probabilidade de um novo aumento em julho. Alguns analistas reduziram as expectativas de cortes nas taxas este ano e mencionaram que, se ocorrerem, provavelmente serão adiados para 2024″.
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“Nos EUA, paira um clima de especulação em relação à próxima reunião do Fed. Os dados do Payroll vieram mistos e não foram decisivos. Mas ainda assim, acredito em juros estáveis na próxima reunião. Não há nenhum dado alarmante, na minha visão, que faça com que o Fed tenha que voltar a subir os juros”, defende Rodrigo Cohen.
3. Minério de ferro e commodities também puxam Ibovespa
Por fim, foram destaque entre as altas do Ibovespa as ações ligadas ao setor de siderurgia e mineração, com exceção da Vale (VALE3), que subiu durante a manhã mas perdeu força durante o dia, fechando praticamente estável. Outras exportadoras de commodities também avançaram. As ordinárias da CSN (CSNA3) ganharam 2,09%, as ordinárias da 3R Petroleum (RRRP3), 1,27%. Ordinárias e preferencias da Petrobras subiram, respectivamente, 2,03% e 2,11%.
O minério de ferro ampliou seu rali com esperanças de estímulo na China. Os futuros para setembro negociados na bolsa de Dalian da China encerraram as negociações diurnas com alta de 1,3%, a US$ 107,7. Já as petroleiras subiram a despeito do recuo do petróleo, com o barril Brent perdendo 0,80%, a US$ 76,10.
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“O preço do minério de ferro teve um significativo aumento impulsionado por dois fatores principais. Primeiro, a demanda de aço na China apresentou uma melhora expressiva. Além disso, houve expectativas de que o governo chinês implementasse políticas de estímulo econômico para impulsionar a economia”, diz o CEO da Box Asset Management.
“Também ajudou no mercado local a alta das ações da Petrobras, que resistiram à queda do petróleo internacional. Os investidores estrangeiros ainda estão céticos quanto aos efeitos do corte de produção anunciado pela Arábia Saudita (um milhão de bpd a partir de julho), em meio à perspectiva de demanda enfraquecida”, fala Mariane Vas.